Minha gente, o momento chegou: eu sou Monique Evelle, consultora de inovação do Nubank. Peço licença para começar os trabalhos neste novo espaço, que será lar de muitas ideias, trocas e aprendizados. A convite do Nubank, dou início a um novo projeto de conteúdo que dialoga diretamente com empreendedores (e com quem mais estiver interessado, por que não?) em saber o que venho pesquisando e refletindo no campo dos negócios, comunicação, marketing, criatividade e inovação.
Para quem não me conhece, trago uma breve introdução: tenho 27 anos, sou de Salvador (BA), e vivo dos meus sonhos desde muito nova. Com 16 anos, eu já tinha a minha primeira empresa, chamada Desabafo Social. Naquele momento, eu nem sabia que já estava empreendendo. De lá pra cá, tudo mudou: não só fui aprimorando os meus processos, como também encontrei respostas para dúvidas que me ajudaram a crescer. Nesse texto, tem um pouco mais sobre mim.
Hoje, quem me vê aqui, pode até pensar que foi fácil. Mas a sabedoria popular já diz: "quem vê close, não vê corre". No fundo, só nós conhecemos as dores do nosso negócio e os perrengues de cada dia. Não existe fórmula mágica, nem receita pronta para o sucesso. É preciso estratégia, uma boa dose de coragem, alguma teimosia e muita conversa para trocar experiências com pessoas que correm nessa mesma estrada.
O conselho que eu queria ter recebido
Por falar em conversa, sempre tem aquela informação ou aquele conselho que se soubéssemos desde o início, teria feito a maior diferença. Por exemplo, se eu soubesse que era muito melhor focar em pessoas dispostas, disponíveis e com habilidades complementares às minhas para me ajudar no começo de tudo, eu não teria sofrido tanto convidando apenas amigos só por serem meus amigos.
Nem todo amigo tem disponibilidade e habilidade que a gente precisa para a nossa empresa – e ainda corremos o risco de perder a amizade por não ter isso alinhado antes.
Foi a partir desta reflexão que eu decidi investigar o que a rede de clientes do Nubank pensava sobre o assunto. Quais foram os maiores perrengues na trajetória de cada um? E quais conselhos eles gostariam de ter recebido quando decidiram tirar os sonhos do papel? A seguir, você confere algumas perguntas e respostas, que também podem ser ouvidas na nossa coluna em vídeo, no YouTube. Vem comigo!
Como encontrar profissionais alinhados com o nosso propósito?
Essa é a grande dúvida de André Cecílio, dono da Chico Brownie, uma marca 100% vegana e cheia de ideais.
André se descreve como "confeiteiro, empreendedor e camelô". A marca dele existe desde 2015 e, mesmo após estabelecer uma clientela grande pelas redes sociais, o jovem de 27 anos nunca deixou de vender suas criações pelas ruas de São Paulo. O contato com o público é parte fundamental do trabalho que ele faz, mas, de vez em quando, também é visto de forma marginalizada. Não são raras as vezes em que ele é abordado e impedido de continuar trabalhando.
Em uma dessas situações, na Avenida Paulista, ele foi seguido por dois seguranças que o ameaçaram e o impediram de retornar ao local onde costumava fazer suas vendas. Experiências como essa o fizeram repensar o modo como ele se relaciona com o mundo e com os clientes. Todos os dias, ele tenta ressignificar o olhar julgador das pessoas sobre ele, fazendo com que elas percebam através da Chico Brownie que empreender é um compromisso e uma responsabilidade social.
Hoje, ele usa a marca como plataforma para defender não só sua posição de vendedor ambulante, mas também outras bandeiras como o veganismo e o orgulho LGBTQIA+. É a partir desses ideais que nascem também suas principais dúvidas: como formar uma equipe alinhada com os mesmos princípios? E quais ferramentas de desenvolvimento profissional ele pode oferecer para ajudar esses profissionais?
Dicas de quem entende: Laís Zkaya
Para ajudá-lo, consultei uma empreendedora que já esteve nessa mesma situação: Laís Zkaya, dona da marca Zkaya, uma e-commerce de moda afro-brasileira que nasceu em Criciúma, Santa Catarina, e que, assim como o André, também começou vendendo de pessoa em pessoa nas praias do litoral catarinense até estabelecer todo o processo de vendas nos canais digitais.
Hoje, a marca da Laís já é conhecida em todo o país e está em transição para Salvador, carregando o mesmo propósito: levar criatividade, afeto, autoestima e alegria ao mundo através de roupas e acessórios com estampas exclusivas.
Ela me contou que apenas mulheres negras trabalham na empresa e que na Zkaya, ela "ensina pelo amor e não pela dor", fazendo um exercício constante de ser mais empática e de entender que cada pessoa tem sua própria curva de aprendizado.
"Volta e meia também temos conversas sobre assuntos que vão além do trabalho, mesmo em horário de expediente. Eu acho isso extremamente enriquecedor pois também fortalece o porquê de fazer o que estamos fazendo", Laís Zkaya.
Outra estratégia bacana que Laís utiliza é disponibilizar meia hora do dia de cada uma para que elas possam fazer algum curso online voltado para a carreira profissional. Ela afirma que é possível criar uma empresa verdadeiramente boa de se trabalhar, ainda que com poucos recursos.
