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Sistema de metas de inflação: como vai funcionar a nova regra e o que você tem a ver com isso?

A maior parte dos países estabelece uma meta da inflação, que nada mais é que um limite de aumento dos preços. A partir de 2025, as metas de inflação do Brasil não vão mais considerar um ano, de janeiro a dezembro, mas um período contínuo.
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O aumento dos preços que você sente no bolso faz parte da dinâmica de qualquer economia e não é necessariamente ruim. Uma inflação baixa e estável, dentre outros fatores, indica que a economia está aquecida (que há uma busca maior por produtos e serviços do que a oferta), aumenta a arrecadação do Governo e os reajustes dos salários, e dá previsibilidade para os investidores, empresas e consumidores. 

Mas os benefícios da inflação só ocorrem se essa alta dos preços for controlada e previsível. É por isso que existe a meta de inflação – um limite definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em linhas gerais, esse teto considera a inflação de um ano fechado, de janeiro a dezembro. Mas, a partir de 2025, a forma como essa meta é definida vai mudar. 

Abaixo, entenda como vai funcionar o novo sistema de metas de inflação e o que você tem a ver com isso. 

O que é a meta de inflação?

A meta de inflação é um teto estabelecido para o aumento dos preços. Na prática, o Conselho Monetário Nacional – que é formado pelo ministro da Fazenda, presidente do Banco Central e Secretário Especial de Fazenda –, se reúne e define quais são os limites desejáveis do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice que mede a inflação oficial do Brasil. 

Em todos os países que adotam uma meta de inflação, ela tem basicamente o mesmo objetivo: trabalhar para garantir que haverá uma inflação controlada, que não prejudique os preços e o poder de compra da população, mas que também indique um crescimento sustentável e saudável da economia. Na prática, ter uma meta de inflação é uma maneira de dar mais segurança para o ambiente econômico, para investidores e para o cenário internacional – afinal, ela é um compromisso dos países e governos.

Com essa meta em mãos, o país trabalha para não ultrapassá-la. O responsável por isso é o Banco Central, que cuida da política monetária do país. Ou seja, é dele a tarefa de manter o custo e a quantidade de dinheiro na medida saudável. E, para isso, é preciso controlar a inflação.

O Banco Central usa algumas ferramentas para controlar o aumento de preços. E a taxa Selic é a principal delas. A Selic é a taxa básica de juros do país, e guia todas as outras taxas, inclusive a do seu cartão de crédito, de empréstimos, e rendimentos de muitos investimentos que você conhece, como a poupança. 

Como é estabelecida a meta de inflação? 

Para estabelecer a meta de inflação, o Conselho Monetário Nacional considera vários fatores, como as projeções para a economia interna e externa. Pelo sistema atual das metas de inflação, o Conselho define, em junho, a meta para a inflação dos três anos seguintes. 

Por exemplo, em junho de 2022, o Conselho definiu a meta para 2023, 2024 e 2025. Segundo o Banco Central, "esse horizonte mais longo reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo".

O sistema prevê ainda um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Por exemplo: a meta de inflação para 2023 é de 3,25%, mas, se o ano fechar com o IPCA entre 1,75% (1,5 ponto percentual abaixo da meta) e 4,75% (1,5 ponto percentual acima da meta), a inflação é considerada dentro da meta estabelecida. O limite máximo da meta de inflação (4,75%, no caso de 2023) é chamado de teto da meta.  

Confira, abaixo, as metas de inflação e o teto dos próximos anos:

AnoMeta de inflaçãoTeto da meta
20233,25%4,75%
20243%4,5%
20253%4,5%
Banco Central

Novo sistema de metas de inflação. O que vai mudar em 2025? 

Em 2025, quando o Conselho Monetário Nacional se reunir para definir a meta de inflação, ele não vai mais olhar para os anos fechados, de janeiro a dezembro, mas para períodos contínuos e mais longos. Como assim? 

Nesse modelo, a inflação precisa estar dentro de uma meta ao longo do tempo, que pode ser de até dois anos. Esse prazo ainda será definido pelo Banco Central. A ideia é que os períodos maiores eliminem movimentos de curto prazo dos preços e ajudem a dar mais previsibilidade para a economia. 

Traduzindo: em um ano, muita coisa pode acontecer, como uma guerra do outro lado do mundo, um pico nos preços de um produto importante no mercado internacional ou uma mudança na regra econômica de um país forte. Todos esses movimentos provocam um aumento da inflação por aqui. Mas essas altas costumam ser de curto prazo. 

Como a regra atual da meta da inflação considera um período de 12 meses, não dá tempo do efeito desses aumentos sazonais passarem, prejudicando o objetivo do ano. Não cumprir a meta passa uma imagem para o mercado interno e externo de que o Brasil não está nos eixos – e essas expectativas afetam a economia na prática: investidores saem do país, empresas congelam investimentos, como contratação de pessoal, e as pessoas ficam receosas com o futuro e param de gastar. 

Uma meta que considera um período maior de análise eliminaria os movimentos de curto prazo que afetam a inflação. O que não significa que o Banco Central terá "menos trabalho". Ao contrário, objetivos de longo prazo exigem um acompanhamento mais frequente para que os preços não saiam dos eixos. 

Como a nova regra da meta de inflação afeta a sua vida? 

Quando a inflação sobe, o Banco Central tende a aumentar a taxa de juros para controlar a alta dos preços. Com os juros maiores, as pessoas tendem a comprar menos tanto no curto prazo como no longo prazo. Como a meta atual considera 12 meses, o órgão precisa agir rápido sempre que a inflação aumenta demais – mesmo que essa alta seja sazonal. 

Na nova regra, o movimento da Selic pode ser mais controlado, porque não haverá a necessidade de uma ação rápida do Banco Central. Caso ocorra uma alta forte dos preços, por exemplo, ele vai poder "esperar" para entender se esse movimento é de curto prazo. Dessa forma, a tendência é que a Selic também não suba com tanta frequência. 

Para você, isso significa juros mais previsíveis e menores. Isso facilita planos de médio e longo prazo tanto para as pessoas físicas como para as empresas.

Os detalhes de como a nova regra será aplicada a partir de 2025 ainda serão definidos. Ainda não se sabe, por exemplo, se o intervalo de tolerância, de 1,5 ponto percentual, será mantido. 

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