Não é sem motivo que o primeiro mês do ano também é conhecido como janeiro infinito. Todos os 365 dias do calendário parecem mesmo passar por ele. E existem explicações para essa sensação: estudos mostram que a percepção de tempo varia de pessoa para pessoa, mas que existem fatores que podem alterar essa percepção coletiva. Ou seja, dependendo de um grande evento, a sensação da passagem do tempo pode acelerar ou desacelerar.
E janeiro é o mês em que tudo parece mais lento. O resultado dessa extensão do tempo é uma mistura de cansaço, impaciência e irritação para muita gente. Mas as consequências de um mês que parece que nunca vai acabar vão além dos aspectos emocionais e chegam ao orçamento. Afinal, é muito mês para o mesmo salário. É possível reverter os estragos do janeiro infinito no orçamento? Com planejamento, sim, é possível.
A seguir, entenda por que janeiro parece nunca ter fim e como estancar os danos que ele pode ter causado nas suas finanças.
Janeiro infinito: por que o mês parece que não termina?
Todos os anos, o janeiro infinito ganha novos memes na internet, mas a percepção de que existem mil dias no mês tem explicações bem concretas. É que janeiro é o mês seguinte ao período mais atribulado do ano. Depois de muitas festas e gastos de dezembro, janeiro chega como um reinício, uma retomada da rotina e do trabalho, mas sem as festas e os encontros do mês anterior para muita gente. Uma receita perfeita para o tédio, segundo afirmou à revista inglesa New Statesman o pesquisador sobre percepção de tempo Zhenguang Cai, da Universidade de Londres.
Essa diferença de ritmos afeta os níveis de dopamina no cérebro, um neurotransmissor que acelera ou desacelera o relógio interno do corpo. Sabe quando você está fazendo algo de que gosta muito, como conversar com os amigos num parque, ler um livro, curtir um show? Nesses momentos em que o tempo parece voar, seus níveis de dopamina estão mais elevados. Mas quando você está fazendo tarefas desagradáveis, os níveis desse neurotransmissor caem e a impressão é de que o relógio para.
Janeiro se torna especialmente mais lento pelo peso das responsabilidades que foram deixadas de lado em dezembro – principalmente as financeiras. É no primeiro mês do ano que as contas da diversão e das compras de final de ano chegam. É também no janeiro infinito que começam a correr os calendários de cobranças de impostos sobre o patrimônio, como IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana), e de gastos específicos, como os de matrícula e material escolares.
Para agravar ainda mais o cenário( e derrubar os níveis de dopamina de qualquer pessoa), janeiro é o mês em que o dinheiro parece durar menos. Isso acontece porque, de maneira geral, muitas empresas adiantam o pagamento do salário no final de ano. Quem costuma receber no último dia útil do mês, por exemplo, acaba recebendo pouco antes do Natal. Ou seja, são mais dias para gerir os mesmos valores. Sem planejamento, o dinheiro vai embora. Sem dinheiro, a preocupação aumenta – um dos fatores que derrubam a…dopamina. E assim os dias se arrastam.
Como estancar os estragos financeiros do janeiro infinito?
Agora que você entendeu os motivos por trás do janeiro infinito (e que o mês finalmente está chegando ao fim), é hora de lidar com os rombos que o mês de 365 dias causou nas suas finanças.
Todo planejamento financeiro tem como objetivo garantir o estilo de vida de uma pessoa ao longo do tempo. Mas a ideia aqui é criar um plano de ação de curto prazo, para ser aplicado já em fevereiro, com o objetivo de sanar os danos de janeiro mais imediatos. Dependendo da sua situação financeira, esse plano pode não ser suficiente, mas é um primeiro movimento.
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A seguir, seguem algumas dicas para retomar o controle do seu dinheiro em fevereiro.
1. Deixe a culpa de lado
Você já deve ter percebido que, com planejamento, teria sido possível impedir alguns estragos maiores em janeiro. Mas pensar nisso agora pode te atrapalhar na hora de pensar em um plano de ação. Por isso, deixe a culpa de lado. O importante agora é entender a sua realidade financeira e as possibilidades de resolver o que for possível no curto prazo.
2. Mapeie gastos, receitas e dívidas de três meses
A dica parece batida, mas mapear gastos, receitas e dívidas é a primeira etapa de qualquer planejamento financeiro, mesmo aqueles de curto prazo. Não tem como pular essa fase, mas também não precisa ser nada complicado.
Liste as dívidas que você tem para os próximos três meses, os maiores gastos de cada mês para o mesmo período e quanto você tem de receita agora e quanto irá receber no curto prazo. Lembre-se de incluir aqueles gastos que ainda não chegaram, mas vão chegar, como impostos.
E por que três meses se a ideia é aplicar o plano de ação em fevereiro? Porque não adianta analisar apenas fevereiro neste caso. É possível que novos furos no orçamento apareçam em março ou abril, porque não foram previstos em fevereiro. Verificar três meses te dá uma fotografia mais ampla da sua situação financeira, ainda que a ideia seja tentar sanar os estragos de janeiro ainda em fevereiro.