Eu também gostaria de dar uma dica, complementando as da Laís: faça uma lista das competências que você gostaria de encontrar em um profissional. Isso vai te ajudar a priorizar um profissional com habilidades e um perfil comportamental que deem "match" com os valores da sua empresa. A confiança também faz parte do processo para que o seu time se comprometa e, consequentemente, se desenvolva.
Como posso organizar o setor financeiro da minha empresa?
Quem também conversou comigo foi a Katherine Flores, dona do Santo Food Park, uma marca de açaí de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela começou a empreender em 2020, um pouco antes da pandemia. Uma das maiores dificuldades dela diz respeito à organização financeira: em dado momento, ela precisou escalar o crescimento da empresa por uma parceria que, no fim, não deu nada certo e só trouxe prejuízos.
Na minha visão, dar conta das demandas financeiras de uma empresa passa, essencialmente, por duas tarefas: organizar e registrar. Existem plataformas que podem te ajudar nesse processo, oferecendo respostas simples para que você tome decisões mais eficientes, com base em dados. Outro ponto super importante é não confundir o dinheiro da empresa com as suas finanças pessoais. Sem uma divisão clara, você pode ficar totalmente desorganizada.
Como tocar um negócio sem capital financeiro?
Quem me escreveu foi Eduardo, fundador da transportadora Maria Eduarda, de Santo Antônio da Barra, Goiás.
Minha dica é: comece o seu negócio pela forma mais simples de fazer a ideia funcionar. Pode ser prestando um serviço (em que você só vai precisar do seu conhecimento) e que, consequentemente, vai te abrir contatos com outras pessoas da área. Isso vai te dar o gás necessário para começar a construir esse capital.
Planejamento também é importante. Algumas pessoas pensam que não é possível empreender porque querem que aconteça da noite pro dia, mas o fato é que tudo é uma jornada. Você não precisa deixar o seu emprego agora, por exemplo. Dá para construir uma reserva financeira, com valor e prazos bem definidos, para que você tenha foco nos próximos passos.
Comunique os seus serviços. Falar com as pessoas sobre os problemas, discussões e soluções que você tem em mente, seja pessoalmente ou nas mídias sociais, pode fazer com que elas te enxerguem como alguém que pode ajudá-las, até que elas, efetivamente, paguem por essa ajuda.
Como fazer cobranças e evitar inadimplência?
A Camila é dona de uma escola de inglês e tem sofrido com atrasos e falta de pagamentos. As dicas que eu vou dar servem para escolas ou qualquer tipo de negócio que faz cobranças recorrentes.
Enviar lembretes dias antes do período de vencimento para os alunos (ou os pais deles, se for o caso) pode funcionar. Você pode usar ferramentas automatizadas para o WhatsApp e/ou e-mail, que são fáceis de programar. As mensagens já podem seguir com o boleto de pagamento.
Caso a sua empresa ainda não possa contratar essas ferramentas, esse lembrete pode ser feito manualmente. Outra estratégia utilizada por pequenas empresas é criar um e-mail exclusivo para o financeiro. É de lá que sai tudo relacionado a pagamentos.
O mais importante é: não tenha medo de cobrar. Nessa, ou em qualquer outra situação. Caso contrário, é você quem paga essa conta.
Veja mais dicas sobre esse assunto aqui.
Como perseguir os seus sonhos quando alguém te deixa na mão?
A dúvida enviada pelo Fernando toca em um ponto sensível. É difícil, mas necessário começar qualquer plano entendendo que você é o único responsável por fazer o seu sonho dar certo. Algumas pessoas podem desistir dele no meio do caminho, mas você não.
Como já disse meu amigo Emicida: você é o único representante do seu sonho na face da Terra. Pessoas vão surgir no meio do caminho querendo te ajudar, mas saiba filtrar e entender quem são aqueles dispostos a verdadeiramente sonhar com você.
Vamos criar um senso de comunidade entre empreendedores?
Em todos esses anos, eu, Monique, mantive o meu foco inabalável. Tracei metas, fiz planos, me organizei. Com essa determinação e alguns outros aprendizados na manga, consegui construir um trabalho que hoje é reconhecido. Agora, a minha missão é retribuir.
Nessa coluna mensal, pretendo fazer com que a jornada de empreender seja um pouco mais tranquila pra você. A cada mês, um novo tema. Vou usar essa plataforma para responder suas dúvidas (que podem ser enviadas para vidanucorre@nubank.com.br) e convidar outros nomes do mercado para me ajudar. Além dos textos, você também me encontra no Youtube e nas redes sociais.
Eu realmente acredito que a melhor forma de aprender é colaborando: seja trocando experiência com outros que já vieram antes da gente, ou olhando pros problemas e acertos de pessoas na mesma situação.
É por isso que, a partir de agora, esse canal será colaborativo. Falaremos das dores e das delícias de empreender, com os pés no chão e a cabeça no céu, sonhando alto em busca dos mesmos objetivos: transformar o próprio negócio em um case de sucesso.
Bora criar uma comunidade?
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