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Brincadeiras de criança: como elas ajudam no desenvolvimento dos seus filhos?

Quanto mais uma criança brinca, mais ela adquire ferramentas para compreender o mundo e navegar por ele. Conheça os benefícios das brincadeiras de criança e como elas atuam no desenvolvimento cerebral.

Brincadeira de criança é coisa séria – e se engana quem pensa que não. Para os pequenos, elas vão além da pura diversão: o ato de brincar desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil. É por meio das brincadeiras que, de um jeito natural, as crianças conseguem aprender mais sobre si mesmas e sobre o mundo.  A ciência explica o porquê. 

"As brincadeiras são essenciais para formar a arquitetura cerebral de uma criança", diz Ana Escobar, pediatra, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e comunicadora em saúde. "Quanto mais uma criança brinca, mais os neurônios se comunicam entre si". 

Esse movimento de conexão entre os neurônios (também chamado de sinapse) é formado durante a primeira infância, mais precisamente até os 6 anos de idade, e muitas delas são estimuladas pelas brincadeiras. Um cérebro estimulado, lá na frente, vai contribuir para que as crianças tenham mais facilidade na aprendizagem. Depois, na vida adulta, basta estimular conexões que já foram feitas. 

"Vamos dizer que uma criança foi estimulada pelos pais a brincar com um instrumento. Dos 2 aos 3 anos ela faz várias conexões na região da habilidade motora para tocar um pianinho, ou um violãozinho, além de treinar a escuta musical. Se na adolescência ela quiser, de fato, aprender a tocar, as conexões já estão feitas e só precisam ser ativadas", explica a pediatra.

Estima-se que, até os 6 anos, as crianças formam de 600 a 800 sinapses por segundo. Antes mesmo de sair da barriga da mãe, um feto já tem mais de 100 bilhões de neurônios e 50 trilhões de sinapses – uma verdadeira máquina! 

Quais habilidades são desenvolvidas com as brincadeiras de criança?

Brincadeiras de criança são completas: elas ajudam a desenvolver habilidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais. 

Além de fazerem bem para as crianças, elas também influenciam os adultos. "Jogar futebol, andar de bicicleta, ou fazer qualquer atividade em família é algo super produtivo para todo mundo. Nos momentos de lazer, uma família troca emoções e essas emoções fortalecem os vínculos afetivos que a criança tem com as pessoas ao redor dela", diz Ana Escobar.

Habilidades desenvolvidas com brincadeiras de criança

  • Físicas: pular, andar, correr, pedalar, subir em árvore, dar cambalhota, se movimentar. Todas essas ações colaboram para que as crianças desenvolvam habilidades motoras importantes, além de fortalecerem o corpo como um todo: do coração, que aumenta sua frequência cardíaca, passando pelos pulmões, que se expandem e se contraem repetidas vezes, até os músculos, que se fortalecem. Tudo trabalha junto; 
  • Cognitivas: dar asas à imaginação é o grande dom da infância. Quanto mais uma criança é capaz de imaginar cenários lúdicos, mais ela exercita sua capacidade de pensar, resolver problemas, tomar decisões e ser criativa. Essa capacidade de imaginar é o que vai diferenciar os adultos no futuro; 
  • Emocionais e sociais: as brincadeiras de criança permitem que os pequenos aprendam valores e expressem emoções. Em jogos coletivos, elas partilham experiências, trabalham juntas, resolvem conflitos, praticam a empatia e lidam com o estresse, perda e frustração; 
  • Linguísticas: enquanto brincam, as crianças usam o corpo todo como linguagem. Além da fala, elas se expressam por diferentes meios para comunicar ideias, pensamentos e sentimentos.

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Toda brincadeira de criança é boa. Mas algumas são melhores que outras

Quando uma criança brinca, é como se, dentro do cérebro dela, funcionasse uma orquestra inteira. Ao usar o corpo como instrumento do brincar, ou inventando brincadeiras com os objetos que tem por perto, as crianças ativam todos os integrantes dessa orquestra. O mesmo não acontece com jogos no celular.

"Brincando com uma tela, a criança não mexe o olho [porque ela está em uma distância próxima da tela], não mexe o corpo além dos dedinhos e não sai do mesmo lugar. Por mais que ela jogue uma bolinha pra lá e pra cá, por exemplo, ela está estimulando uma área muito pequena do cérebro", diz Ana Escobar. 

