Lembra de quando você ganhou o primeiro salário? Depois de suar a camisa, de repente caiu na conta aquele dinheiro que parecia ter poderes mágicos. Dava vontade de comprar tudo, de viajar, de comer naquele restaurante, de ajudar a família. Esses são os primeiros passos que alguém dá na sua jornada financeira.
É nesse momento que nascem os primeiros sonhos e quando acontecem os primeiros tombos também. Mas daí até a independência financeira leva quanto tempo? O que significa isso? Para alguns, a independência pode ser morar sozinho, morar com amigos ou morar com os pais ainda – mas ajudando nas contas de casa. O conceito muda muito de pessoa para pessoa.
Abaixo, entenda o que é independência financeira em suas variadas formas e confira algumas dicas de como chegar lá.
O que é independência financeira?
A independência financeira pode ser entendida como o momento em que seus ganhos são maiores que os seus gastos mensais. Para outros, o termo pode ser usado para definir quem tem um orçamento equilibrado e investimentos suficientes para viver de rendimentos sem depender de um trabalho.
No livro "A Psicologia Financeira", o escritor Morgan Housel faz uma ressalva sobre a jornada financeira de cada um. Existe a ideia de que, para dar certo, a vida financeira de alguém deve ser baseada em decisões racionais, cálculos e objetivos. Mas as pesquisas mostram o contrário: as principais decisões financeiras são tomadas por conta das experiências pessoais.
Imagine uma pessoa que viveu no período da hiperinflação do Brasil, no início dos anos 1990. A experiência dela com dinheiro é profundamente marcada por isso. Uma pesquisa citada no livro mostrou que pessoas nascidas em momento de inflação alta investem menos em títulos do que as que cresceram em tempos de inflação baixa.
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É por isso que o conceito de independência financeira é tão individual. Antes de iniciar esse, entenda primeiro o que independência significa para você. Para isso, leve em consideração as suas experiências e prioridades. Existe uma infinidade de histórias de pessoas que nem sempre escolheram a independência – ou que até hoje não conseguiram experimentar uma relação saudável com o dinheiro.
Estabelecer metas que considerem o seu contexto vai te ajudar a alcançar o objetivo. Quando esse dia chegar, comemore muito, viva a sua independência e, claro, descubra dentro de você quais serão as suas novas metas.
Liberdade não é independência financeira
Um dos principais sonhos do brasileiro é ter a casa própria. Mas por trás desse grande objetivo nacional existem alguns fatores profundos, como a independência de ter seu próprio cantinho, claro, mas principalmente conquistar a segurança financeira.
Talvez você já tenha ouvido aquele debate de que vale mais a pena alugar um imóvel do que comprar. Financeiramente falando, pode até ser que às vezes valha mesmo, mas essa discussão ignora justamente a questão da segurança financeira. Para muita gente, especialmente quem cresceu vendo a família fazer malabarismo com as contas, o fator psicológico de ter um teto é tão poderoso que não há matemática que supere.
A segurança também é um critério para se medir a saúde financeira de alguém. Afinal, não há independência verdadeira sem equilíbrio nas contas.
Existe até um índice para medir a sua saúde financeira, o ISB-F. Criado em uma parceria da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) com o Banco Central do Brasil, ele é um questionário simples que mede alguns fatores, como o comportamento financeiro e a habilidade das pessoas em buscar informações sobre o assunto.
Após responder todas as perguntas, o ISB-F dá um resultado de zero a 100. Quanto maior a pontuação, mais próximo de um bem-estar financeiro. Quanto mais próximo de zero, maior o estresse da economia pessoal. O índice considera que a saúde financeira é uma construção, e leva em conta a capacidade de:
- Cumprir obrigações financeiras e tomar boas decisões;
- Ter disciplina e autocontrole;
- Se sentir seguro quanto ao futuro;
- E, claro, da liberdade de fazer escolhas que te permitam curtir a vida.
A saúde financeira dos brasileiros
Segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% no mundo apenas no primeiro ano da pandemia da Covid-19. Em paralelo, cerca de 10% da população brasileira sofria de ansiedade – isso nos tornou o país mais ansioso do mundo, segundo da OMS. E existem evidências de que as finanças pessoais são um dos motivos para isso estar acontecendo.
O índice ISB-F realizou um raio-x da população brasileira em 2021 e confirmou que a saúde financeira das pessoas não anda muito bem. Na escala de zero a 100, a nota média da população do país foi 57. Se fosse um boletim escolar, a nota seria cinco – e quase que não daria para passar de ano.
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Apenas 8% da população tem uma ótima saúde financeira, enquanto que, para 33%, ela está ruim ou péssima. Outro dado importante: cerca de 70% das pessoas gastam tudo ou até mais do que ganham.
Dessa forma, sem uma reserva para emergências, sem estabilidade financeira, sem controle dos gastos e principalmente sem tranquilidade para planejar o futuro, é muito difícil pensar em independência financeira.
Mesmo que uma pessoa more sozinha e pague todas as suas contas, é importante checar como anda a saúde financeira dela porque, no fim das contas, tão importante quanto conquistar a independência é chegar lá com saúde.
3 dicas para alcançar a independência financeira
Sempre que você pensar no futuro do seu dinheiro, é importante estabelecer uma meta. Pode ser comprar um imóvel, quitar as dívidas, se aposentar mais cedo. E a independência financeira também é uma meta. Mas lembre-se de antes entender o que a independência significa para você – e um jeito saudável de alcançá-la.
Depois que isso estiver claro, siga as três dicas a seguir para alcançar qualquer objetivo.
1 - Monitore as entradas e saídas de dinheiro
Faça um exame cuidadoso no orçamento e considere o que dá para abrir mão por essa meta e o que não dá para ficar sem. Por exemplo: se você precisa de uma boa internet para trabalhar, ela tem que estar incluída na previsão dos seus gastos.
2 - Calcule quanto custa ser independente
Quando tiver uma boa noção do seu fluxo financeiro e descobrir quanto consegue separar da renda para a sua meta, faça uma estimativa de quanto precisa para alcançá-la. Digamos que independência, para você, signifique morar com amigos dividindo um apartamento. Então você vai precisar incluir as despesas correntes como o aluguel, água, luz, condomínio, IPTU, além de itens que impactam no orçamento como transporte para o trabalho e alimentação.
3 - Não leve esses cálculos como uma tentativa de te fazer desistir da ideia
Muito pelo contrário: a ideia é que você consiga mesmo alcançar a meta da independência de forma realista, e sem que isso te provoque estresse ou gere custos inesperados que te levem a dívidas. Porque é dessa forma que a saúde financeira começa a ficar comprometida, e a liberdade acaba.
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