Responder como vai a economia não é fácil e envolve muitos fatores. Mas há alguns grandes indicadores que ajudam a nortear essa resposta: entre eles, se destacam o PIB, o IPCA e o IGP-M.
Quem são eles? De forma simplificada:
- PIB é a sigla para Produto Interno Bruto. Ele é a soma de todos os produtos e serviços finais produzidos em um país. Ou seja, quando você ouve que o PIB cresceu, é porque essa soma aumentou. Quando o PIB caiu, é porque a soma diminuiu.
- IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é o principal indicador da inflação no Brasil, porque mede a variação de preços de produtos e serviços. Se o IPCA sobe, é porque a média dos preços está aumentando.
- IGP-M, finalmente, é o Índice Geral de Preços-Mercado. Ele também é um indicador da inflação, mas reflete a oscilação de preços em todos os estágios de produção – e não só quando eles chegam ao consumidor final. Ele também serve como o padrão para reajustar os contratos de aluguéis de imóveis.
Não é que eles sejam os três índices mais importantes da economia. Mas ganham um destaque maior porque, juntos, desenham um bom retrato da situação econômica.
Enquanto o PIB indica o quanto a economia como um todo está crescendo ou diminuindo, o IPCA e IGP-M mostram como isso está impactando diretamente o bolso das pessoas.
E qual é o estado deles hoje? Vamos por partes.
1. PIB
O PIB é um valor monetário: ele cresce ou diminui sempre em relação ao período anterior – é por isso que você sempre ouve falar dele em porcentagens.
Por exemplo: um país fecha o primeiro trimestre com o PIB de US$100 bilhões: isso significa que, naqueles três meses, a soma de todos os produtos e serviços finais geraram esse valor. No trimestre seguinte, o valor foi de US$102 bilhões. Em outras palavras, o PIB cresceu 2%.
E como anda o PIB do Brasil?
O PIB do país em 2021 subiu 4,6%. Sozinho, esse número pode causar bastante otimismo, mas ele não significa que a economia está recuperada, nem mesmo que a crise está próxima de melhorar.
A primeira coisa que precisa ser compreendida é o fator percentual. No segundo trimestre de 2021, o PIB cresceu menos, 1,9%. Contudo, nos quatro trimestres anteriores, o PIB havia caído 3,5% (1º trimestre de 2021), 3,9% (4º trimestre de 2020), 3,3% (3º trimestre de 2020) e 2,1% (2º trimestre de 2020).
Ou seja, os 4,6% de aumento ainda mantêm o valor absoluto do PIB bem abaixo do que ele estava há cerca de um ano.
Além disso, quando se perde um valor percentual, a proporção fica diferente na hora de ganhar de volta. Por exemplo: se você tem R$10 e perde 10%, significa que perdeu R$1, ficando com R$9. Se, no mês seguinte, ganha 10%, essa porcentagem é aplicada ao novo valor de R$9. Portanto, seu novo valor final é de R$9,90 e não os R$10 originais.
Agora pense nisso aplicado a trilhões de reais. A perda absoluta é um pouquinho maior.
Outro fator importante para entender o aumento do PIB (e por que ele talvez não reflita um cenário positivo olhando pra frente) é o auxílio emergencial. O terceiro trimestre foi o período em que a maioria dos beneficiários do auxílio em mãos pelo menos uma parcela de R$600, o que estimulou o consumo.
Na próxima análise, esse já não será o caso: a maioria das pessoas agora recebe R$400. Isso, mais a taxa de desemprego (12,6%) sugerem que as pessoas devem comprar menos.
2. IPCA
Você deve ter reparado que a gasolina foi a grande “vilã” dos preços em 2021: o litro chegou a superar R$ 7 em muitos Estados brasileiros.
Quem registra essas altas todas é o IPCA. A sua variação mostra o aumento generalizado (em outras palavras, a inflação) dos preços para os consumidores finais – não só de alimentos, como também de combustíveis, vestuário, entre outros grupos.
E como anda o IPCA?
Segundo dados do IBGE, a inflação medida pelo IPCA fechou 2021 em 10,06%, o maior índice desde 2015. O dado também ficou bem distante da meta estipulada pelo Banco Central, que era de 3,75% para o ano.
E a projeção é que a inflação continue subindo. Em abril de 2022, o IPCA acumulou uma alta de 12,13% nos últimos 12 meses.
3. IGP-M
O motivo para tanta gente prestar atenção no IGP-M no dia a dia é que, como padrão, ele é o índice usado para reajustes dos contratos de aluguéis.
Em outras palavras: se o seu aluguel é de R$1.000 e o IGP-M aumenta 10% no período de ajuste do seu contrato, o dono do imóvel pode passar a cobrar R$1.100.
E como anda o IGP-M?
Bom, ele não aumentou só 10%, como o IPCA. O aumento acumulado em 2021 foi de 17,78%, segundo a FGV. Ou seja, aquele aluguel de R$1.000 poderia, na verdade, passar para R$1.177,80.
Em abril de 2022, o índice subiu 1,41%, acumulando uma alta de 14,66% em 12 meses.
O efeito das commodities (bens de consumo negociadas em bolsas de valores no mundo todo, como o milho e a soja) é um dos que mais vêm mexendo no ponteiro do índice.
Elas vêm sendo mais exportadas, também graças à alta do dólar e ao aumento do consumo no exterior, deixando o preço mais caro aqui no Brasil.
Para os locatários, existe margem para negociação. Quem tem contrato de aluguel prestes a completar aniversário pode negociar com o proprietário ou imobiliária para que o valor não suba tanto quanto o IGP-M – afinal, ele está muito mais elevado que o IPCA, que reflete um retrato mais fiel da inflação no país.
Existem até imobiliárias que começaram a propor o IPCA como índice para reajuste no contrato. Quem chega à conversa munido de informações consegue mais cartas na manga na hora de negociar.
Resumindo
A crise não acabou. E o Brasil e o mundo ainda devem sentir seus efeitos por um bom tempo. O momento ainda é de muitas incertezas, com perguntas em aberto a respeito de como lidaremos com a covid-19 nos próximos anos.
Mas uma coisa é certa: se manter informado sobre o que está acontecendo é um passo essencial para passar por esse período da melhor forma possível.
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