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O ranking das maiores inflações do ano: quais preços mais subiram em 2021?

Não foi só o combustível e a energia que ficaram mais caros em 2021. Pimentão, mandioca e café também subiram muito. Confira a lista dos 30 maiores vilões da inflação deste ano.
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Quando o assunto é inflação, ninguém saiu ileso em 2021. A alta dos preços pesou no bolso de todos os brasileiros, principalmente dos que ganham menos. Mas quais preços subiram mais no ano?

A energia elétrica está bem mais cara agora –subiu 21,21% ano passado –, mas o preço dela está longe de ser o que mais subiu no ano. Os combustíveis e os alimentos foram os grandes vilões de 2021 e os que mais contribuíram para a alta de dois dígitos na inflação do país.  

No ano passado, a inflação oficial ficou em 10,06%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) –a maior alta desde 2015. 

Para 2022, economistas ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus projetam uma inflação em torno de 5%.  

Quais preços subiram mais no ano? 

Tomate, carne? Não, neste ano quem está ganhando o prêmio de maior vilão da inflação é o etanol, que subiu 62,23% entre janeiro e dezembro. 

Conheça os 30 itens que mais encareceram em 2021.  

ProdutoInflação em 2021
Etanol62,23%
Café moído50,24%
Mandioca (aipim)48,08%
Açúcar refinado47,87%
Gasolina47,49%
Óleo diesel46,04%
Pimentão 39,16%
Gás veicular38,72%
Açúcar cristal37,55%
Mudança37,09%
Gás de botijão36,99%
Mamão36,01%
Revista35,68%
Transporte por aplicativo33,75%
Fuba de milho32,82%
Filé-mignon30,91%
Frango em pedaços29,85%
Pera29,59%
Pneu 28,94%
Gás encanado28,49%
Açúcar demerara28,07%
Pepino26,11%
Melancia25,53%
Melão24,74%
Alimento para animais23,70%
Margarina23,13%
Material hidráulico23,12%
Manga22,40%
Vídeo-game21,89%
Banana e maçã21,67%
Fonte: IBGE

Como a inflação é medida? 

Basta ir ao posto de gasolina e ao mercado para notar que tudo está mais caro. Por serem itens básicos, a alimentação e os combustíveis têm os maiores pesos no índice oficial de inflação do país, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Ou seja, quando eles sobem, ainda que pouco, puxam todo o índice para cima. 

O IPCA mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos por quem recebe de um a 40 salários mínimos. É como se ele fosse uma média e cada grupo de produtos e serviços tivesse uma relevância maior ou menor nessa conta. 

E que grupos são esses? 

São nove os grupos acompanhados pelo IBGE para calcular a inflação. Confira como ficou a variação de preços de cada um deles em 2021.  

GrupoInflação em 2021
Alimentação e Bebidas7,94%
Habitação13,05%
Artigos de Residência12,07%
Vestuário10,31%
Transportes21,03%
Saúde e Cuidados Pessoais3,70%
Despesas Pessoais4,73%
Educação2,81%
Comunicação1,38%
Fonte: IBGE

Por que os alimentos estão mais caros? 

Como você viu são os alimentos que mais pesaram no bolso do consumidor em 2021. O que está acontecendo com essa categoria? Eduardo Perez, analista de renda fixa do Nubank, explica que existem diversos fatores que influenciaram essa alta. Um deles é o clima.

"Más condições climáticas atrapalharam as safras e reduziram a oferta desses alimentos básicos, pressionando o preço", afirma Perez.

Em resumo, a seca tem provocado danos que afetam direta e indiretamente a oferta de alimentos. Esse problema já aconteceu ano passado, quando os alimentos ficaram 14% mais caros. 

Mas ele ficou pior neste ano. Com a escassez de chuvas, o Brasil entrou na pior crise hídrica dos últimos 91 anos, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), e influenciou na produção de alimentos por aqui. 

A crise hídrica reduziu o nível das hidrelétricas e fez com que as termelétricas fossem ativadas –como a energia desse tipo de usina é mais cara de se produzir, esse custo foi repassado para o consumidor. Mas não é só a conta de luz da sua casa que ficou mais cara por causa disso. 

