Orçamento ABCD: o que é e como montá-lo?

Montar um orçamento a partir de um método realista que considera o seu estilo de vida pode te ajudar a poupar dinheiro e até sair das dívidas. Veja como funciona o modelo ABCD.

Organizar as contas nem sempre é fácil, mas existem diferentes propostas para montar um orçamento de acordo com a sua realidade. Um deles é o chamado Orçamento ABCD. Facilmente adaptável, esse modelo pode te ajudar a ter mais visibilidade sobre os seus gastos e organizá-los com base em suas prioridades.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 48% dos consumidores brasileiros não controla o seu orçamento. Equilibrar o quanto você ganha e o quanto você gasta pode ser mais desafiador do que imagina, principalmente considerando aquelas despesas pontuais não planejadas – mas como encontrar o equilíbrio financeiro e ter autonomia sobre as suas decisões?

A seguir, conheça este tipo de planejamento:

Como funciona o orçamento ABCD?

O método ABCD propõe a organização dos seus gastos nas seguintes categorias:

A - Alimentação: todas as despesas necessárias, ou seja, alimentação e suprimentos;

B - Básico: contas essenciais, como de água, luz e aluguel;

C - Contornável: aquilo que torna a vida mais confortável e que você gostaria de manter, mas que pode ser cortado, reduzido ou adaptado sem prejuízos;

D - Desnecessário: gastos recorrentes e sem sentido, como assinaturas que você não utiliza, por exemplo.

O primeiro passo para se planejar de acordo com esse modelo é categorizar todas as suas despesas – tanto as fixas quanto as variáveis. Seja por meio de uma lista ou planilha, a ideia é que você ponha na ponta do lápis os gastos com alimentação, saúde, contas, lazer e até mesmo aquela bala que você comprou ao passar no caixa da padaria.

Pode parecer excessivo, mas é algo que você só precisará fazer uma vez. Quando tiver esses gastos categorizados, vai ficar mais fácil fazer o controle mês a mês.

Depois de ter mapeado e passado um pente fino em todos os gastos, é preciso priorizá-los. Despesas categorizadas como A e B não podem ser eliminadas; já as classificadas como C podem ser repensadas, por isso é necessário entender qual é a função e a importância daquele gasto na sua vida financeira. É possível manter parte dessas despesas e reduzir ou adaptar o que você considera de menor importância.

O segredo está nas despesas que você categorizar como desnecessárias. Tente eliminar tudo o que estiver na classificação D. Esses gastos, mesmo que menores ou pontuais, podem estar comprometendo parte da sua renda sem que você tenha se dado conta disso. 

E como tudo isso acontece na prática?

Suponha que uma pessoa recebe um salário de R$ 3 mil e tem como gastos prioritários o seu aluguel, alimentação e estudo. Hoje, ela gasta o salário inteiro, mas gostaria de economizar R$ 300 por mês.

Ao aplicar o método ABCD, seu planejamento ficaria parecido com esse:

CategoriaDespesasValor
ASupermercadoR$ 700
BAluguelR$ 900
BContasR$ 500
BCurso de idiomaR$ 200
BTransporteR$ 200
CTV por assinaturaR$ 150
CAcademiaR$ 100
CDelivery de restaurantesR$ 150
DServiço de assinatura não utilizadoR$ 100
Total: R$ 3 mil

Neste contexto, os gastos com supermercado, aluguel, contas, curso de idioma e transporte são considerados essenciais, e, portanto, devem ser mantidos.

Já no caso das despesas C e D existe a oportunidade de revê-las e propor uma nova dinâmica para o orçamento. Com o cancelamento de um serviço de assinatura que não tem sido utilizado, essa pessoa consegue economizar R$ 100. 

Os outros R$ 200 podem ser poupados ao repensar também as despesas classificadas como C – buscando, por exemplo, planos mais baratos para a utilização da academia e da TV por assinatura ou a redução da frequência dos pedidos de delivery.

Vale lembrar: a renda média dos brasileiros hoje é de R$ 1.380, segundo o IBGE, e muita gente não tem a possibilidade de classificar tantas coisas como C e D. Esse modelo de orçamento pode ajudar a organizar as despesas, mas, dependendo da realidade de cada pessoa, não necessariamente será possível fazer cortes. 

Será que vale a pena para mim?

A vantagem de utilizar esse método está justamente na versatilidade: uma vez que você já sabe o quanto ganha e o quanto gasta, bem como o que cada despesa representa em sua vida, cabe a você tomar a decisão de segmentá-las, repriorizar e ajustar o que considerar necessário.

Além disso, a frequência com a qual você monta esse planejamento pode variar de acordo com os seus objetivos – sua ideia é economizar? Conter gastos? Se preparar para emergências? Sair do vermelho?

É importante ter em mente que o que pode ser prioridade para uma pessoa pode não ser para outra. Também há despesas que podem estar entre duas categorias, e nesse caso é preciso entender qual a real necessidade e dependência que você tem daquele gasto. 

Por isso, para esse tipo de orçamento não existe certo ou errado: a ideia é que ele funcione como uma bússola para te guiar nas tomadas de decisão e te dar mais segurança com relação ao uso do seu dinheiro.

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