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Como será o futuro da economia daqui 100 anos?

Embarque em uma viagem pelo passado, presente e futuro da economia brasileira ao lado de especialistas que apontam dilemas e soluções para as gerações futuras.

Na ilustração aparece um relógio tipo cuco e, ao lado, um relógio digital, ambos sobre fundo roxo

Como fazer com que a história dure até o futuro? Para quem não sabe, existe um jeito: criando uma cápsula do tempo. 

A cápsula do tempo é uma caixa ou um cofre onde você coloca coisas que quer se lembrar daqui uns anos, como se elas fossem relíquias do passado. Você pode deixar essa caixa para o seu eu do futuro ou para seus filhos, netos, tataranetos… Vale colocar várias coisas dentro dela: fotos, cartas, jóias, objetos, discos, livros e qualquer outro item afetivo que tenha marcado sua vida.

A ideia é que você guarde essa caixa em um lugar bem escondido, pra esquecer que ela existe, e depois marque uma data para reabri-la. Podem ser 20, 30, 50 anos… Ou quem sabe 100? 

Neste texto, você irá abrir uma cápsula da história econômica do Brasil para relembrar algumas coisas que o país já viveu até aqui e também arriscar alguns palpites sobre o que virá na próxima cápsula daqui a 100 anos. 

https://www.youtube.com/watch?v=GFyZ3Bzi29w

Como era a vida em 1923?

Se alguém voltar 100 anos no tempo agora, cairia em 1923. O presidente do Brasil é um senhor chamado Arthur Bernardes e sanciona, já nos primeiros dias de mandato, a primeira lei de previdência do país, permitindo que trabalhadores ferroviários se aposentem aos 50 anos. A vida é diferente nas cidades, que ainda estão se desenvolvendo, e a economia é bastante dependente da exportação de café.

Anos depois, acontece a tal crise de 1929, que começa nos Estados Unidos e deixa marcas por aqui também. Lembra que o Brasil exporta muito café? Então: os Estados Unidos são o principal comprador, mas com o país em crise, eles deixam de  comprar como antes e o preço das sacas despenca.

Com tanta oferta e pouca demanda, o Brasil tem café de sobra – é aí que o governo brasileiro, na figura de Getúlio Vargas, cria um plano ousado para não deixar essa commodity se desvalorizar: comprar toda a produção excedente e queimá-la. 

Nos anos seguintes, o Brasil dá uma guinada em direção à industrialização e muitos produtores passam a olhar mais para a produção industrial nacional. Com Getúlio ainda presidente e com um novo país emergindo a partir das primeiras indústrias, surge também uma nova massa de trabalhadores e operários dentro das fábricas. 

Primeiras leis trabalhistas

É nesse momento, entre os anos 1930, 1940 e 1950, que nascem muitas das leis que acompanham os brasileiros até hoje, como a CLT, criada em primeiro de maio de 1943. Ela prevê o salário mínimo, a carteira de trabalho, a jornada de oito horas, as férias remuneradas e uma série de outros benefícios. 

Mais ou menos nessa época nascem também os Ministérios da Saúde, Educação e Trabalho, três exemplos de pastas dedicadas a cuidar do bem estar social dos brasileiros. Depois disso, veio a construção de Brasília, gastos públicos bastante acelerados nos anos 1960 e 1970 e uma série de circunstâncias que levariam o país a uma situação fiscal complicada nas décadas seguintes. 

Um terror chamado hiperinflação

A cápsula do tempo da história do Brasil não pode deixar de incluir um capítulo chamado hiperinflação das décadas de 1980 e início de 1990. Dependendo da sua idade, é provável que a partir desse momento você já consiga resgatar algumas coisas na memória. A hiperinflação é um fenômeno que fez os preços subirem de um dia pro outro – literalmente.

