O Brasil já pode ser considerado um país de empreendedores. Segundo a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), cerca de 42 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos estavam envolvidos com alguma atividade empreendedora em 2023. Mas, afinal, o que é empreendedorismo? O que é ser empreendedor? E quais são os tipos de empreendedorismo?
O que é empreendedorismo?
Apesar de ser um termo bastante utilizado no mundo dos negócios, empreendedorismo nada mais é que o ato de empreender – por em execução, fazer, realizar.
Pode ser começar uma empresa, um projeto no trabalho, uma ação no bairro: o importante é ter uma ideia e trabalhar para fazer acontecer.
Ou seja, empreender é colocar em prática uma ideia a partir de uma oportunidade ou um problema. E, como então, são gerados novos produtos, serviços e até novos mercados.
Quando surgiu o conceito de empreendedorismo?
O termo empreendedorismo existe há centenas de anos.
No século 17, os economistas franceses Jean Baptiste Say e Richard Cantillon foram pioneiros ao escrever sobre o assunto. Na época, eles afirmaram que empreendedor era aquele que reunia capacidade de produção, gestão e de assumir risco.
Já em 1942, no livro "Capitalismo, Socialismo e Democracia", o economista austríaco Joseph Schumpeter associou o empreendedorismo ao desenvolvimento econômico. Para ele, o empreendedor era responsável pelo processo de destruição criativa: destruir o velho para se criar novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados.
É por esse motivo que, até hoje, empreendedorismo está muito ligado à inovação e à descoberta de novas oportunidades. Mas você não precisa criar algo diferente para ser empreendedor.
O que é ser empreendedor?
Ser empreendedor – ou empreendedora – é ter um objetivo e trabalhar para alcançá-lo, mas encontrar diversos desafios no caminho, de acordo com a pesquisa Desafios dos Empreendedores Brasileiros.
Na prática, ser empreendedor é encontrar uma oportunidade, ter alguma ideia, e colocar em prática aquilo que planejou. O empreendedor gera algum impacto ao seu redor, seja porque abriu um espaço físico, resolveu algum problema, contratou alguém. Mas empreender não tem relação, necessariamente, com a geração de lucro.
Quem cria e coloca na rua um projeto social, sem fins lucrativos, por exemplo, também é uma pessoa empreendedora. Em resumo, ser empreendedor está mais ligado à realização de algum projeto.
Quais as características de um empreendedor?
Empreendedores compartilham algumas características em comum. Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), as principais são:
- Iniciativa;
- Perseverança;
- Coragem para correr riscos (na medida certa);
- Capacidade de planejamento;
- Eficiência e qualidade;
- Liderança;
- Boa rede de contatos.
Mas não existem regras. O importante é saber o que funciona melhor para cada negócio e ter jogo de cintura para lidar com as adversidades.
Quem pode empreender?
Não existe uma resposta certa para essa pergunta. A verdade é que, apesar de significar mais liberdade para trabalhar como quiser, empreender é um caminho repleto de desafios não óbvios para quem vê de fora.
Afinal, toda a responsabilidade sobre o negócio é do empreendedor. Se os resultados são bons, ele é responsável por garantir que permaneçam assim e melhorá-los. Se os resultados são negativos, é o empreendedor quem precisa trabalhar para reverter essa situação – até porque seu sustento pode depender disso.
Também é importante lembrar que, para quem empreende, esse caminho pode ser bem solitário. Por isso, vale entender seu perfil profissional antes de começar um negócio.
Para quem gosta de ter outras pessoas para dividir os ônus e os bônus da empresa, por exemplo, uma boa opção é procurar por sócios cujas habilidades sejam complementares.
De toda forma, empreender é um passo bem sério. Investir um tempo para entender se essa é a decisão certa pode te livrar de futuras dores de cabeça.
Quais são os tipos de empreendedorismo?
Assim como existem diversos tipos de empreendedores, também existem vários tipos de empreendedorismo. Ao longo dos anos, empreender deixou de ser algo estritamente ligado à criação de uma empresa e ganhou novas formas. Conheça algumas categorias de empreendedorismo:
- Empreendedorismo por necessidade e por oportunidade;
- Empreendedorismo social;
- Empreendedorismo digital;
- Empreendedorismo em série.
Saiba mais sobre cada um deles a seguir.
O que é empreendedorismo por necessidade e por oportunidade?
Segundo o Global Entrepreneurship Monitor, o empreendedor por oportunidade é aquele que identifica um terreno inexplorado e cria uma empresa para preencher este espaço. Ou seja, é aquela pessoa que consegue desenvolver a solução de um problema existente.
Já o empreendedor por necessidade é aquele que cria um negócio porque não encontra outra forma de ganhar dinheiro para se manter.
O que é empreendedorismo social?
Empreendedorismo social é a capacidade de criar negócios que resolvem um problema social ou ambiental, e ainda ganhar dinheiro com isso. Empreendimentos sociais não precisam de doação ou filantropia para se manter porque são, em essência, rentáveis.
