Se hoje você usa um computador ou se conecta a uma rede Wi-Fi, é porque uma mulher tornou isso possível. Também foi uma mulher que criou o primeiro aparelho transmissor de ilusão da história, que seria o embrião para a exibição de filmes 3D. O legado deixado por mulheres na tecnologia é imenso, mas ainda pouco reconhecido.
Ao longo da história, mulheres inventoras têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de tecnologias das quais você provavelmente teria dificuldade de viver sem. Neste Dia Internacional da Mulher, conheça a história e a obra de inventoras que abriram caminhos para outras mulheres na Ciência e moldaram o mundo moderno de forma irreversível.
1. Ada Lovelace, a primeira programadora do mundo
A primeira pessoa do mundo a escrever um código de computador foi Ada Lovelace, uma matemática e escritora inglesa que viveu durante o século 19.
Suas pesquisas sobre a máquina analítica de Charles Babbage, algo que na época era uma espécie de "avô" dos computadores, foram importantes para sedimentar os fundamentos básicos da programação. Mais tarde, seu trabalho influenciaria pesquisadores como Alan Turing.
A obra de Lovelace se destaca pelo vanguardismo. As anotações deixadas por ela são mais do que apenas os primeiros algoritmos processados por uma máquina. Naquela época, seus textos já davam sinais de todo potencial que o mundo da computação viria a ter. Ela foi a primeira a especular sobre o futuro dos computadores e sua capacidade de ir além de simples cálculos numéricos.
Ada Lovelace faleceu precocemente, aos 36 anos de idade, em função de um câncer uterino. Mas seu legado vive ainda hoje e inspira uma nova geração de mulheres programadoras – inclusive, o escritório do Nubank tem uma sala em sua homenagem. Confira no vídeo abaixo.
2. Hedy Lamarr, estrela de Hollywood e inventora do Wi-Fi
Hedy Lamarr foi uma atriz austríaca que transcendeu seu estrelato em Hollywood para se tornar uma inventora pioneira.
Ela iniciou a carreira nas telas, atuando em filmes como "Ecstasy" (1933) e "Sansão e Dalila" (1949). Mas além de uma performance exemplar no cinema, ela também possuía uma mente brilhante para a inovação.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Lamarr co-criou um sistema de salto em frequência para guiar torpedos usando sinais de rádio, ao lado do inventor George Antheil. O sistema permitia que o sinal de rádio transitasse entre canais de maneira aleatória e contínua, sem perder a conexão.
Esse método reduziu os riscos de interceptação do sinal e, anos depois, permitiu o desenvolvimento de ferramentas como GPS, Wi-Fi e Bluetooth.
O legado de Hedy Lamarr como inventora ganhou reconhecimento nas últimas décadas, incluindo sua introdução póstuma no National Inventors Hall of Fame, em 2014. A história de Lamarr é uma inspiração e símbolo poderoso para mulheres na tecnologia.
3. Grace Hopper, a cientista que criou o COBOL e popularizou o termo "bug"
Grace Murray Hopper foi uma pioneira na área da computação, reconhecida por moldar as bases da programação moderna entre as décadas de 1940 e 1950. Graduada em matemática e física pela Vassar College e doutora pela Universidade de Yale, ambas nos Estados Unidos, Hopper ingressou na Marinha norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial, onde trabalhou no desenvolvimento do Harvard Mark I, um dos primeiros computadores da época.
Ela percebeu cedo a necessidade de tornar a programação acessível ao público, o que a levou a desenvolver o primeiro compilador, um programa capaz de traduzir instruções escritas em linguagem humana para código-máquina. Este trabalho foi fundamental para a criação do COBOL, uma das primeiras linguagens de programação de alto nível, amplamente utilizada no mundo dos negócios.
Conhecida carinhosamente como "Amazing Grace", Hopper também ganhou notoriedade por popularizar o termo "bug" para se referir a uma falha no computador. Enquanto liderava uma equipe na Universidade de Harvard, o grupo encontrou um inseto em uma das máquinas e utilizou a expressão para descrever o problema causado no sistema.
