Educação financeira infantil: quais investimentos os pais podem fazer para as crianças?

Uma das principais vantagens para quem decide começar a investir para o futuro dos filhos é ter o tempo a seu favor. Conheça opções de aplicações financeiras.

Brinquedos, eletrônicos, roupas… Talvez um passeio ou uma viagem. Sempre que uma data como o Dia das Crianças ou o Natal chegam, não faltam opções para agradar os pequenos. Mas para as famílias que querem uma alternativa que possa contribuir para a educação financeira infantil e ainda ajudar no futuro dos filhos, incluir os investimentos na lista de presentes pode ser uma boa opção.

No Brasil, ainda é baixo o número de pessoas que conseguem fazer investimentos para as crianças. De acordo com a pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”, realizada pela Serasa e pelo instituto de pesquisa Opinion Box, 72% dos pais entrevistados não fazem algum tipo de investimento ou poupança para os filhos atualmente. Mas o estudo também mostrou que 49% ainda não fazem, mas pretendem fazer no futuro.  

Uma das principais vantagens para quem decide começar nessa empreitada é ter o tempo ao seu favor, como explica Pedro Mota, economista e especialista em investimentos do Nubank. “Essa é a clássica decisão de investimento de longo prazo. Com certeza, você consegue alargar o seu horizonte de investimento e ter uma visão mais longa, de 10, 15 anos. E aí as possibilidades são inúmeras. Você consegue usar os juros compostos a seu favor”, afirma.

Mas, diante de tantas opções no mercado financeiro, por onde começar os investimentos para as crianças? Mota deu algumas dicas de aplicações financeiras que podem ser usadas tanto para a construção de patrimônio no longo prazo quanto para receber uma renda passiva. Confira a seguir.

Quais investimentos para crianças os pais podem fazer?

O mercado financeiro é repleto de opções. Algumas são mais arriscadas, outras focadas em médio prazo. Pedro Mota, economista e especialista em investimentos do Nubank, afirma que as melhores alternativas de ativos para uma carteira de investimentos para crianças são aquelas focadas no longo prazo.

Em geral, os familiares querem construir uma reserva financeira que poderá ser usada para pagar a faculdade, ou uma viagem de intercâmbio, por exemplo. Para esses casos, Mota indica os títulos do Tesouro Direto RendA+ e Educa+, além de aplicações em previdência privada.

Tesouro Direto com foco no longo prazo e ganhos acima da inflação

O Tesouro Direto RendA+ e Educa+ são duas famílias de títulos com foco no longo prazo e em oferecer uma renda extra mensal no futuro. Eles têm parte do rendimento pós-fixada, que acompanha a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), e outra prefixada, combinada na hora do investimento.

O IPCA mede a inflação oficial do país. Por isso, essas duas aplicações permitem que o investidor consiga uma  rentabilidade real, ou seja, acima da inflação, e o poder de compra ao longo do tempo.

Entenda melhor como esses dois investimentos funcionam e por que eles são boas opções de investimentos para crianças.

  • Tesouro Direto RendA+: essa família de títulos tem foco no longo prazo e em oferecer uma aposentadoria complementar. A pessoa que investe no RendA+ recebe 240 parcelas mensais (equivalente a 20 anos), que começam a ser pagas na chamada data de conversão. Por enquanto, são oito opções de datas para começar a receber a renda extra.
  • Tesouro Direto Educa+: nesse investimento o principal objetivo é gerar renda para custear os estudos. Quem investir neste título poderá receber um rendimento extra mensal por cinco anos, e o valor será corrigido pela inflação. São 16 opções de títulos com diferentes datas para o início do pagamento mensal, que vão de 2026 a 2041. Depois dessa data, o valor das parcelas mensais começa a ser pago.

Simulador do Tesouro Direto ajuda a planejar o futuro e é ferramenta para a educação financeira infantil

Para ajudar a escolher o melhor título para investir para as crianças, o Tesouro Direto possui um simulador. Ele permite que os investidores respondam algumas perguntas e, a partir daí, sugere títulos que mais se encaixam nos objetivos da pessoa que vai investir. Em seguida, é possível simular aplicações com diferentes valores e até mesmo considerando quanto você quer receber ao fim da aplicação.

É importante que cada pessoa faça a simulação levando em consideração o seu objetivo e a sua realidade financeira.

Previdência privada: quanto mais longo o prazo, menor o imposto

Outra opção para quem quer investir pensando no futuro dos filhos é a previdência privada.  Nesse tipo de aplicação, a pessoa decide o quanto deseja aplicar por mês ou ano, por quanto tempo e depois de quantos anos deseja fazer o resgate. Já o rendimento varia conforme o plano escolhido.

De acordo com o especialista Pedro Mota, uma das principais vantagens da previdência privada é o benefício tributário. Isso significa que, quanto mais tempo você deixar o dinheiro em um fundo de previdência privada, menos imposto pagará no momento do resgate. 

