Bons salários, dificuldade de encontrar emprego no Brasil, oportunidade de crescimento, qualidade de vida e mais segurança. Esses são alguns dos motivos que chamam a atenção de brasileiros que desejam trabalhar fora do país.
Em 2022, a comunidade brasileira no exterior ultrapassou os 4,5 milhões de pessoas, segundo levantamento do Ministério das Relações Exteriores. As concentrações mais expressivas estão nos Estados Unidos, Portugal, Paraguai, Reino Unido e Japão.
Se você faz parte do grupo que sonha em morar e trabalhar fora do país, confira, abaixo, seis lugares que aceitam brasileiros como funcionários.
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Trabalhar fora do país: 6 países que aceitam brasileiros
Diversos países aceitam brasileiros para trabalhar. No entanto, alguns costumam oferecer mais oportunidades de emprego. Confira a seguir como funciona em alguns deles.
1. Alemanha
Com o objetivo de atrair profissionais qualificados, principalmente na área de tecnologia da informação, saúde, engenharia e comunicação, a Alemanha costuma facilitar o processo de liberação do visto de trabalho.
Quem tem interesse em buscar emprego, pode ficar no país por até seis meses. Esse tipo de visto permite que trabalhadores especializados que possuem formação universitária ou experiência profissional reconhecida viajem para a Alemanha por, no máximo, 180 dias para procurar uma vaga que corresponda às suas qualificações.
Para solicitar esse visto, você deve:
- Ter formação acadêmica ou experiência profissional com reconhecimento na Alemanha;
- Ter como se manter no país – pelo menos € 1.027 euros (cerca de R$ 5 mil) por mês – para todo o período do visto (180 dias).
Para solicitar o documento em um consulado geral, no dia agendado você deverá apresentar uma série de documentos (original e cópia simples). Confira aqui quais são eles.
Os prós e contras da vida na Alemanha
Existem aqueles que já embarcam com emprego garantido. É o caso do cearense Erik Alves, 30 anos, que se mudou com a esposa, Natália de Magalhães, para a Alemanha, em junho de 2023, porque foi contratado como gerente de projetos sênior em uma empresa de cosméticos em Hamburgo.
"No Brasil, eu não estava satisfeito com as possibilidades de crescimento no meu setor e nem com as possibilidades de realocação. Apesar de não ganhar mal, meu salário não me permitia fazer algumas coisas que eu queria. Por isso, decidi fazer o processo seletivo para a vaga na Europa", conta.
No trabalho, Erik lembra que a adaptação foi instantânea. Mas, como toda grande mudança, tem seus prós e contras. "Na minha rotina eu falo inglês a maior parte do tempo, aqui são 39 horas semanais de trabalho e 30 dias úteis de férias [no Brasil, a jornada é de 44 horas por semana e 30 dias corridos de férias]", compara. "Embora os impostos sejam altos, eu não gasto mais com várias outras coisas. Por exemplo, não há necessidade de ter carro, pois o transporte público funciona muito bem para o que precisamos", diz o gerente de projetos.
Porém, a língua acaba sendo uma barreira e a distância de casa pode ser difícil. "Sinto falta de saber mais o alemão, principalmente em casos que envolvem burocracia. Não entender me irrita um pouco", compartilha. "Além disso, tem o fato de não ver a família e nem os amigos, e não estar presente em datas especiais, como Natal, Ano Novo e aniversários".
Para Erik, no fim das contas, o saldo é positivo. "Foi a decisão mais complexa que já tomei na vida, mas considero assertiva. Tenho uma relação saudável com o trabalho, fizemos amizade com brasileiros, e ainda temos explorado o continente", avalia.
2. Austrália
Entre as principais oportunidades de trabalho na Austrália, o governo oferece vagas para profissionais das áreas da saúde, tecnologia da informação e engenharia.
Vale consultar a lista de profissões com mais vagas abertas no site oficial do país. Se houver interesse, o candidato deve enviar uma carta de intenção chamada de “Expression of Interest (EOI)” e uma série de documentos ao consulado geral. Caso seja aprovado, ele pode iniciar a solicitação de visto permanente.