Custo maior da energia na produção foi repassado ao consumidor

Quem usa energia para produzir algum produto também sentiu esse aumento e teve de repassar esse custo para você. Parte do aumento dos alimentos vem desse repasse. Isso também acontece com outros itens que encarecem a produção, como combustíveis e o milho, que é usado na ração dos animais.

"Os altos custos de energia e combustíveis também são repassados para produção dos alimentos. Tem até casos em que tudo isso pressionou um alimento de uma vez, como o frango por exemplo. A carne também tem esse problema", explica Perez.

Além disso, a falta de água afeta diretamente a produção. Sem chuva, as pastagens são afetadas –o que eleva o tempo de abate –, o desenvolvimento de frutas e legumes também fica mais lento, e a produção de grãos, como milho, arroz e feijão, diminui. Tudo isso reduz a oferta de alimentos e eleva os preços. 

E as commodities? O que elas têm a ver com isso?

Commodities são itens básicos, em estado praticamente bruto, como petróleo, gás, água e tantas outras. As commodities agrícolas, atreladas ao mercado de alimentos, são muito negociadas no mundo e são itens como soja, café, algodão, milho, laranja, trigo e açúcar. E elas têm tudo a ver com o aumento dos alimentos. 

De acordo com Perez, o preço delas no mercado internacional subiu demais em 2021. Como esses produtos são matéria-prima para tantos outros, qualquer alteração em sua produção afeta os preços não apenas por aqui, mas em todo o mundo. 

Assim como o Brasil, outros países que produzem esses itens básicos estão sofrendo com problemas climáticos que afetam sua produção, como fortes geadas e chuvas. Isso reduz ainda mais a oferta desses itens no mercado global. 

Com oferta menor, o preço dispara. De acordo com a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura), o índice que acompanha os preços das commodities agrícolas subiu em novembro pelo quarto mês seguido, alcançando o maior patamar em 10 anos.    

Para quem compra, esse aumento não é boa notícia, mas para quem vende, essa valorização representa aumento de receita. Com o real desvalorizado frente ao dólar, fica mais vantajoso vender os produtos para outros países e receber em dólar do que vender internamente e receber em real. 

Não é à toa que o país está batendo recordes de exportações. Os dados mais recentes, de outubro, mostram que as exportações bateram o valor recorde para o mês de US$ 8,84 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.  

E os combustíveis? Por que subiram tanto de preço?

Um dos motivos também tem a ver com o aumento de uma commodity específica: o petróleo. Em 2021, o produto registrou alta de 46% o barril –de janeiro até o último dia 13 de dezembro. Segundo a Petrobras, essa alta no mercado internacional é o principal motivo para o aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias

Somente neste ano, a Petrobras fez 12 reajustes no preço do diesel e 16 no preço da gasolina nas refinarias –nem todos foram aumentos. O último ocorreu no dia 15 de dezembro.  

A Petrobras é uma das maiores empresas do mundo a extrair e produzir petróleo e gás natural, e controla o preço dos combustíveis apenas em suas refinarias. Antes de chegar às bombas dos postos, esse combustível ainda passa pelas distribuidoras. Esse caminho adiciona custos ao preço final.  

Como a Petrobras é uma empresa gigante, ela praticamente domina o mercado brasileiro de combustível. Ou seja, se ela mexe nos preços em suas refinarias, esses reajustes chegam invariavelmente ao consumidor final. 

Como vai ficar a inflação em 2022? Ela vai cair?

Para 2022, é esperado um certo alívio nos preços. Economistas ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus projetam uma inflação de 5,03% para o próximo ano –metade da inflação registrada em 2021. 

Apesar da expectativa mais otimista, esses 5% ainda ficariam acima da meta do Banco Central, que é de uma inflação de 3,5% para 2022, e bem no limite da tolerância –chamada de teto da meta, que é de 5% para o próximo ano. 

"O mercado espera que a inflação ainda fique pressionada em 2022, mas que mostre sinais mais fortes de desaceleração. E provavelmente, em 2023, ela deve convergir para mais próximo da meta (de 3,25% para 2023)", afirma Eduardo Perez, do Nubank.

Esse recuo já está sendo visto agora. Considerando apenas o mês de dezembro, a inflação avançou menos, em 0,73%, e ficou abaixo dos 0,95% de aumento verificado em novembro. Um alívio para o bolso de todo mundo. 

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