Em vez de tocar a orquestra inteira, ela toca apenas um violino. 

É por isso que as telas são contraindicadas para crianças menores de 2 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial de Saúde. A infância é um período extremamente sensorial. Além de ser exposta a brincadeiras, também é importante que elas sejam diversas. "É claro que as telas fazem parte da vida, mas uma tela recreativa, onde a criança é deixada para se distrair por muito tempo, não é recomendada. A recreação em telas, depois dos 2 anos, deveria ser de, no máximo, duas horas por dia, até mesmo para adultos", completa a pediatra.

A importância do brincar livre

Brincar livre é um termo usado para falar dos momentos de interação que uma criança tem com outras (ou até mesmo sozinhas) de forma espontânea, sem a intermediação de um adulto que dite o que precisa ser feito. É um momento livre para que elas mesmas decidam como e com o que vão brincar. 

É do brincar livre que nasce a espontaneidade e a criatividade, mas cada vez menos crianças exercem esse direito. Seja porque estão imersas em uma rotina cheia de atividades, seja porque as brincadeiras com telas são muito presentes na infância, cada vez mais cedo. 

Uma pesquisa de 2022, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, mapeou os hábitos de crianças e adolescentes brasileiros. A pesquisa descobriu que 92% da população entre 9 e 17 anos utiliza a internet. Isso equivale a aproximadamente 24 milhões de crianças e adolescentes.

Outro estudo, feito pela agência de marketing britânica OnePoll em 2022, descobriu que as crianças brincam menos ao ar livre hoje do que os seus avós. Apenas 27% das mais de três mil famílias analisadas afirmam que realizam atividades fora de casa. Esses números demonstram que as novas gerações estão perdendo tempo de qualidade ao ar livre.

Há também um paradigma no desenvolvimento infantil que diz respeito à mediação dos adultos. Existe a ideia de que a criança só aprende e só se desenvolve quando treinada por um adulto, o que faz com que muitos pais encham a rotina dos filhos com atividades pré-determinadas, sem tempo para brincadeiras espontâneas. 

"Pais que querem garantir um futuro saudável para os seus filhos têm que deixá-los brincar livremente, inclusive sozinhos. Esse ócio criativo vai fazer com que elas tenham ideias. Deixar a agenda livre para que elas decidam o que fazer é essencial", diz a pediatra.

Brincadeiras de criança de acordo com a faixa etária

Se você está em dúvida sobre como brincar com os seus filhos, aqui vão algumas ideias, de acordo com a faixa etária. 

  • Até os 2 anos: as brincadeiras mais simples são as que os bebês mais gostam. Sabe essa coisa de cobrir e descobrir rosto com as mãos? Esse esconde-esconde, para os bebês, é como uma mágica. Você também pode oferecer bloquinhos de empilhar e objetos para derrubar, além de cantar e dançar músicas infantis. Todos esses movimentos trabalham a coordenação e a linguagem;
  • Dos 3 aos 5 anos: as histórias devem estar presentes em toda a vida das crianças, mas na primeira infância elas têm uma importância ainda maior. Ler ou inventar um universo de faz de conta permite que elas estimulem a imaginação. Nesta fase, as crianças já têm maior domínio motor. Você pode oferecer papéis e pincéis para que ela faça desenhos, por exemplo. Ou ainda usar panelas e objetos da sua própria casa que emitam sons e montar uma banda improvisada com instrumentos construídos pela própria criança;
  • Dos 6 aos 8 anos: brincadeiras mais complexas já fazem parte da rotina dos pequenos nesta faixa de idade. Esse pode ser um bom momento para estimulá-la a jogar com outras crianças. Pega-pega, esconde-esconde, queimada, amarelinha, seu mestre mandou… São muitas as possibilidades. Nos dias de chuva, vale reunir a criançada para atividades internas, como jogos de tabuleiro e de cartas, como o Jogo da Vida.
  • Dos 9 aos 12 anos: além de todas as brincadeiras anteriores, nesta idade as crianças podem treinar seu senso de estratégia com jogos mais complexos. Que tal criar uma caça ao tesouro no quintal de casa? Elas também podem aprender algo novo, como andar de bicicleta e patins.

Vale lembrar que a supervisão de um adulto nas atividades é importante, mas também é recomendado que as crianças fiquem livres para interagir entre si. 

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