Dados da série histórica do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que mede a inflação no Brasil, mostram que, em 1980, a inflação bateu a simbólica marca de 1000% ao ano. Para efeito de comparação, a inflação oficial de 2022 inteiro ficou em 5,79%. Era um tempo em que se surgisse uma queda no valor de algum item essencial, todo mundo corria pro mercado e estocava o produto para não correr o risco de ficar sem ele no mês seguinte. 

O professor Luiz Paulo Nogueról, do departamento de História da Universidade de Brasília, explica quais foram as marcas desse período:

"Além do problema para os trabalhadores, porque a capacidade de consumo é subitamente reduzida, isso gerou muita incerteza na economia. Isso também explica uma parte do nosso baixo crescimento nos anos 1980, porque o empresário vai perdendo noção de custo e não sabe o quanto vai poder cobrar pelo produto dele. O cálculo econômico fica muito prejudicado e isso torna o investimento arriscado. Havia um processo inflacionário crônico que se tornou dramático nesse momento", explica Luiz Paulo Nogueról. 

Nos anos seguintes, uma série de medidas foram tomadas para tentar conter esse avanço e todas elas implicaram em mudanças nas moedas. De 1986 até 1994, o país teve quatro moedas: cruzado, cruzado novo, cruzeiro e cruzeiro real. Tudo isso até chegar ao real brasileiro, que está aí até hoje. 

Leia também: Hiperinflação no Brasil: como e por que aconteceu?

Como era ir ao banco no passado?

Totalmente diferente. Tudo tinha filas, muitas filas. Os computadores só se popularizaram nas agências bancárias lá pro meio dos anos 1980, então todos os processos eram manuais e levavam tempo. 

Sabe a poupança? Ela tinha um caderninho mesmo, onde eram anotados os depósitos e rendimentos – por isso muita gente ainda se refere a ela como "caderneta". E, claro, tinha o talão de cheque. É verdade que ele ainda existe, mas sem a força de antes. Até os anos 2000, quando os cartões de crédito entram com tudo na vida dos brasileiros, só dava para pagar algo a prazo preenchendo um cheque à mão ou fazendo um crediário na loja.

Mas não foram só as tecnologias financeiras que mudaram nos últimos anos. Os bancos também estão diferentes. Pensa só: quando você poderia imaginar abrir uma conta bancária por um aplicativo? Pedir por um cartão de crédito direto pelo celular e resolver toda e qualquer burocracia financeira sem sair de casa? Essas foram algumas das facilidades possíveis com a chegada das fintechs.

Qual será o futuro do dinheiro?

O dinheiro físico pode ter ficado um pouco de lado com a chegada do Pix e das moedas digitais, como as criptomoedas. Mas será que existe uma chance real dele deixar de existir?

Um levantamento do Instituto Locomotiva mostrou que mais de 60% das pessoas entrevistadas ainda usam dinheiro físico na hora de pagar, principalmente entre as classes D e E, que são menos bancarizadas. Renato Meirelles, presidente do Instituto e fundador do Data Favela, explica o fenômeno. "Muitas vezes o desconto à vista a pessoa só consegue com dinheiro vivo. Desconto que muitas vezes chega a 5% ao mês. Para o consumidor é a forma de fazer o seu dinheiro, que muitas vezes é escasso, render mais".

Na prática, isso significa dizer que novas soluções de pagamento, novos produtos financeiros e mais ferramentas de educação financeira vão chegar e cumprir um papel importante no dia a dia das pessoas – mas como a grande parte delas ainda é restrita a quem tem acesso a internet, a lição de casa para o futuro será entender como essas ferramentas podem se tornar mais democráticas, como diz Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade, o ITS.

"O dinheiro é o passaporte pelo qual a gente vive. Acho que o dinheiro vai estar sempre por aí, mas restrito a uma população que não tem internet. A moeda digital não vai substituir o papel porque ainda há desigualdade e falta de inclusão", afirma Fabro Steibel.

