Categorizar gastos realmente ajuda a manter o controle do dinheiro?

A resposta é sim. Entenda como nosso cérebro funciona quando o assunto é separar gastos e como a falta desse hábito afeta o bolso de muitas pessoas pelo mundo.

Em um único mês, você tem aluguel pra pagar, conta de luz, internet, aquele rolê com os amigos, as prestações da passagem de fim de ano, comida…são tantas categorias de gastos que muita gente acaba se perdendo nas contas.

Saber quanto está gastando é essencial para organizar as finanças. Só assim é possível entender onde é possível economizar, quanto de dinheiro é possível guardar e até mesmo criar condições para tirar os planos do papel. 

Reservar um tempo para entender onde o dinheiro está sendo gasto e manter essa rotina no dia a dia ainda é um desafio para muita gente. Segundo dados da CNDL, 46% dos brasileiros afirmam não ter  uma organização financeira. 

Mas por que o simples fato de categorizar os gastos e o dinheiro todos os meses te ajuda a ter mais controle financeiro? Por onde começar?

Entenda mais sobre o tema. 

Como a educação financeira ajuda a guardar dinheiro? 

Experimentos conduzidos pelo Banco Mundial foram publicados em seu principal relatório, o World Development Report, de 2015, chegando à conclusão de que existem basicamente três princípios do comportamento humano na hora de lidar com dinheiro. 

O primeiro é que as pessoas fazem a maioria de suas escolhas e julgamentos automaticamente, e não de forma calculada e decidida. Esse comportamento é chamado de "pensar automaticamente". Sabe quando você escolhe uma academia só porque ela é mais perto da sua casa sem pesquisar direito os valores de outras opções do bairro? Esse é um exemplo de decisão automática. 

Já o segundo príncipio afirma que os pensamentos e atitudes dos indivíduos são, frenquentemente, influenciados pelo que as demais pessoas ao seu redor fazem e pensam. Isso se chama "pensar socialmente". Quantos serviços de streaming você já assinou só porque os amigos estavam comentando de alguma série? 

Por fim, o terceiro princípio diz que uma pessoa, inserida em sua sociedade, compartilha de uma perspectiva comum do que faz sentido no mundo com todos ao seu redor. Isso é chamado de "pensar com modelos mentais". Significa que as pessoas já têm algumas respostas prontas na cabeça para lidar com certas questões "porque é assim que as coisas funcionam".

E como isso afeta a relação das pessoas com o dinheiro? 

Vamos lembrar primeiro que existe um problema global de endividamento das famílias, somado ao fato de não conseguirem guardar dinheiro – seja em países em desenvolvimento ou até mesmo em países desenvolvidos. O motivo principal é a influência do contexto em que essa pessoa vive, que a faz entrar no modo "pensar automaticamente", primeiro princípio definido pelo Banco Mundial. 

Quer um exemplo? Um experimento realizado no Quênia, África do Sul e Etiópia demostrou a relevância desses três princípios na tomada de decisão das pessoas, como na hora de guardar dinheiro ou controlar seus gastos. 

Muitas famílias quenianas relatavam que a falta de dinheiro era um impedimento para comprar produtos de prevenção à malária e a outras doenças transmitidas por insetos, como mosquiteiros e inseticidas.

Para tentar resolver o problema, foi criado um programa onde era fornecido a essas famílias orientação financeira e uma caixa de metal. Ela era fechada por um cadeado e, ao lado, tinha um caderno de anotações e uma etiqueta para escrever "saúde preventiva" e colar na caixa. 

A pesquisa mostrou que, depois disso, houve um aumento na quantidade de dinheiro guardado por essas famílias: o dinheiro separado para a compra de mosquiteiros e inseticidas aumentou entre 66% e 75%. 

A ideia por trás do programa é que, embora o dinheiro esteja ali acessível (já que a família possuía a chave do cadeado), as pessoas tendem a separar o dinheiro por meio de um processo de "contabilidade mental". Quando definem categorias de gastos e estruturam seus comportamentos de gastos de acordo com seus objetivos, elas têm maior sucesso na tentativa de guardar. 

