Nunca antes tantos brasileiros investiram na Bolsa – e não é só jeito de falar. A B3, Bolsa de Valores brasileira, atingiu, em 2023, 5,74 milhões de investidores com contas ativas. Para se ter uma ideia, em 2018, existiam cerca de 700 mil investidores pessoas físicas na Bolsa. Isso significa todo um universo de novos investidores no mercado.
De 2023 para cá, esse aumento foi mais lento. Até junho de 2024, a Bolsa registrava 5,9 milhões de contas ativas em renda variável.
Mas por que as pessoas entram na Bolsa?
Existem algumas hipóteses para esse movimento. Entre 2016 e janeiro de 2021, a principal delas foi a diminuição das taxas de juros no Brasil. Pessoas que costumavam deixar seu dinheiro em aplicações de baixo risco foram vendo sua rentabilidade cair progressivamente com a queda da taxa Selic, que chegou a ficar em 2% ao ano, e se voltaram à Bolsa para tentar retornos melhores. A partir de 2021, contudo, a taxa de juros começou a subir novamente, até atingir 13,75% ao ano, em agosto de 2022. Ainda assim, as pessoas continuaram a entrar na Bolsa. Afinal, foi exatamente em 2022 que a Bolsa atingiu a marca histórica de 5 milhões de CPFs registrados. Entrar na Bolsa, por si só, não é necessariamente um problema. Investir em ações e outros investimentos de renda variável é um caminho para ter um rendimento melhor e multiplicar ainda mais o patrimônio.Mas também é muito fácil para novos investidores (ou até os mais experientes) tomarem más decisões em um mercado com riscos maiores.Quem começa a se aventurar neste universo precisa ser cauteloso e estar atento para não acabar perdendo seu dinheiro.
Qual a relação entre a Selic e a entrada de mais pessoas na Bolsa?
A Selic é a taxa de juros básica da economia, é determinada pelo Banco Central, serve como referência para diversas outras taxas e interfere em uma série de aspectos da economia – entre eles, a rentabilidade de aplicações em renda fixa. A renda fixa é uma modalidade de investimentos com retorno previsível. Na maioria das vezes, os rendimentos desse tipo de aplicação são atrelados a algum índice – como a própria Selic, o IPCA ou o CDI. Eles são considerados investimentos de baixo risco e, via de regra, têm proteção do FGC. A poupança é outro exemplo: seu rendimento varia de acordo com a Selic. Ou seja, uma taxa Selic alta representa retornos igualmente altos nestes investimentos. Quando ela cai, por outro lado, o rendimento também despenca. Em outras palavras: quanto maior a Selic, mais atrativos são os investimentos em renda fixa, e a Bolsa fica em segundo plano para muitos investidores. E quanto menor é a taxa de juros, menores ficam os rendimentos da renda fixa e, por consequência, os investidores voltam para a Bolsa, em busca de maiores rendimentos.A Selic variou muito nos últimos anos: após fechar 2016 em 13,75%, ela foi diminuindo ano a ano até chegar a 2% em agosto de 2020, menor valor da história. Depois, por causa da inflação, o Banco Central subiu a Selic até 13,75% e a manteve nesse patamar por sete reuniões seguidas. Agora, em dezembro de 2024, a taxa de juros está em 12,25% ao ano.Na prática, se você colocasse R$ 1 mil em um investimento com rendimento de 100% da Selic, em agosto de 2020, quando os juros estavam em seu menor nível histórico (2%) você teria R$ 1.020,00 em um ano. Hoje, com a Selic a 12,25% ao ano, esses R$ 1 mil, em um ano, virariam R$ 1.122,50 - sem contar os descontos do Imposto de Renda e outras taxas.
Riscos e vantagens para novos investidores
A Bolsa de Valores é o mercado onde são negociados ações, moedas estrangeiras, juros futuros e uma série de outros investimentos em renda variável – aqueles em que não há uma garantia de rentabilidade. Por serem mais arriscados, eles tendem a ser mais lucrativos – quando tudo dá certo, é claro.Mas o grande risco para investidores pouco experientes é prestar mais atenção à promessa de lucro do que à possibilidade de prejuízo.No início da pandemia do coronavírus, a Bolsa de Valores brasileira teve quedas drásticas. Naquele momento, a internet se inundou com supostos especialistas dizendo que aquele era o momento certo de investir – um “saldão” da Bolsa, que só tenderia a subir. Acontece que o mercado é incerto, as circunstâncias podem mudar da noite para o dia e quem não tem experiência como investidor não deve nunca cair em dicas que prometem soluções fáceis – se fosse fácil de verdade, todo mundo ganharia. Segundo a B3, novos investidores costumam cometer três erros comuns:
- Comprar ações de uma empresa antes de pesquisar sobre ela;
- Avaliar uma ação considerando apenas seu preço inicial;
- Deixar-se levar pela opinião de quem não é especialista.