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O que é IPCA e como esse índice da economia afeta o seu bolso

Entenda o que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para que ele serve, como é calculado e como se relaciona com a Selic.

IPCA: Ilustração de notas de real dobradas como avião de papel com fundo roxo, voando da direita para a esquerda

Vira e mexe o IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, aparece nas notícias para mostrar o impacto da inflação no bolso das pessoas. O tomate que subiu, a fruta da estação que caiu, o combustível que ficou mais caro… Mas o que é IPCA, afinal? Como ele funciona e é calculado? E como ele se relaciona com outras taxas, como a Selic

Entenda essas e outras questões sobre o IPCA abaixo.

O que é IPCA? O que significa essa sigla?

O IPCA (sigla para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é o índice oficial da inflação no país. Como o próprio nome sugere, ele indica a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços para o consumidor final (refletindo o consumo pessoal das famílias).

Por exemplo: o quanto aumentou ou baixou o preço do feijão, do quilo de tomate e de outros bens.

O IPCA é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Vitória, bem como de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

Apesar de não ser calculado em todo o país, o índice é de abrangência nacional – ou seja, vale para todas as regiões e cidades.

Para que serve o IPCA?

O IPCA serve para medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população, segundo o IBGE. Em outras palavras, com ele é possível saber se os valores aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.

E que produtos são esses?

Eles são definidos pela Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, que avalia o que as pessoas consomem e quanto do rendimento familiar é gasto com cada produto. Por exemplo arroz, feijão, combustível, consulta médica, material escolar, entre outros.

Ou seja: o IPCA considera não só a variação de preços de cada item, mas também o peso que cada um tem no orçamento das famílias. Assim, fica mais fácil entender o impacto disso no bolso das pessoas.

IPCA e IGP-M: o que são e quais as diferenças entre eles?

Como é calculado o IPCA?

O IPCA é calculado com base em um levantamento mensal feito pelo IBGE de aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais. Esses valores são comparados com os preços do mês anterior para chegar na variação geral de preços ao consumidor em um período específico.

Essa cesta de produtos engloba diferentes categorias:

  • Alimentação e bebidas (como carnes, cebola, tomate e frutas);
  • Habitação (como energia elétrica, gás encanado e taxa de água e esgoto);
  • Artigos de residência (como mobiliário, utensílios, eletrodomésticos e TV);
  • Vestuário (como calçados e acessórios, roupas masculinas e roupas femininas);
  • Transportes (como combustíveis e transporte público);
  • Saúde e cuidados pessoais (como produtos farmacêuticos, plano de saúde e serviços médicos);
  • Despesas pessoais (como serviços pessoais e lazer);
  • Educação (como cursos regulares, leitura e papelaria);
  • Comunicação (como telefonia celular e internet).

Basicamente, o IPCA reflete o custo de vida de famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos de 13 regiões metropolitanas e 3 municípios brasileiros: 

  • São Paulo
  • Belo Horizonte
  • Rio de Janeiro
  • Porto Alegre
  • Curitiba
  • Salvador
  • Goiânia
  • Brasília
  • Recife
  • Belém
  • Fortaleza
  • Vitória
  • São Luis
  • Campo Grande
  • Aracaju
  • Rio Branco

Para isso, o IBGE faz a coleta de dados entre o primeiro e o último dia de cada mês em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços e concessionárias de serviços públicos (como energia elétrica e água) e internet.

Quando é divulgado o IPCA?

O IPCA é divulgado mensalmente pelo IBGE referente ao mês anterior. Em julho, por exemplo, é divulgado o índice de junho; em junho, o de maio; e assim em diante. Com isso, é possível analisar tanto o IPCA mensal quanto o acumulado (por trimestre, semestre ou ano, por exemplo).

Quanto está o IPCA hoje?

O último IPCA divulgado foi o de janeiro de 2024, que variou 0,42%. No ano de 2023, o índice registrou alta de 4,62%, acima da meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil, mas dentro do intervalo de tolerância, chamada de teto da meta.

Confira como ficou a inflação, mês a mês, em 2023.