4. Marie Van Brittan Brown, criadora do primeiro sistema de segurança doméstico
Marie Van Brittan Brown, uma enfermeira negra norte-americana, é reconhecida pela criação do primeiro sistema de segurança residencial. Tanto ela, quanto o marido, o eletricista Albert Brown, não tinham horário fixo: ambos cumpriam longas jornadas de trabalho e sempre chegavam tarde em casa.
O receio gerado pela insegurança no bairro onde morava em Nova York, na década de 1960, e a demora da polícia em responder ao chamado das vítimas, motivaram Marie a criar seu próprio sistema de segurança, com câmeras que possibilitam a identificação de desconhecidos. Albert também participou da invenção, aproveitando suas habilidades como eletricista para contribuir no desenvolvimento e implementação do projeto.
5. Valerie Thomas, criadora do primeiro aparelho transmissor de ilusão de óptica
Valerie Thomas é uma cientista e inventora afro-americana nascida na década de 1940. Reconhecida por suas contribuições significativas na área da óptica e tecnologia de imagens, Thomas se destacou ao inventar o Illusion Transmitter, em 1980, um dispositivo que utiliza princípios ópticos para criar imagens tridimensionais.
Seu trabalho revolucionário na NASA, onde trabalhou por mais de três décadas, contribuiu para o desenvolvimento de tecnologias avançadas de visualização e comunicação. Inclusive, os filmes 3D que conhecemos hoje foram beneficiados pela pesquisa da cientista. O trabalho de Thomas influenciou a compreensão das tecnologias de visualização tridimensional como aquelas usadas em telas cinematográficas.
6. Radia Perlman, a "mãe" da internet
Radia Perlman, nascida em 1951, é uma engenheira e cientista da computação famosa por suas contribuições no desenvolvimento de tecnologias de redes. Ela é conhecida por criar, na década de 1980, o Spanning Tree Protocol (STP), um algoritmo importante para redes locais (LANs) que facilita a comunicação entre computadores, evitando problemas e garantindo a estabilidade das redes.
Seu trabalho com o STP lhe rendeu o título de "mãe" da internet. Perlman também teve um papel essencial no desenvolvimento de diferentes formas de fazer redes de computadores funcionarem melhor. Ela criou algoritmos para torná-las mais eficientes e confiáveis, contribuindo para o progresso nessa área.
Ao longo de sua carreira, Perlman lecionou em faculdades e trabalhou em várias empresas de tecnologia. Ela é reconhecida e admirada não apenas por suas conquistas técnicas, mas também por inspirar outras mulheres na tecnologia.
7. Cheiko Asakawa, criadora do Home Page Reader
Cheiko Asakawa é uma mulher cega e criou o Home Page Reader, em 1997, um dos primeiros leitores de tela para facilitar a navegação na internet para pessoas com deficiência visual.
Os projetos de pesquisa de Asakawa incluem também um processador de texto para documentos em braille; uma biblioteca digital para documentos em braille; um plug-in de navegador que converte texto em fala; um mecanismo de navegação mais intuitivo para pessoas cegas e um sistema que permite que web designers experimentem a internet como pessoas cegas.
8. Susan Kare, pioneira na pixel art
Susan Kare é uma designer gráfica visionária, especializada em pixel art. Ela se tornou uma referência após a criação dos ícones e da interface gráfica do primeiro Macintosh, em 1984. Além disso, ela deixou sua marca no design de fontes e ícones para a Microsoft.
Quando você usa seu computador, coloca emojis em mensagens ou move arquivos para a lixeira, está interagindo com o legado da designer Susan Kare. No início da década de 1980, Kare foi recrutada pela Apple por intermédio de um colega de escola que já fazia parte da equipe da empresa liderada por Steve Jobs.
Como membro da equipe de design do Macintosh, ela desempenhou um papel fundamental na criação da interface gráfica e das fontes do sistema operacional, sendo posteriormente promovida a Diretora de Criação na Apple.
Os designs inovadores de Kare para o Macintosh incluíam o icônico rosto sorridente na tela inicial, a representação de uma lixeira para arquivos descartados e um símbolo de disco de computador para salvar arquivos, elementos que agora são comuns na era digital.
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