O papo sobre moedas digitais, inclusive, ainda tem muito pano pra manga. Alguns países como China e Índia já estão estudando a criação de suas próprias moedas digitais estatais, enquanto que El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar uma criptomoeda (no caso, o Bitcoin) como moeda oficial, ainda em 2021.

O que mais entra na cápsula do tempo pro futuro?

Como será o futuro? Renato Meirelles tem palpites. 

"Nós tivemos uma pandemia. Depois de toda a pandemia na história, há sempre um processo de renascimento. O processo onde as pessoas voltam a acreditar na ciência, criam um otimismo maior com relação ao futuro, voltam a chamar para si a perspectiva de melhora na própria vida. Foi assim no século passado, vai ser assim esse século de novo".

Renato olha para o futuro com o otimismo de quem conhece de perto a capacidade que o brasileiro tem de se reinventar, mesmo após períodos tão difíceis como o da Covid-19. Ele explica que não dá pra olhar para a pandemia sem enxergar duas facetas. A primeira é que ela jogou luz nas desigualdades que sempre existiram no Brasil e que se acentuaram em função do momento. A outra, é o da solidariedade que floresceu em cada brasileiro. 

"A pandemia ensinou a valorizar profissionais autônomos, que garantiram que o Brasil não fechasse. Passou a digitalizar a população e vários negócios não quebraram graças a essa digitalização. Ela aumentou substancialmente a inclusão financeira (e as fintechs cumpriram o papel fundamental para para isso), mas também jogou luz a um tipo de tecnologia social que muitas vezes passava despercebido pelas grandes empresas". 

Falar sobre o futuro também suscita questões ambientais. Afinal, o mundo nunca esteve tão quente, como aponta um relatório apresentado pela Organização Meteorológica Mundial na COP27 de 2022. A crise climática é, cada vez mais, um problema presente e urgente. Como podemos lidar com isso?

Ainda segundo Renato, a solução passa por trazer o problema para a realidade concreta das pessoas. Quer um exemplo? Reciclagem de lata de alumínio. "O Brasil é um dos líderes mundiais em reciclagem de latas de alumínio, porque isso gera renda. Então se a gente transforma os hábitos de sustentabilidade numa cultura de geração de renda, nós conseguimos promover um crescimento econômico que não coloque em risco o desenvolvimento da humanidade".

Pix Internacional: o que já se sabe

O Pix Internacional é uma ferramenta que está sendo desenvolvida pelo Bank Of International Settlements, ou Banco de Compensações Internacionais, na tradução para o português. Ele é conhecido como o Banco Central dos bancos centrais.

A ideia é criar uma única plataforma de transferências internacionais, através da qual seja possível enviar dinheiro entre países em segundos e sem muita burocracia – como a gente já faz com o Pix no Brasil. O outro lado dessa história, no entanto, diz respeito à segurança, como afirma Fabro Steibel, do ITS.

"O Pix Internacional é uma grande oportunidade e desafio. Há um risco que é tipo o Bitcoin: o código do Bitcoin não prevê o abuso do poder econômico. O desafio do Pix Internacional é saber como se proteger desses abusos, que acontecem porque são lucrativos. Ao mesmo tempo, há um ganho muito grande para pessoas que já fazem muitos negócios globais. Transferência de um país para outro para pessoas da mesma família e compras em outros países, por exemplo. Isso cria enormes vantagens para negócios e para direitos em geral".

Ou seja: essas inovações podem ser muito boas no dia a dia das pessoas, mas também trazem alguns perigos que vão exigir atenção. 

O futuro é um conceito curioso

Ninguém sabe ao certo como será o futuro. A única coisa que dá pra dizer é que a hora de plantar a semente com os frutos que se quer colher lá na frente é agora. É esse o momento de lançar a cápsula do tempo pro universo e torcer para aqueles que encontrarem essa mensagem um dia conheçam, com a ajuda da tecnologia, um mundo bem mais evoluído, dinâmico e igualitário.

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