Ou seja, a dinâmica fez com que os indivíduos mudassem seu comportamento pois essa "contabilidade mental" faz com que as pessoas pensem automaticamente em qual atitude tomar após definir seus objetivos financeiros. 

E, por isso, é necessário que, além de leituras e programas sobre educação financeira, as pessoas vivenciem na prática uma rotina de controle de gastos, seja guardando, separando ou categorizando o seu dinheiro. 

Quase metade dos brasileiros não controla o orçamento

A falta de educação financeira impacta pessoas por todo o mundo, inclusive os brasileiros. Não há dúvidas de que o aumento da taxa de juros, a alta da inflação e do preço dos combustíveis contribuem, e muito, para que os brasileiros tenham menos dinheiro no final do mês – ou até mesmo a falta dele para as necessidades básicas. 

Em paralelo, falta de disciplina, esquecimento ou até mesmo falta de tempo para cuidar das finanças foram os principais motivos apontados para que os brasileiros para não fizessem um controle sobre todos os gastos, mês a mês, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). 

46% dos brasileiros afirmam não ter uma organização financeira, e 71,3% estão ou já estiveram com o nome negativado. 

Em maio de 2022, quase 30% das famílias brasileiras tinham contas ou dívidas em atraso. Ou seja, a falta de educação financeira acaba impedindo as pessoas de tomarem melhores decisões quando o assunto é dinheiro. 

Por onde começar? 

O primeiro passo para começar a se organizar é entender todos os seus gastos, e a melhor forma de se fazer isso é catorizar um a um. Seja anotando em um caderno ou em alguns cliques no app do seu celular, é preciso ter uma visão geral do orçamento e conseguir responder a perguntas simples, como: Quais gastos podem ser cortados? Onde estou gastando mais? Qual é a soma de todos meus gastos essenciais?

59,7% dos brasileiros ouvidos na pesquisa realizada pelo CNDL/SPC indicaram que a maior parte do seu dinheiro era gasto para comprar itens essenciais no supermercado, como arroz, feijão, verduras, leite, produtos de limpeza etc. Em segundo lugar (59,2%) ficaram as despesas com moradia, água luz, telefone etc. 

Assim, você vai conseguir entender onde o bolso está apertando, o que está ficando mais caro, onde é possível economizar ou até mesmo quanto é possível separar todos os meses para a sua reserva de emergência ou para investir, por exemplo. 

Só em 2021, 83% dos brasileiros precisaram fazer cortes no orçamento devido ao agravamento da crise econômica durante a pandemia de covid-19, e ainda seguem com dificuldades financeiras. Quem não tinha o hábito de categorizar seus gastos e organizar as finanças dificilmente saberia responder a essas perguntas que podem ajudar nesses momentos. 

Então, o importante é criar uma rotina de categorizar gastos e dedicar um tempo a ela todo mês. É fundamental que nada fique de fora pois você precisa ter uma visão ampla de todos os seus gastos e entender para onde o seu dinheiro está indo. Só assim será possível fazer um controle de gastos eficiente e que realmente te ajude a gerir seu orçamento. 

Como categorizar gastos?

Existem muitos modelos de orçamento que podem te ajudar a organizar o seu dinheiro. Pode ser  o orçamento ABCD, um orçamento familiar simples, usar a regra 50-15-35 entre outros. O importante é não deixar de acompanhar os seus gastos e estar no controle. 

Leia mais sobre organização financeira:

O que é saúde financeira e como medir a sua?

Educação financeira: o que é e por que ela é importante?

Seu cérebro te sabota na hora de juntar dinheiro: o que fazer?

Este conteúdo faz parte da missão do Nubank de devolver às pessoas o controle sobre a sua vida financeira. Ainda não conhece o Nubank? Saiba mais sobre nossos produtos e a nossa história.

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