Gerar impactos positivos em uma comunidade, ampliar perspectivas de pessoas que estão à margem da sociedade e promover a geração de renda é o que move o empreendedorismo social. Ou seja, nesse tipo de organização, o lucro existe para a manutenção do negócio e não para beneficiar sócios e acionistas – sobre esse tema, inclusive, há diversas linhas de pensamento. As principais são:
- Uma delas, liderada pelo economista, ganhador do prêmio Nobel da Paz e pioneiro no tema empreendedorismo social, Mohammad Yunus, defende que investidores de empreendimento social não devem ter direito ao lucro. Em outras palavras, investidores poderiam recuperar só o capital investido e o lucro deveria ser 100% reinvestido na empresa para a ampliação dos benefícios produzidos pelo negócio.
- A segunda corrente foi criada pelos professores da Universidade de Harvard, Stuart Hart e Michael Chu. Segundo eles, a distribuição do lucro entre os investidores seria permitida, porque isso possibilitaria a atração de novos investidores e recursos para a criação de novos negócios que busquem resolver desafios existentes no mundo.
Qual a diferença entre empreendedorismo social e ONGs?
É comum que algumas pessoas confundam os negócios sociais com as Organizações Não Governamentais (ONGs). Apesar dos dois tipos de instituições buscarem soluções para problemas socioambientais e promoverem melhorias para as comunidades, as ONGs não visam lucro e, normalmente, dependem de doações para se manter. O que não acontece no empreendedorismo social que, por premissa, gera lucro.
Como funciona o empreendedorismo social?
De acordo com o Sebrae, os negócios sociais seguem algumas políticas comuns, como:
- Trabalho em rede – o que significa criar parcerias que ampliem o impacto do negócio;
- Combate ao trabalho escravo, forçado ou infantil;
- Cuidado com a cadeia produtiva: isso envolve uma seleção e avaliação de fornecedores em todas as etapas da prestação de serviço ou produção de um bem, por exemplo;
- Preocupação e gerenciamento do impacto ambiental;
- Alinhamento do negócio com políticas públicas.
Qual o impacto do empreendedorismo social?
A partir dessas diretrizes, o empreendedorismo social gera alguns impactos positivos na sociedade, tais como:
- Incluir grupos de baixa renda ou em vulnerabilidade social na cadeia produtiva;
- Oferecer produtos e serviços de qualidade com preços acessíveis;
- Aumentar o acesso das populações de baixa renda a oportunidades e atendimento de necessidades básicas, como saneamento, alimentação, energia, habitação, saúde, educação, etc.;
- Oferecer produtos e serviços que promovam geração de renda entre as populações marginalizadas – por exemplo, a partir de equipamentos de baixo custo, venda de tecnologias e acesso a crédito.
O que é empreendedorismo digital?
O empreendedorismo digital é uma forma de fazer negócios com o auxílio de meios virtuais para comercializar produtos e serviços sem a necessidade de ter uma loja física. Em outras palavras, todo negócio virtual é um empreendimento digital.
Essas empresas priorizam a tecnologia e a inovação com o objetivo de oferecer soluções digitais aos consumidores de forma criativa, prática e rápida.
Alguns exemplos de empreendedorismo digital são: empresas de streaming de vídeos, de cursos online, marketplaces, e-commerces, aplicativos, softwares, criptomoedas, fintechs, entre outros.
Quais as vantagens do empreendedorismo digital?
Se você está pensando em ser um empreendedor digital, saiba que esse tipo de negócio oferece vantagens com menos custos e mais flexibilidade na rotina. Conheça os principais:
1. Investimento e custos operacionais mais baixos
Por não precisar investir em uma estrutura física e nem em uma equipe grande de funcionários, o empreendedorismo digital não demanda investimentos iniciais tão altos. Os custos operacionais irão depender do modelo de negócio escolhido, mas, geralmente, a maioria das atividades de um empreendedor digital pode ser realizada em um computador ou celular com acesso à internet.
2. Alta demanda
Comprar pela internet já é parte da vida de grande parte dos brasileiros, e com o avanço de novas tecnologias e ampliação da cobertura da rede, a tendência é de ainda mais crescimento. Isso pode representar uma ótima oportunidade para você dar uma chance a essa modalidade de empreendedorismo.
3. Flexibilidade na rotina
Um modelo de negócio digital permite que o empreendedor trabalhe de onde quiser e defina os horários que melhor encaixam na sua realidade.
4. Alcance da marca
É menos limitado alcançar os consumidores do seu negócio no ambiente digital do que no mundo físico. Mas, para conquistar esse alcance, é preciso uma boa estratégia de marketing, investimento e consistência na presença da marca nas redes sociais.
Como se tornar um empreendedor digital?
Para se tornar um empreendedor digital, existem alguns pontos de atenção importantes. Saiba os principais:
1. Encontre um nicho de mercado
Um passo muito importante para qualquer empreendedor é escolher um ramo no mercado. Defina um setor de atuação mais amplo, no qual você tenha interesse e domínio. Depois, identifique quem são os consumidores desse segmento. Para entender as dores e comportamentos desses clientes, você pode realizar pesquisas em redes sociais, com consultorias e usar ferramentas online.
