O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, no dia 19 de março de 2025, aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano. Este é o quinto aumento seguido na taxa. Com a decisão, a Selic alcança o maior nível desde agosto de 2006.
A alta já era esperada pelo mercado. Na última reunião do Comitê, realizada em dezembro de 2024, foi comunicada a expectativa de mais dois aumentos seguidos, de 1 ponto percentual cada, caso a economia não desse sinais de que os preços de produtos e serviços recuariam. Em janeiro de 2025, ocorreu o primeiro desses dois aumentos e, agora, o segundo. De acordo com o próprio Copom, em comunicado, é possível que ocorram mais elevações.
Aumentos dessa magnitude na taxa são chamados de "choque de juros". Entenda a seguir porque o Banco Central elevou a Selic e os impactos da taxa no seu bolso.
Por que a taxa Selic subiu de novo?
A Selic subiu, de acordo com o Copom, por diversos motivos. O principal deles é a inflação. É por causa desse indicador que o Banco Central decide subir ou reduzir a taxa básica de juros.
É que a instituição usa a taxa Selic como ferramenta para controlar o aumento de preços. Assim, quando a Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Isso desestimula o consumo e favorece a queda da inflação. Afinal, pessoas e empresas pensam duas vezes antes de entrar em uma dívida com juros altos. E se há menos consumo de um produto ou serviço, os preços tendem a cair.
Desde janeiro de 2021, o Banco Central aumentou a taxa Selic 12 vezes seguidas e, depois, manteve os juros em 13,75% ao ano por mais sete reuniões, com a intenção de reduzir a inflação que estava alta nos últimos anos. Mas os efeitos dos aumentos da Selic costumam levar de seis a nove meses para serem sentidos na prática, e só começaram a se refletir na economia a partir do início de 2023.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2024, a inflação fechou 2024 em 4,83%, acima da meta de 3% estipulada pelo Banco Central para o ano. Essa meta é a variação da inflação que o Banco Central considera como saudável para a economia.
Para 2025, a expectativa também é de que a inflação ultrapasse a meta do ano – que também é de 3%. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, a inflação deve fechar 2025 em 5,66%.
Existem outros motivos que influenciaram no aumento da Selic?
Sim. No comunicado feito após a decisão, o Copom relacionou outros motivos para o aumento da taxa Selic em janeiro, além da inflação.
Ambiente externo "desafiador"
Um dos destaques da nota do Copom que explica o aumento da taxa de juros é o cenário externo, principalmente as decisões do banco central norte-americano, o Fed, sobre os juros dos Estados Unidos.
"O ambiente externo permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos. Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed e acerca do ritmo de crescimento nos demais países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho", disse o Banco Central, em nota.
E esse cenário externo, afirmou o BC, exige cautela por parte de países emergentes, como o Brasil.
Impacto da política fiscal nos preços
O Copom ainda afirmou que segue atento à política fiscal (que é basicamente a gestão do controle de gastos e receitas do país). Para o Banco Central, a percepção do mercado sobre o cenário fiscal tem afetado, "de forma relevante", os preços dos ativos.
Na prática, toda vez que o mercado fica receoso de que as contas do país não fechem no azul – quando os gastos do Governo ficam acima da arrecadação –, a percepção de risco do país aumenta. Ou seja, aumenta a desconfiança de que o país consiga realmente pagar seus compromissos. E isso afeta o câmbio: quanto maior o risco, menos investimentos (dólares) entram no país.
Mas o que isso tem a ver com a taxa básica de juros? A Selic é a mãe de todas as taxas, inclusive a de investimentos que atraem investidores estrangeiros. Quando o risco de um país aumenta, é preciso ter taxas de juros bem atrativas para fazer com que os investidores permaneçam no país.
Como a Selic afeta o seu bolso?
A taxa Selic é a taxa-mãe da economia. Ela é a taxa de juros referência do mercado. Quando ela sobe, os juros que você paga em diversos produtos de crédito tendem a aumentar também. E quando ela cai, esse crédito fica mais barato.
Na prática, os juros que você paga em compras a prazo, em financiamentos e empréstimos ficam maiores quando a Selic sobe.
Além disso, como a Selic é a ferramenta que controla a inflação, quando ela aumenta, espera-se que os preços comecem a cair. Contudo, esse movimento não acontece de forma imediata. O efeito do aumento da Selic nos preços de produtos e serviços leva meses para chegar ao bolso dos consumidores.
Para quem investe, o aumento da taxa Selic é uma boa notícia. É porque existem muitos ativos de renda fixa – investimentos considerados mais conservadores – que acompanham a taxa de juros. Ou seja, eles têm a rentabilidade atrelada à taxa: quando a Selic sobe, esses investimentos rendem mais. Exemplos desses ativos são o Tesouro Selic e CDBs que pagam a taxa CDI (uma taxa muito próxima à Selic).
No Nubank, investir nesses ativos é muito simples. Os clientes do Nu não precisam acessar outras plataformas para aplicar com segurança e nem lidar com ferramentas complicadas de entender. O portfólio de investimentos do Nubank está reunido na aba de Planejamento do app – identificada pelo símbolo do cifrão ($). Nessa seção, além do Tesouro Selic e CDBs, você também tem acesso a ações, BDRs, fundos, letras de crédito e mais.
A taxa Selic pode subir mais?
Pode e o Copom enfatizou que, "diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação", deve elevar a Selic novamente na próxima reunião, mas o ajuste deve ser "de menor magnitude".
"Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", disse o Banco Central em comunicado.
Mas muita coisa pode mudar no meio do caminho. Dependendo da situação econômica dos próximos meses, tanto interna como externa, o Banco Central pode mudar de ideia.
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