3. Entenda seu potencial de receita imediata
Analise se todos os seus gastos previstos cabem na sua receita. Caso não caibam, analise se você tem potencial de gerar mais receita no curto prazo. Você vai receber o rendimento de algum investimento nos próximos três meses, algum bônus? Há algo que você possa vender nesse período?
Seja realista aqui: considere como receita valores que você certamente consegue receber no período. Em seguida, avalie quanto dessa previsão cairá na sua conta em fevereiro.
4. Liste as prioridades de gastos e de pagamentos do mês
Agora que você sabe o quanto precisa pagar, e quanto dinheiro você realmente tem em fevereiro, e que certamente vai receber nos próximos três meses, é hora de definir criticamente as suas prioridades de gastos e de pagamentos.
Nessa conta, naturalmente entram o seu custo de vida e aquelas contas que podem gerar altos gastos caso não sejam pagas no prazo. Cartão de crédito, contas de consumo (água, luz, gás), aluguel, financiamento imobiliário e internet são exemplos de boletos essenciais que, caso não sejam pagos, podem gerar consequências negativas, como juros altos e encerramento de serviços. Por isso, precisam entrar na lista de prioridades.
A grande decisão será em torno de contas novas, principalmente aquelas de início de ano, e de gastos que você pode deixar de lado no curto prazo. Na prática, você vai decidir quais gastos pode excluir do orçamento no mês para garantir o pagamento das suas despesas com folga para as emergências. E também vai avaliar quais pagamentos faz sentido quitar à vista em fevereiro e quais você vai precisar parcelar ou pagar nos próximos meses.
Os impostos, por exemplo, garantem desconto no pagamento à vista, mas avalie se essa estratégia compensa. Afinal, ao quitar esse débito todo agora, sobra menos dinheiro para emergências e para outros pagamentos, por exemplo. Por isso, a depender dos estragos do seu orçamento, pode valer a pena parcelar esses impostos para lidar com outros compromissos no curto prazo.
5. Não deixe de lado as indulgências
Em um momento de reavaliação das contas, o primeiro impulso é eliminar aqueles gastos supérfluos para ter mais dinheiro, como o café depois do almoço ou aquele almoço com os amigos no final de semana.
Se essa exclusão tiver prazo para terminar, pode até fazer sentido, dependendo da sua situação financeira. Contudo, no mundo do planejamento financeiro, não é recomendável eliminar todos os gastos que fazem você feliz. Por isso, tente manter pelo menos uma indulgência em fevereiro para você acabar não desistindo do seu plano de ação.
6. Calcule uma sobra
Você já tem a lista das contas e gastos que são prioritários, sem deixar de lado algum custo que te deixa feliz. Ao somar tudo, esse valor final não pode ser exatamente igual à renda que você levantou. A sua receita precisa ser, pelo menos, 10% maior do que os seus gastos, para garantir que você tenha alguma renda para lidar com extras no mês, sem precisar mexer na sua reserva de emergência.
7. Avalie possibilidades de empréstimo
Se as contas e os gastos prioritários ficaram pouco acima da sua renda, você pode avaliar realizar algum outro corte e tentar segurar as pontas até fevereiro terminar. Mas se eles ficarem mais de 10% acima da sua renda, e não houver mais margem para cortes, é hora de pensar em alternativas.
Neste caso, contratar um empréstimo para cobrir esses custos de curto prazo e te dar uma folga nos próximos meses pode ser uma saída. É importante reforçar que os empréstimos não são vilões. Se contratado com responsabilidade, o crédito pode te tirar do sufoco e te ajudar a reorganizar as contas de curto prazo.
Para isso, lembre-se das contas que você já fez para contratar o crédito que faz sentido para esse momento. Cuidado para não adquirir valores de empréstimo maiores do que realmente você precisa, lembre-se de considerar a parcela do pagamento nos próximos meses e fique atento às condições de pagamento e juros.
No Nubank, por exemplo, os clientes têm um portfólio de empréstimos para diversos objetivos – desde crédito com garantia de investimentos, a consignado e empréstimo pessoal. Pelo app, os clientes podem contratar crédito de forma simples, sem burocracia, e ainda conseguem fazer a gestão dos pagamentos sem letras miúdas.
Não conseguiu resolver 100% dos estragos do janeiro infinito? Está tudo bem
É possível que baste uma organização e um plano de ação de curto prazo para você conseguir sanar alguns estragos gerados pelo janeiro infinito. Contudo, também é possível que em que um mês não seja suficiente para deixar o orçamento em dia.
Se for o seu caso, calma. Tente resolver o que puder em fevereiro, mas se não der para deixar tudo em ordem agora, inicie um planejamento mais robusto para se organizar ao longo do ano. E, mesmo para quem conseguiu tapar os buracos, é importante não deixar as finanças de lado, pois os riscos de a desorganização voltar são altos – o Carnaval está logo aí.
Planejamento financeiro é um plano constante para te ajudar a bancar seu estilo de vida. Se você começar agora e manter ao longo das semanas, o próximo mês de janeiro pode não ser tão infinito assim.
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