Outra opção de visto procurada pelos brasileiros é combinar estudo e trabalho. Essa modalidade permite que o intercambista adquira algum conhecimento e ainda tenha a possibilidade de fazer uma renda durante meio período.
3. Canadá
O jeito mais comum (e mais fácil também) de conseguir um emprego no Canadá é ingressar no país como estudante e solicitar o “post-graduation work permit” (autorização de trabalho pós-graduação, em português). Essa permissão é oferecida a estudantes que concluíram um curso de pelo menos oito meses no país e desejam trabalhar no Canadá. Ela é válida por três anos. Porém, após esse período, o estrangeiro pode solicitar o visto de permanência.
Outra alternativa é ser contratado por uma empresa canadense e solicitar o visto de trabalho. Em províncias como Quebec, existem programas de contratação de estrangeiros que querem trabalhar fora.
A experiência de morar no Canadá
Em 2013, a americanense Debora Dundes, gerente administrativa, hoje com 36 anos, percebeu que era hora de melhorar o inglês. El já havia morado em Denver, nos Estados Unidos, por sete meses, e começou a fazer aulas intensivas e de conversação para ganhar mais confiança e fluência na língua. Foi quando decidiu ir para o Canadá – onde vive até hoje.
"Inicialmente, vim pra ficar oito meses. Logo quando cheguei, entrei no nível dois de uma escola ESL (Inglês como Segunda Língua, em português) – que tinha 12 níveis", relembra. "Logo de cara percebi que se ficasse dois meses a mais do que eu havia planejado, eu completaria todos os níveis da escola, se não reprovasse. Foi o que eu fiz", diz.
Seis meses depois, Debora resolveu procurar um emprego informal, já que o seu visto era só de estudante. Então foi trabalhar meio período de babá para uma família canadense. Após um ano, ela se tornou funcionária de uma creche. "Foi o meu primeiro emprego já com visto de trabalho no Canadá", conta ela.
Algum tempo depois, Debora conheceu Jay, um jovem canadense, que hoje é seu marido. Atualmente, o casal mora em Mississauga, perto de Toronto, e a brasileira atua como gerente administrativa em uma empresa de reserva de hotéis, atrações turísticas e voos.
"O maior desafio sempre foi a cultura. Não entender as leis do trabalho e os meus direitos. Além disso, aqui no Canadá existe algo chamado 'experiência canadense', que muitas empresas pedem e então eu não tinha o suficiente. Alguns trabalhos precisavam de curso superior e meu diploma não é válido no país", conta. "Então comecei a trabalhar com atendimento ao cliente nessa empresa que estou hoje e passei para a área de treinamento", relembra.
"Com a pandemia, o setor do turismo foi muito afetado e eu acabei sendo desligada, junto a outros colegas", diz. "Aí fui trabalhar como analista de suporte numa empresa de empreendedores online. Um ano depois, fui chamada de volta para a companhia no ramo de turismo, na qual estou há dois anos", finaliza.
4. Irlanda
Quem vai para a Irlanda fazer intercâmbio pode conciliar estudo e trabalho. Com o visto da categoria “Stamp 2”, é possível trabalhar até 20 horas semanais durante o período de aulas e até 40 horas em meses específicos (entre junho e setembro e entre 15 de dezembro e 15 de janeiro).
Para se enquadrar na categoria do Stamp 2, é preciso estar matriculado em um curso de idiomas com duração mínima de 25 semanas em uma instituição aprovada pelo governo Irlandês ou uma universidade. Esse tipo de visto tem validade de oito meses.
Vale dizer que dá para renovar o visto duas vezes, desde que se matricule em um curso novamente, podendo permanecer até dois anos como estudante de idiomas na Irlanda. Se o intercambista decidir ingressar em uma universidade, ele tem mais cinco anos para renovar o visto, sempre com disponibilidade para trabalhar 20 horas semanais.
Caso você receba uma oferta para trabalhar na Irlanda, é preciso dar entrada no processo de aplicação do visto, acessando o portal do Department of Business, Enterprise and Innovattion (DBEI) e preenchendo um formulário online.
