O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu, em setembro de 2024, aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 10,50% para 10,75% ao ano. Este é o primeiro aumento nos juros desde agosto de 2022.
A alta já era esperada e um dos motivos é a inflação, segundo informou o próprio Copom em comunicado. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada de janeiro a agosto é de 2,85% e, nos últimos 12 meses, de 4,24% – acima da meta de 3% estipulada pelo Banco Central para este ano.
Mas o que a inflação tem a ver com a Selic, quais os demais motivos para esse aumento, o impacto para o seu bolso e as perspectivas para a taxa de juros nas próximas semanas? Entenda a seguir.
Por que a taxa Selic subiu?
A Selic subiu, de acordo com o Copom, por diversos motivos. E todos giram em torno da inflação. É por causa desse indicador que o Banco Central decide subir ou reduzir a taxa básica de juros.
É que a instituição usa a taxa Selic como ferramenta para controlar a inflação. Assim, quando a Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Isso desestimula o consumo e favorece a queda da inflação. Afinal, pessoas e empresas pensam duas vezes antes de entrar em uma dívida com juros altos.
Desde janeiro de 2021, o Banco Central aumentou a taxa Selic 12 vezes seguidas e, depois, manteve os juros em 13,75% ao ano por mais sete reuniões, com a intenção de reduzir a inflação que estava alta nos últimos anos. Mas os efeitos dos aumentos da Selic costumam levar de seis a nove meses para serem sentidos na prática e só começaram a se refletir na economia a partir do início de 2023.
Desde 2023, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, vem desacelerando. O país chegou a registrar deflação (inflação negativa) em junho de 2023. Contudo, cenários internos, como as enchentes ocorridas no Sul do país, a seca extrema, incertezas internacionais fizeram com que a inflação voltasse a subir.
Os motivos do aumento da Selic em setembro, segundo o Copom
No comunicado feito após a decisão, o Copom relacionou alguns motivos para o aumento da taxa Selic em setembro.
Inflação
Como dito acima, apesar de ter desacelerado nos últimos meses, a ponto até de registrar deflação em agosto de 2024 (de -0,02%), a variação dos preços de produtos e serviços segue acima da meta para o ano no acumulado dos últimos 12 meses. Isso fez o Banco Central ser cauteloso.
Seca extrema
Nas últimas semanas, o país tem passado por um período de seca intensa, e o clima prejudica a produção de energia e produtos, diminuindo a oferta dos mesmos. Na prática, quanto mais difícil é ter energia e quanto menos produtos tem no mercado, o resultado é o aumento dos preços.
Essa alta não acontece de forma imediata. Leva-se um tempo para que esse efeito chegue ao bolso dos consumidores. A projeção dos economistas do Banco Central é de que a inflação feche 2024 em 4,26%, segundo o Boletim Focus do dia 16 de setembro. E essa projeção tem subido semana a semana.
Mercado de trabalho e atividade econômica dinâmicos
O mercado de trabalho tem alcançado as menores marcas de desemprego da história, enquanto o PIB tem projeções cada vez mais positivas. E o que isso tem a ver com a decisão do Copom? Segundo o próprio comitê esses números estão em um "dinamismo maior do que o esperado".
Na prática, as pessoas estão com cada vez mais dinheiro no bolso, porque elas estão empregadas. Ou seja, elas aumentam a demanda por produtos e serviços que, como dito acima, estão sendo afetados por diversos fatores internos e externos. Quando a demanda aumenta, mas a oferta não acompanha essa busca, os preços sobem mais ainda.
Como a Selic afeta o seu bolso?
A taxa Selic é a taxa-mãe da economia. Ela é a taxa de juros referência do mercado. Quando ela sobe, os juros que você paga em diversos produtos de crédito tendem a aumentar também. E quando ela cai, esse crédito fica mais barato.
Na prática, os juros que você paga em compras a prazo, em financiamentos e empréstimos ficam maiores.
Além disso, como a Selic é a ferramenta que controla a inflação, quando ela aumenta, espera-se que os preços começam a cair. Contudo, esse movimento não acontece de forma imediata. O efeito do aumento da Selic leva meses para chegar ao bolso dos consumidores.
A taxa Selic pode subir mais?
Pode, e o Copom deu sinais de que isso pode acontecer no comunicado do dia 18 de setembro. No texto, o Comitê afirmou que foi iniciado um ciclo.
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".
Ou seja, se a inflação continuar em ritmo acelerado em 2024, é possível que ocorram novos aumentos nas próximas reuniões. Mas muita coisa pode mudar no meio do caminho. Dependendo da situação econômica dos próximos meses, o Banco Central pode voltar a reduzir os juros.
Nesse nível, de 10,75%, a Selic é considerada uma taxa alta, mas ela já esteve ainda maior. Ouça, abaixo, como era a vida com a Selic acima de 14%.
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