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Retrospectiva 2022: 8 fatos que mexeram no seu bolso neste ano

Não é todo mundo que gosta de uma retrospectiva, mas quando o assunto é dinheiro este clássico vale a pena – afinal, entender o que aconteceu em 2022 pode te ajudar a criar um plano mais certeiro para 2023.

Ilustração com fundo cinza mostra um relógio roxo ao centro

Dezembro tem suas tradições e uma delas é ler e ouvir retrospectivas de todos os tipos. Mesmo para quem não está tão animado com uma retrospectiva de 2022, vale a pena relembrar o que aconteceu na economia ao longo do ano. Só assim é possível criar um plano realista para os próximos meses. 

Afinal, quando o assunto é dinheiro, não tem como apertar a tecla reiniciar só porque um novo ano está começando. Além disso, muito do que aconteceu em 2022 pode, sim, continuar em 2023.   

Confira, abaixo, oito fatos que mexeram com o seu dinheiro em 2022.  

https://www.youtube.com/watch?v=4eCDE-b-GB0

1. Segunda temporada de "O ano em que tudo ficou mais caro"

Não tem como fazer uma retrospectiva de 2022 sem ela, a inflação. O aumento de preços esteve na boca e no bolso de boa parte dos brasileiros neste ano, dando continuidade àquele filme de terror de 2021. 

No mês de março, por exemplo, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a ser de 1,62%, a maior variação para o mês desde 1994. Em 12 meses, ela chegou a ultrapassar os 12% – ou seja, a cada visita ao mercado era preciso gastar mais dinheiro ou se conformar em sair com a sacola cada vez mais vazia. 

No vídeo abaixo, você entende melhor o que é inflação e como ela afeta o seu dinheiro. 

https://www.youtube.com/watch?v=MRSqJAtsefA

Assim como aconteceu em 2021, os alimentos pesaram no bolso. Itens básicos como leite, macarrão e maçã subiram mais de 30%, segundo dados do IBGE. Mas foram os combustíveis os grandes vilões, principalmente na primeira metade do ano. Os preços subiram tanto que as buscas na internet sobre "como fazer gasolina caseira" explodiram.

Nos primeiros seis meses de 2022, o brasileiro continuou sentindo o impacto dos aumentos praticados pela Petrobras em 2021 para as refinarias, que repassaram essa alta para as distribuidoras até chegar no consumidor final.

De janeiro a junho de 2022, o filme se repetiu. Foram três reajustes nos preços do litro da gasolina e quatro no valor do diesel. Mas o jogo virou no segundo semestre do ano.

2. A deflação que nem todo mundo viu

A partir de julho, o preço dos combustíveis para as refinarias começou a ser reajustado para baixo. Esse movimento colocou a deflação como personagem principal dessa história – pelo menos por alguns meses. Logo o cenário mudou.

É que para calcular a inflação oficial do país, o IBGE levanta os preços de centenas de produtos e serviços, e define um peso para cada um deles. 

Por exemplo: o que você acha que tem mais importância na composição da inflação: a variação dos preços de um computador ou de um quilo de arroz? O arroz é essencial, porque é parte da alimentação básica de qualquer pessoa do país. Por isso, qualquer alteração de preço desse produto tem um peso muito maior na inflação oficial do que a de um computador. 

Nessa conta toda, os combustíveis têm uma importância enorme, porque eles estão em tudo: no carro, no transporte público, na cadeia produtiva de muitos produtos e serviços. Por isso, qualquer alteração no preço deles afeta o custo final de muita coisa.   

Como os combustíveis começaram a cair no segundo semestre, a inflação geral sentiu e caiu tanto que ficou negativa. Essa inflação negativa se chama deflação. Em julho, os preços caíram 0,68%; em agosto, 0,36% e, em setembro, a deflação foi de 0,29%. 

Mas essa queda de preços não foi sentida por todo mundo. Embora os combustíveis tenham uma participação direta ou indireta nos preços de muitos produtos e serviços, eles não conseguem barrar o aumento de tantos outros itens, principalmente dos alimentos. Afinal, existem outros fatores que influenciam o custo do que você paga por aqui.

