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Selic acima de 14%: como fica a vida com a taxa básica de juros alta?

Bom para investidores, ruim para endividados? Entenda como fica a realidade dos brasileiros quando a taxa básica de juros está acima dos 14% ao ano.
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Você tem R$ 2 mil. Coloca em uma aplicação em renda fixa que rende 100% da Selic e não mexe mais. No fim do ano, ganhou R$ 285.

Soa maravilhoso? Assim era a vida do pequeno investidor em 2015, quando o Banco Central estabeleceu a Selic em 14,25% – a mesma taxa de juros estabelecida em 19 março de 2025.

Entre julho de 2015 e outubro de 2016, a taxa básica de juros da economia permaneceu nesse patamar – foram 10 ciclos de manutenção até o Copom começar a baixá-la. Hoje, a Selic voltou a 14,25% ao ano. 

“Ah, mas então a Selic alta é muito melhor!”. Bom… não é bem assim. Olhar para a Selic sozinha não dá o cenário completo. E entender o papel dela na economia é essencial para saber por que ela cai e sobe.

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O que é a Selic?

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Esse é um sistema operado pelo Banco Central que, de forma simplificada, cuida das negociações de títulos públicos federais. A taxa Selic é a taxa de juros aplicada nas operações diárias de financiamento com esses títulos.

Mas por que isso importa para as pessoas no dia a dia?

Porque a Selic é considerada a taxa básica de juros da economia. Isso significa que ela serve de base para inúmeras outras – os juros de um empréstimo ou o rendimento de uma aplicação, por exemplo.

A poupança, que apesar de oferecer uma das piores rentabilidades do mercado ainda é o investimento mais popular do Brasil, é um desses casos: atualmente, ela tem um rendimento fixo de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial. Mas, quando a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5%, a poupança passa a render 70% do valor da taxa de juros – se ela cai mais, a poupança também cai; se ela sobe até o limite de 8,5%, ela também sobe.

E por que a taxa Selic sobe e desce?

Quem mexe na taxa Selic é o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A cada 45 dias, ele se reúne para definir se a Selic vai subir, cair, ou permanecer igual.

O objetivo do Banco Central com esses movimentos da Selic é controlar a inflação. Ao mexer nos juros do mercado como um todo, ela ajuda a determinar se haverá mais ou menos dinheiro em circulação na economia – mexendo, portanto, no termômetro da inflação.

De modo geral:

  • Quando a Selic está alta, os rendimentos de aplicações em renda fixa sobem e as taxas de crédito e empréstimo ficam mais caras. A tendência é que as pessoas gastem menos, puxando a inflação para baixo.
  • Quando a Selic está baixa, aplicações seguras têm rendimento menor e o acesso ao crédito fica maior. A tendência é que as pessoas gastem mais, movimentando a economia e tendendo a puxar a inflação para cima.

Todo ano, o Banco Central coloca uma meta para a inflação e vai acompanhando a economia e olhando para o futuro. Ao mexer (ou não) na Selic, a intenção é manter a inflação o mais próxima possível da meta.

Outro fator altamente afetado pela taxa Selic é a quantidade de investimentos estrangeiros no país. Quando a taxa de juros está alta, a tendência é que investidores de outros países coloquem mais dinheiro no Brasil – afinal, os títulos públicos rendem mais.

Isso mexe na quantidade de dólares no país, que, por sua vez, também é um dos elementos que impactam a inflação. Quando a oferta de dólares no Brasil é alta, a cotação tende a cair. Quando ela é baixa, tende a subir. Um dólar mais alto do que o indicado favorece as exportações e tende a aumentar os preços por aqui, já que os produtores preferem vender para outros países em dólar garantindo mais lucro.

Voltando para a Selic alta

Levando isso tudo em consideração, sim, é verdade que a taxa Selic a 14,25% representava ganhos relativamente altos para riscos baixíssimos.

Afinal, na maioria dos casos, as aplicações em renda fixa possuem garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que devolve o seu dinheiro no limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, caso algo aconteça. Ou seja, as pessoas têm um amplo leque de investimentos com rentabilidade garantida e sem risco de perder seu dinheiro.

Só que, do outro lado da balança, a Selic alta torna a situação mais difícil para pessoas endividadas. Para quem precisa tomar um empréstimo ou fazer um parcelamento, o patamar das taxas de juros está mais elevado.

Vale lembrar, também, que, em 2016, a inflação estava bem alta: em julho de 2016, ela registrava um aumento de 8,74% em 12 meses – bem acima da meta de 4,5% daquele ano.

Em outras palavras: sim, o dinheiro rende mais com a Selic alta. Mas o poder de compra também se reduz e as dívidas, tanto de pessoas físicas, como de empresas e até do Governo aumentavam muito. Isso acontece porque os juros dessas dívidas também estão atrelados à Selic. Com dívidas maiores, o comprometimento da renda das pessoas e dos caixas das empresas e do Governo é maior. Dessa forma, sobra menos para investir. 

Resumindo: não existem soluções fáceis na economia e raramente a pergunta “é bom ou ruim” vai ter uma resposta diferente de “depende”, e os vários fatores a se considerar caso a caso.

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