2. Faça um planejamento estratégico
Com o nicho definido, é hora de fazer um planejamento estratégico para entender onde você quer chegar e quais são as ações necessárias para alcançar seus objetivos.
Nesse processo você vai precisar:
- Analisar a fundo os concorrentes e o mercado do seu negócio;
- Definir a missão, a visão e os valores da empresa;
- Estabelecer as metas e os objetivos que você pretende atingir a curto, médio e longo prazo;
- Estruturar planos de ação para alcançar os objetivos definidos.
3. Planeje-se financeiramente
Coloque na ponta do lápis todos os custos e investimentos necessários para a sua operação ficar ativa. Isso é fundamental para garantir a saúde financeira do seu negócio.
Fique atento ao preço de produtos, fluxo de caixa, capital de giro, custos logísticos, controle de estoque e obrigações fiscais.
4. Invista em estratégias de Marketing Digital
Para ter sucesso e conseguir vender seus produtos ou serviços pela internet, as pessoas precisam conhecer a sua marca. Por isso, o Marketing Digital é um grande aliado do empreendedor digital.
Existem diversas estratégias que você pode utilizar para divulgar o seu negócio e alcançar o seu público-alvo, como anúncios pagos, produção de conteúdo em redes sociais, e-mail marketing e parcerias com influenciadores digitais, por exemplo.
5. Foque na experiência do cliente
Uma boa experiência para o cliente é o que vai fazê-lo voltar a consumir e, por vezes, indicar a outras pessoas. Ofereça atendimento personalizado e uma boa plataforma de vendas.
6. Facilite o pagamento online
Muita gente que compra pela internet faz isso pelo smartphone. Pensando em facilitar ainda mais para o consumidor, viabilizar uma forma eficaz e segura de pagamento online – como cartão de crédito, Pix e boleto bancário – é fundamental. Isso permite que a pessoa tenha tudo o que precisa na palma da mão.
O Nubank, por exemplo, te ajuda a aumentar as possibilidades de pagamento para os seus clientes. Os clientes do Nubank PJ podem receber via Pix, NuPay, via link de pagamento e cartão de crédito, com o Tap to Pay, a maquininha de cartão no app do Nu. Para ampliar os métodos de pagamento, e ainda ter acesso a soluções que facilitam a rotina do negócio, basta abrir uma Conta PJ.
O que é empreendedorismo corporativo (ou intraempreendedorismo)?
Se engana quem pensa que para ser empreendedor é preciso ter um negócio próprio. Nas últimas décadas, tem ganhado força o conceito de empreendedorismo corporativo (ou intraempreendedorismo). Mas o que é empreendedorismo corporativo?
É ter uma postura empreendedora dentro de uma empresa que não é sua: estar sempre atento a novas oportunidades de negócios e de melhorias de processos, agir proativamente, identificar problemas e propor soluções, cuidar do todo.
Ou seja, o empreendedor corporativo é aquele que age como dono do negócio.
O que é empreendedorismo em série?
Talvez você já tenha ouvido a expressão "empreendedor serial" em algum lugar. Talvez não. Mas saiba que esse termo se refere àquelas pessoas que empreenderam não uma vez, mas duas, três, quatro ou quantas vezes mais. É o chamado empreendedorismo em série.
Geralmente, esse tipo de empreendedor tem a habilidade de identificar boas oportunidades de novos negócios, estruturar as empresas e ser bem sucedido nos empreendimentos.
É comum, também, que essa pessoa não esteja no dia a dia de todos os negócios – afinal, são muitos para cuidar. Ela é responsável por iniciar o projeto e garantir sua sustentabilidade, mas a administração da empresa pode ficar por conta de outra pessoa.
Como começar a empreender?
Para quem entendeu que empreender é a decisão certa, é importante responder a algumas perguntas iniciais:
- Por que você quer empreender?
- Qual sua ideia de negócio?
- Como você vai ganhar dinheiro?
- As perspectivas de ganhos financeiros correspondem às suas necessidades? Se não, é possível fazer ajustes no orçamento pessoal ou familiar?
- Como está o mercado em que você pretende atuar? Os resultados são bons ou ruins? Tem muitos ou poucos concorrentes?
- Você tem recursos financeiros que podem ajudar ou precisará começar do zero?
- Qual seu objetivo com a empresa? Onde deseja chegar daqui um ano?
- Você pode correr riscos ou precisa de um retorno financeiro rápido?
- Você tem tudo o que precisa para começar? Se não, o que ainda falta?
Refletir sobre essas questões facilitará o planejamento do seu negócio e, consequentemente, ajudará a tirá-lo do papel de modo mais assertivo.
O que vem a seguir, você pode conferir neste guia para abrir uma empresa.
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Este texto faz parte da missão do Nubank de lutar contra a complexidade do sistema financeiro para empoderar as pessoas – físicas e jurídicas. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e a nossa história aqui.