Na previdência privada, um dos modelos de tributação disponíveis é o regressivo, em que as alíquotas do Imposto de Renda diminuem ao longo do tempo: elas começam em 35% para as contribuições feitas em até dois anos e caem, também a cada dois anos, 5 pontos percentuais. A tabela abaixo exemplifica melhor e traz os valores corretos de cada alíquota.

Prazo da aplicaçãoAlíquota do IR
Até 2 anos35%
2 a 4 anos30%
4 a 6 anos25%
6 a 8 anos20%
Acima de 10 anos10%

Na prática, se você resgatar o dinheiro em menos de dois anos, pagará 35% de imposto sobre o valor do rendimento da previdência (e não sobre o valor da contribuição). 

Em resumo, esse é um regime de tributação mais vantajoso para quem investe no plano de previdência privada por um prazo mais longo.

“Acho um excelente produto para longo prazo porque você tem benefício tributário em que, depois de 10 anos, a base de Imposto de Renda cai a 10%, é muito baixo. Mas tem que olhar bastante para os produtos disponíveis porque tem previdência boa e previdência não tão boa em termos de taxas e qualidade”, explica Pedro Mota.

Dicas para escolher uma previdência privada

Na hora de escolher uma previdência privada para os filhos, a dica do especialista é ficar atento aos valores das taxas de administração e de performance. 

“Por exemplo, se for uma previdência de renda fixa tradicional, não faz sentido pagar altas taxas de administração, pois o ‘valor agregado’ dele é mais baixo. Uma taxa de administração de, no máximo, 1% me parece fazer sentido. Para estratégias mais elaboradas, como multimercados e ações, essa taxa pode ir até 2%. Fundos com taxa acima de 2% me parecem excessivamente caros e vale o investidor pesquisar com mais calma e buscar alternativas”, detalha.

A possibilidade de fazer a portabilidade do plano de previdência também é importante, pois isso garante que você consiga migrar o dinheiro para melhores condições (como taxas menores e maior rentabilidade) sem a necessidade de resgatar todo o investimento. E, neste caso, o melhor cenário é que não exista nenhuma taxa no processo de portabilidade.

Mota finaliza sugerindo conferir o histórico de rentabilidade da previdência privada, além do tamanho do fundo. “É melhor buscar fundos maiores, fundos grandes, que tenham bastante reconhecimento de mercado e que sejam decisões óbvias, e não os menos tradicionais”, diz.

Como os juros compostos trabalham no longo prazo?

Ao começar a investir para o futuro das crianças, você usa o poder dos juros compostos a seu favor. Afinal, eles são influenciados de forma direta pelo tempo. Ou seja, o prazo total da transação faz toda a diferença – e o valor final pago em juros é completamente variável de acordo com o tempo de duração total da operação e do tipo de investimento.

Os juros compostos são calculados sobre juros acumulados de períodos anteriores, e por isso são chamados de juros sobre juros. Em outras palavras, eles incidem sobre o valor principal da operação já corrigido com juros – um valor X é corrigido com juros e, no mês seguinte, pensando em uma operação mensal, os juros serão aplicados pelo valor já corrigido, e não sobre o valor inicial.

Portanto, se você investe em algum tipo de fundo cuja rentabilidade é calculada por juros compostos, o tempo que você deixará o dinheiro investido é um fator relevante que precisa ser considerado. Isso quer dizer que, quanto mais tempo você deixar o seu dinheiro depositado no investimento com juros compostos, mais lucratividade terá.

Clique aqui para saber mais sobre o funcionamento dos juros compostos.

Como decidir quanto e quando investir para as crianças?

Essa resposta depende da realidade financeira de cada pessoa. Mas para o especialista Pedro Mota, o mais importante é fazer um planejamento para que os investimentos sejam constantes, mesmo que os valores variem. Ele recomenda fazer um plano macro estabelecendo uma meta anual. Você pode se programar para fazer um determinado número de aplicações ou para acumular um valor anual, mas no dia a dia esse plano não precisa ser tão rígido.  

“Vai ter mês que você vai conseguir investir menos porque teve algum gasto extraordinário, vai ter mês que você vai conseguir investir mais. Mas ter essa recorrência mensal é muito bacana. Quando passar 5, 10 anos, você vê o efeito daquilo tudo numa janela maior e o resultado é muito poderoso”.

Educação financeira infantil pode envolver conversa sobre investimentos

Todo o processo de investimento para as crianças pode ser usado na educação financeira dos pequenos. Vale dividir a decisão com os filhos, explicar a importância de guardar dinheiro para o futuro e de escolher bem onde esse valor ficará investido.

E quanto mais cedo essa troca de informações começar, melhor. Um estudo da University of Cambridge, na Inglaterra, mostrou que as crianças formam boa parte dos seus conceitos e hábitos financeiros até os 7 anos de idade. Além disso, elas aprendem através de observação, instrução e prática. Por isso, ensiná-las desde cedo a importância de cuidar do dinheiro e de guardá-lo para o futuro pode ajudar a mudar a relação que desenvolvem na vida adulta.

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