MêsIPCA mensal
Janeiro0,53%
Fevereiro0,84%
Março0,71%
Abril0,61%
Maio0,23%
Junho- 0,08%
Julho0,12%
Agosto0,23%
Setembro0,26%
Outubro0,24%
Novembro0,28%
Dezembro0,56%
Acumulado do ano4,62%
Fonte: IBGE

IPCA de 2022

MêsIPCA mensal
Janeiro0,54%
Fevereiro1,01%
Março1,62%
Abril1,06%
Maio0,47%
Junho0,67%
Julho- 0,68%
Agosto- 0,36%
Setembro- 0,29%
Outubro0,59%
Novembro0,41%
Dezembro0,62%
Acumulado do ano5,79%
Fonte: IBGE

IPCA de 2021

MêsIPCA mensal
Janeiro 0,25%
Fevereiro 0,86%
Março 0,93%
Abril 0,31%
Maio 0,83%
Junho 0,53%
Julho 0,96%
Agosto 0,87%
Setembro 1,16%
Outubro 1,25%
Novembro 0,95%
Dezembro 0,73%
Acumulado do ano10,06%
Fonte: IBGE
Inflação: um círculo roxo que é acompanhado de duas agulhas, uma com a palavra Selic em cima e outra com a palavra Impostos.

Por que o IPCA é considerado o índice de inflação?

Simples: a inflação é definida como um aumento generalizado ou contínuo dos preços na economia de um país. Como o IPCA reflete exatamente essa variação nos preços, ele funciona como medidor de como está a inflação do país, e indica se está próxima ou longe da meta definida para o ano.

Além de impactar diretamente seu bolso com itens do dia a dia, o IPCA também afeta a rentabilidade de alguns investimentos pós-fixados que estão atrelados a ele. Títulos do Tesouro Direto, como o IPCA+, e alguns CDBs, por exemplo, são alguns deles.

Qual a diferença entre IPCA e INPC?

Enquanto o IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o INPC é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Ou seja, a diferença entre IPCA e INPC está na palavra amplo. 

E pode parecer um detalhe mas não é. 

O IPCA indica a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. Ou seja: ele representa uma grande parcela da população.

Já o INPC, por outro lado, indica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Como essas pessoas tendem a gastar todo o dinheiro com itens básicos (como alimentação e transporte), elas são mais afetadas pelas variações de preços, segundo o IBGE.

Existem outros índices de inflação?

Sim, além do IPCA e do INPC, o IBGE também produz outros quatro índices de inflação: IPCA-15, IPCA-E, IPP e SINAPI. Entenda mais abaixo:

  • IPCA-15: o período de coleta de dados, em geral, acontece entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês de referência (16 de junho e 15 de julho, por exemplo) – enquanto o IPCA vai do primeiro ao último dia do mês. Por isso, o IPCA-15 funciona como uma prévia;
  • IPCA-E: é o acumulado do IPCA-15 por trimestre (ou seja, por três meses);
  • IPP: sigla para Índice de Preços ao Produtor, é um índice voltado para a indústria que mede a variação de preços de venda recebidos por produtores de bens e serviços;
  • SINAPI: sigla para Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil, este índice é produzido em parceria com a Caixa Econômica Federal e mede a variação de preços para o setor habitacional e de construção. 

Além deles, outros dois índices de inflação bem importantes produzidos por outras instituições são o IGP-M e o IPC-Fipe:

  • IGP-M: o Índice Geral de Preços do Mercado é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é formado por três índices diferentes que medem os preços por atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M) e de construção (INCC). Geralmente, o IGP-M é usado para reajustar contratos de aluguel e seguros de saúde;
  • IPC-Fipe: o Índice de Preços ao Consumidor calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mede a variação de preços apenas no município de São Paulo. Além disso, ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda de 1 a 10 salários mínimos.

Falando em inflação, o que causa o aumento nos preços?

A inflação pode ser de curto prazo (aumentar em um mês) e de longo prazo (aumentar continuamente ao longo de um ano, por exemplo). As causas são diferentes em cada um desses casos.

Vale lembrar que esses são movimentos cíclicos da economia, nos quais uma ação afeta a outra. Nem sempre é possível isolar as causas de uma variação inflacionária. Abaixo, saiba as causas geralmente associadas à inflação.

Causas da inflação no curto prazo

Algumas das causas da inflação no curto prazo podem ser o aumento na demanda ou dos custos de produção. Entenda:

Aumento na demanda

Se o número de pessoas querendo um determinado item aumenta muito rápido, fica difícil garantir o fornecimento para todos. Nesse caso, dizemos que a demanda ficou maior do que a oferta. Quando isso acontece, o preço tende a subir para diminuir o número de pessoas interessadas em comprar aquele item, gerando inflação.