É por isso que, em outubro, os preços no país voltaram a subir e registraram um aumento de 0,59%. Em novembro, a alta foi de 0,41%.

3. A barra pesou na economia global e sobrou para o Brasil

O ano de 2022 provou, na prática, que muito do que acontece no mundo afeta o seu bolso no Brasil. O ano começou com um susto: a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro e iniciou uma guerra que dura até hoje, dia 11 de dezembro. E esse conflito fez diferença no preço de muitos produtos que já não estavam tão baratos.

Para começar, a Rússia é um grande produtor de petróleo, que é a base dos combustíveis. Embora o conflito não esteja acontecendo em solo russo, ele gera muita incerteza no mundo e o preço do barril chegou a ultrapassar os US$ 100 em fevereiro, o maior valor dos últimos sete anos. Como o petróleo produzido no Brasil segue o preço do mercado internacional, esse aumento chegou até você. 

Além disso, tanto a Rússia como a Ucrânia são grandes exportadores de trigo, que é a matéria-prima de alimentos básicos, como o pãozinho e o macarrão. O conflito afetou a oferta desse produto no mundo e elevou os preços – esse aumento também chegou ao consumidor final. 

Como se um conflito não bastasse, as maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, não estão indo muito bem. Os dois países até conseguiram crescer no terceiro trimestre do ano, mas com algumas ressalvas. Na China, o desemprego está em alta e as exportações em baixa. Nos Estados Unidos, a inflação afeta a renda das famílias e já ultrapassou os 8% em um ano. 

Esses movimentos podem fazer a economia desses países desacelerar – o que não é bom para ninguém e nem para o Brasil. Qualquer desequilíbrio mexe com a inflação e com os juros. 

Entenda melhor porque o Brasil sente os reflexos do que acontece na economia global no vídeo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=upAIXOcr1xs

4. A Selic subiu, subiu, subiu e parou

Existe uma regra não escrita em economia que diz que não há indicadores que sobem para sempre, mas a Selic parecia que ia virar uma exceção. Ela é a taxa de juros básica da economia brasileira e é usada como ferramenta para controlar a inflação.

Quando a inflação aperta, o Banco Central tende a aumentar a taxa Selic. Com juros maiores, o crédito fica mais caro. Isso reduz o consumo e força os preços a cair. Como a inflação não vinha dando trégua desde o ano passado, a Selic não parava de subir. Ela saiu de 2% ao ano, em março de 2021, para 13,75%, em agosto de 2022.

Desde então, o Banco Central manteve a Selic em 13,75% e já sinalizou que ela poderá ficar assim por muitos meses. Essa manutenção vem depois de quase dois anos de alta: foram 12 aumentos seguidos desde o início de 2020. 

Se para quem precisa pegar algum empréstimo ou pagar o financiamento da casa essa alta deixou tudo mais caro, para quem conseguiu ter um dinheirinho a mais para investir 2022 foi o ano da renda fixa.

5. A renda fixa renasceu das cinzas

Poucos ainda acreditavam nela, muitos até bradavam pelos quatro cantos que ela havia morrido, mas em 2022 a renda fixa voltou a brilhar e jogou na cara de muita gente que ela veio para ficar – pelo menos, por enquanto. Essa história de superação começou quando a taxa Selic atingiu a mínima histórica, de 2%, em agosto de 2020. 

Naquele ano, era fácil encontrar especialistas enterrando os investimentos de renda fixa. Essa modalidade reúne aquelas aplicações mais conservadoras, que têm a rentabilidade amarrada a indicadores como a própria Selic. São investimentos como os títulos do Tesouro Direto e CDBs, por exemplo. 