Quando o assunto é salário e trabalho na Irlanda, é preciso, em primeiro lugar, esquecer a ideia de remuneração mensal, como acontece no Brasil. No país, grande parte das empresas pagam semanalmente, e a base salarial é anual.
5. Portugal
O Brasil faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) junto a Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Para os cidadãos desses países, a Lei de Estrangeiros em Portugal garante mais facilidade na hora de solicitar e emitir vistos, já que os pedidos não precisam passar pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para serem aprovados.
Para conseguir o visto de trabalho no país, o ideal é ter um contrato de trabalho ou, pelo menos, uma promessa de contrato. Porém, em 2022 foi criado um visto específico para procurar emprego, com duração de 120 dias.
Caso consiga trabalho, o prazo pode ser estendido por mais 60 dias para resolver os trâmites da contratação. Também é possível solicitar o pedido de residência permanente, caso o contrato tenha duração superior ao prazo do visto.
6. Itália
A Itália também está entre os países que aceitam trabalhadores brasileiros, principalmente nas áreas da agricultura (um dos principais setores econômicos do país), saúde, tecnologia da informação e engenharia.
O mercado de trabalho italiano costuma ser receptivo com os estrangeiros. Entre os motivos que levam as empresas a buscar mão de obra fora do país está o envelhecimento da população.
Falar italiano impacta na contratação e no salário
Vale dizer que ter uma experiência prévia no exterior e saber falar italiano, por exemplo, são diferenciais que influenciam na contratação e até na remuneração – já que inglês não é a língua predominante no país.
Este foi um dos aprendizados na jornada de Marcos da Costa Barros, 59 anos, engenheiro de pesquisa e desenvolvimento que se mudou a trabalho e atualmente vive no sul da Itália. "Ter aprendido o italiano ajuda muito no contato com as pessoas que vão te receber e instituições como prefeitura, bancos e diversos órgãos que se tem contato durante a transferência de um país para o outro", comenta.
Ele já havia passado um período na Alemanha alguns anos atrás. Porém, em 2021, a empresa que ele trabalhava no Brasil, focada em projetos de semicondutores, fechou o seu centro de desenvolvimento no país. Então, para continuar trabalhando na área e em uma empresa renomada, Marcos resolveu abrir o LinkedIn para oportunidades no exterior.
"Uma empresa francesa, com escritório no sul da Itália, se interessou pelo meu perfil e começamos a conversar. A companhia tinha projetos muito interessantes, que me permitiriam continuar crescendo profissionalmente e ainda me possibilitaram ter uma experiência com a cultura italiana", conta.
Ao ser aprovado no processo seletivo, veio a parte que o engenheiro considera mais difícil: definir se iria ou não, já que a família ficaria no Brasil. Ou seja, se aceitasse o trabalho na Itália, ele passaria muito tempo sozinho. "Decidi aceitar o desafio, tendo em vista que seria por tempo limitado, por volta de 3 ou 4 anos, até que pudesse me aposentar", conta.
Nem sempre acontece, mas, no caso de Marcos, a empresa deu todo suporte para liberação do visto de trabalho, cobrindo os custos e também fornecendo ajuda financeira para o deslocamento para a Itália. Mesmo assim, o processo foi longo.
"Tive que fornecer uma série de documentos como histórico escolar, programa curricular completo das matérias do curso superior e declaração de autenticidade de diploma da Universidade", relembra. "Tudo traduzido e juramentado. Foram seis meses até obter o visto de trabalho", diz o engenheiro.
Precisa de visto para trabalhar fora do país?
A exigência de visto para trabalhar fora do país varia de acordo com o lugar. Argentina, Paraguai e Uruguai, por exemplo, não exigem visto de trabalho para brasileiros. Nesses países, é possível morar por até 2 anos sem o documento. Já no Chile, o prazo é de 1 ano para procurar emprego sem a necessidade do visto.
O visto de trabalho é exigido em todos os países listados acima, assim como nos Estados Unidos e em outros locais da Europa.
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