Balanço patrimonial: entenda como acompanhar a saúde financeira da sua empresa

O relatório dá uma visão completa das finanças, além de detalhar os ativos, passivos e o patrimônio líquido. Entenda.

Para entender o que é balanço patrimonial no cotidiano de qualquer pessoa, imagine a seguinte situação. Chegou o dia mais esperado do mês e você recebeu seu salário. Você pega o dinheiro e começa fazer os pagamentos. Quita a fatura do cartão de crédito, paga o aluguel, separa o valor da compra do mercado e todas as outras contas daquele mês. No final, sobra R$ 500 na conta. Isso quer dizer que as contas fecharam no azul? Não necessariamente. 

O balanço patrimonial serve para ajudar empresas (e até pessoas físicas) a entender se as finanças realmente estão em equilíbrio – além do fluxo de entrada e saída de dinheiro. Nessa conta são considerados outros fatores como dívidas, parcelamentos, valores a receber e até o patrimônio da empresa convertido em dinheiro, como automóveis e prédios, por exemplo. 

A gestão financeira é hoje um dos problemas das empresas brasileiras, como mostra o estudo "Desafio dos empreendedores brasileiros", conduzido pela rede de empreendedores Endeavor Brasil. Na análise, 22% dos entrevistados classificaram como "desafiador" o planejamento orçamentário, e outros 17% sentem dificuldades com a contabilidade e a auditoria da empresa. 

Para melhorar o planejamento, entenda o que é balanço patrimonial e como ele te ajuda a organizar as finanças. 

Conheça a estrutura do balanço patrimonial

O balanço patrimonial nada mais é do que um relatório que apresenta todos os ativos, passivos e o patrimônio líquido de um negócio. Com esse levantamento, é possível realizar diversos tipos de análises e acompanhar a saúde financeira da empresa. Por isso, é recomendado que todas as empresas realizem o seu balanço patrimonial anualmente, principalmente as optantes pelo lucro real e lucro presumido, já que é obrigatória a apresentação anual desse balanço por meio do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).

Já as empresas optantes pelo Simples Nacional não são obrigadas a apresentar o balanço patrimonial, a não ser que venham a participar de uma licitação pública – nesse caso a apresentação do balanço é obrigatória.

Obrigatório ou não, este levantamento é primordial para que os gestores tenham uma visão clara do momento financeiro que sua empresa ou negócio está atravessando, informação essencial para se tomar decisões de crescimento, investimento ou até mesmo retenção de custos. 

Como fazer um balanço patrimonial?

Um balanço patrimonial completo mostra, do lado esquerdo, todos os tipos de ativos da empresa, como contas a receber, estoque, caixa etc. Já do lado direito, constam os passivos, como salários a pagar, empréstimos, e o patrimônio líquido. Mas, antes de tudo, é preciso: 

  1. Escolher o período que será analisado (últimos 12 meses, por exemplo);
  2. Solicitar previamente ao departamento financeiro o levantamento de todas movimentações financeiras da empresa;
  3. Reunir todos os ativos da empresa;
  4. Reunir todos os passivos da empresa;
  5. Calcular o valor atualizado do patrimônio líquido;
  6. Contratar um profissional de contabilidade que possa fazer as contas em detalhes.

Além disso, os valores a serem preenchidos no balanço patrimonial seguem regras específicas por ordem de liquidez, ou seja, aquilo que é mais fácil de se transformar em dinheiro vem primeiro. Essas e outras regras sobre o balanço patrimonial estão previstas na Lei 6.404/76.

E o mais importante: os valores do balanço patrimonial precisam "bater". Em outras palavras, o valor total de ativos deve ser igual ao valor total de passivos somado ao patrimônio líquido. Ou seja:

Ativos = Passivos + Patrimônio líquido

Exemplo de balanço patrimonial

Imagine que você tem um salão de beleza e precisa fazer o balanço patrimonial do seu negócio. Na planilha abaixo, elencamos todos os ativos, passivos e o patrimônio líquido do salão:

Ativos e passivos do balanço patrimonial

Basicamente, o balanço patrimonial é composto pelos ativos e os passivos da empresa ou negócio. Pense em tudo o que a empresa pode converter em dinheiro: esses valores que podem entrar na empresa são chamados ativos. Já os passivos são todas aquelas obrigações financeiras que a empresa tem a cumprir, que precisam ser pagas em um futuro (próximo ou não). 

Ativo circulante

Os ativos circulantes são todos os bens e direitos que podem ser convertidos em dinheiro em um curto prazo (aproximadamente 12 meses). Imagine uma situação em que você precise levantar a maior quantia possível de dinheiro. O que você faria? Pegaria o dinheiro do caixa, venderia os produtos do estoque, tentaria antecipar as contas a receber. Enfim, tudo o que pode ser transformado em dinheiro em pouco tempo é o ativo circulante da empresa.

Ativo não circulante (ou de longo prazo)

Diferente do ativo circulante, o não circulante compõe todos os ativos que não podem ser convertidos em dinheiro em um curto prazo, como investimentos, imóveis, contas a receber a longo prazo, e até mesmo valores mais abstratos – como o valor da marca de uma empresa. 

Passivo circulante

Passivos são todos os compromissos financeiros que a empresa tem com terceiros. O passivo circulante, por exemplo, é a união de todos esses deveres que a empresa tem com terceiros e que precisam ser pagos em um curto prazo. São exemplos de passivo circulante os salários dos colaboradores, impostos municipais e estaduais, pagamento de fornecedores etc.  

Passivo não circulante (ou de longo prazo)

Sabendo-se que os valores passivos do balanço patrimonial são todos os compromissos financeiros que a empresa tem com terceiros, os passivos não circulantes são os pagamento que a empresa deve fazer a longo prazo, como financiamentos, dividendos e impostos.

Além das modalidades de ativo e passivo, o patrimônio líquido deve constar em seu balanço patrimonial e mapear todo o capital da empresa: investimento dos sócios, prejuízos, ações, capital social etc. 

Como a separação entre as origens de capital influencia na elaboração do balanço patrimonial?

É muito importante que as origens de capital sejam devidamente separadas na hora de se montar o balanço patrimonial, que será usado para a tomada de decisão de gestores e acionistas. Dessa forma, lembre-se de organizar e identificar o que é capital próprio da empresa (recursos vindos dos sócios, acionistas e investidores), e inclua esses valores na parte de "Patrimônio Líquido". 

Por outro lado, o capital que tem origem de terceiros (como empréstimos e financiamentos), devem ser inseridos na parte de "Passivos". Como geralmente estes são grandes aportes de capital, os valores costumam ser considerados passivos não circulantes (de longo prazo). 

Onde encontrar o balanço patrimonial de empresas de capital aberto?

É possível encontrar o balanço patrimonial das empresas de capital aberto em seu próprio site, na área de Relações com Investidores (RI). Da mesma forma, as empresas de capital aberto possuem todas as suas informações financeiras divulgadas em sua página dentro do site da B3, clicando em "relatórios estruturados".  

Balanço patrimonial e DRE

Tanto o balanço patrimonial quanto o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) são essenciais para garantir uma boa gestão e acompanhar a saúde financeira do negócio. Esses dois relatórios são complementares: enquanto o DRE detalha a Receita Bruta, Receita Líquida, Lucros, Resultados de ​​IRPJ e CSLL, o balanço patrimonial mostra os empréstimos que ainda estão ativos, o capital investido pelos sócios, seus ativos e passivos etc. 

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