Com o aumento dos juros, esses investimentos voltaram a ficar mais atrativos em 2022. Até setembro, o Tesouro Direto havia ultrapassado a marca de 2 milhões de brasileiros com dinheiro investido em títulos públicos – um aumento de 15% desde janeiro. Já o número de CPFs na Bolsa cresceu menos, quase 4,7% de janeiro a junho de 2022, segundo dados da B3. 

A expectativa para um cenário com uma Selic tão alta assim era de uma debandada geral da Bolsa, o que não aconteceu. O cenário ficou mais difícil mesmo para outro mercado.

6. A temperatura caiu para as criptomoedas

As criptomoedas tiveram momentos tensos em 2022. O valor desse mercado caiu tanto ao longo do ano que esse período ganhou até um nome: inverno cripto. Em janeiro, elas somavam US$ 2,2 trilhões em valor de mercado. A temperatura começou a cair em abril e, um mês depois, elas já valiam US$ 1 trilhão a menos. 

Essa queda tem relação com aquele cenário internacional instável. Não tem quem escape diante de números não tão bons da economia global.

Somente o bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, viu seu preço tombar pela metade. No início do ano, cada bitcoin valia mais de US$ 47 mil. Em junho, ele chegou a US$ 19 mil. Já em novembro, o valor de cada bitcoin alcançou os US$ 16 mil. Quem queria alguma rentabilidade mais robusta desse mercado em 2022, teve que esperar. Mas aquele dinheiro extra veio por outros caminhos.

7. Mais um saque extraordinário do FGTS 

Em um ano marcado por recordes de pessoas endividadas, um dinheiro extra veio em boa hora para muita gente. De abril até o dia 15 de dezembro, os trabalhadores com saldo no FGTS puderam retirar até R$ 1 mil de contas ativas e inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). 

Outra iniciativa que rendeu um dinheiro a mais para muita gente em 2022 foi a do Banco Central, que criou um sistema para que os brasileiros pudessem ver se tinham algum dinheiro esquecido em bancos e outras instituições financeiras, e resgatar esses valores. 

Por enquanto, as consultas ao Sistema de Valores a Receber estão suspensas, mas o Banco Central informou que divulgará em breve a data para novas consultas e resgate dos saldos existentes. 

8. O Auxílio Brasil subiu para R$ 600, mas só até dezembro

Em 2022, o Auxílio Brasil também foi destaque. Em agosto, as pessoas cadastradas no programa social passaram a receber R$ 600. Além disso, taxistas e caminhoneiros tinham direito a um voucher de R$ 1 mil. 

Mas tanto o auxílio de R$ 600, como os benefícios para taxistas e caminhoneiros foram apenas temporários, com data para terminar: dezembro de 2022. Para 2023, os debates sobre o valor do benefício ainda estão acontecendo.

Quais as projeções para 2023? 

Difícil saber se o que aconteceu em 2022 vai se repetir em 2023. A economia não é uma ciência exata, mas mostra alguns sinais. Um deles preocupa muita gente: a expectativa de uma possível recessão global. 

Como você viu, as maiores economias do mundo estão patinando, o conflito entre Rússia e Ucrânia não tem data para terminar e a inflação ainda consome a renda de pessoas em vários países. E tudo isso vai ter efeitos no Brasil. 

Por aqui, o mercado não tem um grande consenso sobre o que pode acontecer. Mas os economistas ouvidos pelo Banco Central têm revisado para cima o crescimento do PIB semana após semana. Contudo, nos últimos relatórios houve estabilidade nessas projeções. No relatório do dia 2 de dezembro, eles disseram que o país pode crescer 0,75% em 2023, que a inflação vai ficar na casa dos 5% e a Selic deve cair pouco e encerrar o ano que vem em 11,75%. 

Mas tudo isso é projeção e, ultimamente, as projeções têm mudado o tempo todo, com reviravoltas dignas de novelão. O que já se sabe, porém, é que não tem como uma economia mudar da água para o vinho num estalar de dedos. 

Por isso, prepare o seu bolso para mais um ano desafiador e aproveite a virada de calendário para criar um planejamento financeiro com a sua cara.  

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