Quando uma empresa privada decide abrir capital, é necessário que ela escolha em qual bolsa de valores suas ações vão ser negociadas. Isso pode acontecer na bolsa de valores local, do seu próprio país, ou em estrangeiras. Por meio dos ADRs, é possível que papéis de uma companhia sejam negociadas também nos Estados Unidos, mesmo sem ter aberto capital nele.
Parece confuso, mas não é: abaixo, veja o que é um ADR, como ele funciona e qual a lógica por trás dele.
O que é um ADR?
ADR é a sigla para o termo inglês American Depositary Receipt. De forma simples e objetiva, eles existem para permitir que empresas estrangeiras, com ações negociadas em bolsas dos seus países, também possam negociar suas ações nos Estados Unidos -- o ADR vale somente para o mercado estadunidense.
Ele é um tipo de DR, Depositary Receipt -- que nada mais é do que um recibo emitido no exterior que representa as ações de uma empresa. Ou seja: não se trata das ações propriamente ditas, mas de um certificado lastreado a uma empresa estrangeira e que, portanto, representa as suas ações.
Podem existir DRs de diversos países e o ADR é o relacionado ao mercado dos EUA -- os BDRs, por exempos, são os do mercado brasileiro.
Um exemplo: a Petrobras, empresa brasileira, possui um ADR que permite que os investidores dos Estados Unidos possam investir na empresa no pregão da bolsa americana, mesmo ela tendo ações negociadas no Brasil.
Uma das vantagens de emitir um ADR, para as empresas, é garantir que elas também estarão aptas a receber investimentos nos Estados Unidos -- especialmente na NYSE (New York Stock Exchange), que hoje é a maior bolsa de valores do mundo.
No Brasil, quem regulamenta a emissão de DRs (que incluem os ADRs) de empresas brasileiras é o CMN (Conselho Monetário Nacional) e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Como funciona um ADR?
Os investidores que compram um ADR de uma empresa não compram diretamente as suas ações -- ele é um título que representa essas ações. No caso de uma empresa brasileira, o ADR emitido por ela é referente às ações negociadas em reais na B3, a bolsa de valores brasileira. A diferença é que o ADR é cotado e negociado em dólar, por se tratar do mercado norte-americano.
Existem, além da empresa em si, duas partes envolvidas na emissão e negociação de um ADR:
- Uma instituição financeira no país de origem da empresa, onde as ações ficam depositadas e que vai atuar como "custodiante" desses papéis;
- E uma instituição nos Estados Unidos, que vai de fato emitir os recibos -- a chamada "depositária"; ela compra as ações que ficam bloqueadas no país de origem e, depois, distribui entre os investidores do seu país em alguma de suas bolsas de valores.
Tipos de ADR
Existem três tipos de ADR negociados nos Estados Unidos, que vão influenciar em como os papéis da empresa são negociados, seu volume e também a exigência que devem cumprir:
- ADR Nível 1: é o nível mais básico, voltado para empresas que cumprem somente os requisitos mais simples e que não querem ser listadas em bolsa. Ou seja: os ADRs desse nível não são negociados em bolsas de valores, mas sim no mercado de balcão;
- ADR Nível 2: aqui, os recibos já são negociados nas bolsas estadunidenses e, consequentemente, têm maior volume de negociação; as exigências para se emitir um ADR desse nível também são maiores;
- ADR Nível 3: esse ADR é emitido quando a empresa estrangeira faz uma oferta pública de ações, um IPO, em uma bolsa dos Estados Unidos; nesse nível, o ADR envolve também a emissão de novas ações da empresa. São muitas as exigências e a empresa ganha total visibilidade no mercado financeiro.
Por que saber o que é ADR?
Grandes empresas públicas brasileiras têm ADRs negociados nos Estados Unidos. Quando existe alta ou queda nas cotações desses recibos no mercado norte-americano, o comportamento das ações no Brasil tende a refletir isso, mexendo muito com o mercado.
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