Isso também pode acontecer quando há maior disponibilidade de crédito: com maior poder de compra, as pessoas conseguem gastar mais (aumentando a demanda geral).

Aumento nos custos de produção

A inflação também pode aparecer quando fica mais caro produzir um produto ou oferecer um serviço (como quando o preço da farinha de trigo aumenta e o pãozinho fica mais caro, sabe?). 

Com custo maior, a produção de um item pode ser menor e, com isso, a oferta (ou quantidade daquele produto disponível) cai. Ou pode ser que os preços aumentem para cobrir todos os custos extras. Existe inflação em ambos os casos.

Causas da inflação no longo prazo

Já no caso das causas da inflação no longo prazo, podemos considerar a emissão de moeda e a diminuição da taxa de juros.

Emissão de papel-moeda

Algumas ações do governo também podem fazer com que a inflação aumente. Quando os gastos são maiores do que os arrecadamentos, por exemplo, pode ser necessário “imprimir” mais dinheiro – ou seja, emitir mais moeda – para pagar as contas.

Essa emissão faz com que o volume de dinheiro seja maior que a oferta de produtos e serviços. Com isso, os preços podem subir e gerar inflação.

Variação da taxa de juros

Quando o governo diminui a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira definida pelo Banco Central, os investimentos na poupança, em renda fixa e em títulos públicos passam a render menos. Além disso, os empréstimos no geral ficam mais baratos.

Essa é uma forma de estimular o consumo e a produção, já que as pessoas são desestimuladas a poupar e o crédito fica mais acessível. No longo prazo, crédito mais acessível aumenta o poder de compra, que diminui a oferta e pode acarretar no aumento da inflação.

E como a inflação (ou a variação do IPCA) afeta seu bolso?

Na prática, a inflação faz com que seu dinheiro perca valor, já que ele não acompanha as altas nos preços. Em outras palavras: se seu salário continua o mesmo e o valor dos produtos aumenta, você consegue comprar menos itens.

Além disso, a inflação muito alta também distorce os preços e as pessoas ficam com dificuldade de acompanhar o que está barato ou caro.

Em um cenário de hiperinflação (quando a inflação é muito alta e gera um descontrole dos preços), por exemplo, os valores chegam a aumentar todos os dias. Isso significa que a cada dia que passa, a moeda perde valor muito rápido.

Quais os investimentos atrelados ao IPCA?

Quando a inflação está em alta, você pode estudar investimentos que sobrevivem a escalada de preços. Conheça os principais:

Tesouro Direto

Quando você aplica no Tesouro Direto, está emprestando dinheiro ao governo.

Como existe uma variedade de títulos do Tesouro Direto, é importante conhecer e saber como cada um deles faz seu dinheiro crescer.  O Tesouro Selic (LFT) e o Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) são dois dos mais populares da modalidade.

O Tesouro Selic tem seus rendimentos balizados pela taxa básica de juros da economia, enquanto o Tesouro IPCA+ paga o IPCA do período mais uma taxa fixada. Atrelados a esse indicador, esses títulos garantem bons rendimentos.

LCIs e LCAs

As Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) são parecidas com os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). No entanto, LCIs e LCAs têm como objetivo dar crédito a segmentos específicos, no caso o imobiliário e o agronegócio. Dependendo do título, o rendimento pode ser atrelado ao CDI ou ao IPCA.

Quando a inflação e os juros estão em alta, as Letras de Crédito tendem a oferecer melhores rendimentos. Além disso, trata-se de um investimento protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante o pagamento do montante investido em caso de quebra da instituição que ofereceu o título. Por meio dele, é possível resgatar até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.

Fundos de Investimento

Alguns fundos de investimento em renda fixa também têm seus rendimentos atrelados ao IPCA. Contudo, é fundamental verificar como funciona cada fundo e quais são os índices que determinam a remuneração de cada cotista. Desse modo, é possível ter uma ideia real de ganho em relação ao investimento.

Qual é a relação entre o IPCA e a Selic?

A Selic é uma das ferramentas usadas pelo Banco Central para controlar a inflação, portanto ela afeta diretamente o IPCA.

Um exemplo prático: quando a Selic aumenta e o acesso ao dinheiro (crédito, empréstimos, financiamentos…) fica menor, o consumidor para de fazer gastos maiores. No longo prazo, essa estratégia controla a inflação por gerar menor demanda e, consequentemente, oferta mais barata.

Na prática, portanto, aumentar a Selic ou mantê-la estável é uma maneira de conter o aumento do IPCA.

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