A educação financeira pode formar adultos menos endividados?

Os primeiros resultados de um estudo do Banco Central mostram que jovens que tiveram aulas de educação financeira tendem a usar menos o cheque especial e o crédito rotativo.

Como melhorar o futuro financeiro de toda uma geração? Um estudo conduzido pelo Banco Central sugere que aprender educação financeira na juventude pode ajudar as pessoas a se endividarem menos no futuro.

Em 2010, milhares de estudantes receberam aulas em um piloto com 17 meses de duração. O resultado preliminar: até o fim de 2019, eles apresentaram menos probabilidade de usar crédito rotativo e cheque especial que o grupo controle.

Os resultados, embora preliminares, são bastante importantes em um cenário no qual a população busca mais crédito.

Uma geração mais endividada

Há mais brasileiros endividados hoje do que na última década. É o que indica a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic): 67,1% das famílias têm hoje ao menos uma dívida – o maior patamar desde janeiro de 2010, quando começou a série.

A pandemia do Covid-19 é um dos fatores – na primeira semana de junho, o país somava 11,2 milhões de desempregados. Mas a crise atual não é responsável pela taxa elevada.

Afinal, há exatamente um ano, não havia novo coronavírus e o endividamento já era alto: 64% em junho de 2019, também segundo a Peic.

Brasileiros se endividam por diversos motivos e de maneira generalizada. Nessa entrevista de 2019, o presidente do Serasa Experian comentou que o percentual da população inadimplente é igual em todas as camadas sociais.

"A diferença é que na classe E é uma inadimplência de alguém que comprou um tênis e não conseguiu pagar. Na classe A, o produto é um carro, que ele não conseguiu pagar", disse ele. "Está mais ligado a um descontrole de gestão financeira do que efetivamente com o poder aquisitivo."

Dito isso, é importante lembrar que:

  •  Nem toda dívida é necessariamente um problema – financiamentos, por exemplo, podem indicar um planejamento para uma compra grande, como a casa própria.
  • Embora o endividamento permeie todas as classes, o seu peso é maior para a população com menor renda.

O estudo sobre educação financeira

Entre 2010 e 2011, cerca de 25 mil estudantes, de 892 escolas públicas, receberam aulas de educação financeira no Ensino Médio. Foram formados pares de escolas similares e, de cada par, uma das instituições foi sorteada para as aulas e a outra serviu como grupo de controle.

Os resultados divulgados pelo Banco Central são relevantes. Ao analisar cerca de 16 mil dos estudantes impactados, o estudo observou que eles, em relação ao grupo controle:

  • Eram 9,03% menos propensos a usar o cheque especial quando adultos;
  • Tinham probabilidade 6,75% menor de usar o rotativo de cartão de crédito
Gráficos do Banco Central indicando a evolução do grupo de estudantes e do grupo controle no uso de cheque especial e crédito rotativo.
Foto: Banco Central

Outro resultado que chamou atenção tem a ver com a vida profissional dos estudantes. Até 2019, os jovens do grupo controle tinham maior participação no mercado de trabalho formal – uma das hipóteses é que a ação de educação financeira tenha incentivado mais alunos a cursarem o ensino superior em vez de seguirem para o primeiro emprego logo após o Ensino Médio.

Segundo a análise do Banco Central, ainda é cedo para observar mais efeitos de longo prazo nos estudantes impactados – como potencial para empreendedorismo, investimentos ou mesmo a investigação da hipótese sobre empregos. Mas este piloto demonstra como a educação financeira pode, sim, mudar a vida das pessoas.

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