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Vamos viver até os 100 anos de idade: como vamos nos bancar?

Se a gente vai viver até perto dos cem anos, como vamos pagar os boletos? Conheça os desafios econômicos de se viver tanto e possíveis soluções para os dilemas financeiros.

Dois idosos, um homem e uma mulher, fotografados de costas sentados em um banco de madeira, olhando para a frente com um céu azul e montanhas ao fundo

A busca pela imortalidade é um clássico do cinema e da literatura. Heróis obcecados pelo Santo Graal da vida eterna, vilões que fazem pactos ou magia para evitar a morte e outras tantas figuras da ficção e da vida real (incluindo alguns bilionários por aí) se debruçam sobre um mesmo desafio: como viver para sempre.

O que nenhum deles pensou é como alguém pode se bancar por tanto tempo. Afinal, mais anos de vida significa também mais boleto para pagar, não é mesmo?

A vida eterna pode não ser uma realidade tão possível (um estudo publicado na revista Nature defende que há um limite para a longevidade humana, que não deve passar dos 115 anos em média), mas o envelhecimento mais longo é. A ONU estima que até 2100 o mundo terá mais de 25 milhões de centenários, ou seja, pessoas que vivem até pelo menos os 100 anos de idade. Isso é 55 vezes mais centenários do que existiam em 2015.

Quais serão os impactos na economia com tanta gente vivendo muito? Será que a gente já tem que começar a se preparar para uma vida financeira mais longa?

Se você preferir escutar esse conteúdo em vez de ler, ouça este episódio do Semanada, o podcast do Nubank.

https://open.spotify.com/episode/5yoNn6FSEsPVR14PSrnwFa?si=695e17fdbc654caa

Aposentadoria para quem?

Nesse exato momento, há pesquisadores em laboratórios pelo mundo pesquisando a receita para a imortalidade – ou pelo menos para a longevidade humana. E o que não falta é candidato a Highlander.

Alguns bilionários fundadores das maiores empresas de tecnologia do mundo investem dinheiro em empresas como a Human Longevity, que buscam soluções para driblar o tempo e garantir um envelhecimento saudável.

Mas a maioria das pessoas que consegue se preparar financeiramente para a terceira idade não tem um monte de dígitos no saldo da conta. É preciso se planejar para trabalhar e contribuir (seja para o INSS ou uma previdência privada), para um dia poder curtir a tão sonhada aposentadoria. O que elas não sabem é que esse sonho está cada dia mais difícil de ser alcançado.

No atual sistema Previdenciário, os trabalhadores da ativa pagam os valores que sustentam a pensão de quem está aposentado hoje. E, quando chegar a vez deles de se aposentar, os trabalhadores da ativa da época é que vão bancar essa conta.

Porém, além dos anos que estamos conquistando de expectativa de vida, a tendência geral é que as pessoas tenham menos filhos. Segundo o IBGE, o Brasil tinha nove trabalhadores ativos para cada aposentado nos anos 1980. Em 2018 eram cinco para um E a estimativa é que em 2060 sejam só dois.

Ou seja: nós temos um problema contratado para o futuro. Um relatório de 2012 do FMI sobre a estabilidade financeira global coloca a longevidade como um dos maiores riscos futuros para a economia do mundo.

Como isso vai se resolver?

Se menos gente nasce, e mais gente vive por mais tempo, a conta da aposentadoria para de fechar.

Ninguém sabe ainda como resolver esse dilema, mas o fato é que a aposentadoria como a gente conhece vai mudar. Então o desejo de viver a velhice contando só com a pensão está, sim, em xeque, dependendo dos tipos de reformas que serão adotadas no futuro.

O economista e pesquisador alemão, Professor Axel Börsch-Supan, apresenta a seguinte teoria: uma idade fixa de aposentadoria, como a gente tem hoje, não vai mais ser suficiente. 

Ele rebate com dados científicos alguns dos principais argumentos que são usados para justificar a aposentadoria fixa por volta dos 60 anos. Por exemplo, mitos de que trabalhadores mais velhos são menos produtivos, ou que eles roubam vagas de mais jovens. 

Ele também fala sobre como não é razoável esperar que pessoas que enfrentam trabalhos mais desgastantes, ou tenham questões de saúde, sejam impedidas de se aposentar mais cedo. 

Defender que as pessoas trabalhem até o esgotamento total das suas forças também não é a solução. A questão aqui é: se a linha que marca o fim da vida foi movida para frente, que tipos de mudanças vão precisar ser feitas na trajetória?

Como os anos a mais impactam nossas finanças?

Enquanto muita gente quer garantir uma vida longa, acaba se esquecendo que o envelhecimento do corpo pode ser muito difícil (e caro) de lidar. Por enquanto, nenhuma promessa de frear os efeitos do tempo conseguiu produzir grandes resultados.

Existe um setor inteiro da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, dedicado aos desafios do envelhecimento. Em 2013, foi lançado o The Journal of the Economics of Ageing (algo como A Revista da Economia do Envelhecimento, em português), que publica séries de artigos científicos sobre o tema.

Os possíveis problemas financeiros associados ao envelhecimento vão desde a piora da cognição para lidar com os gastos cotidianos, até a capacidade de bancar cuidados médicos por longos períodos.

Um dos estudos publicados neste periódico descobriu que metade das pessoas que chegam aos 65 anos de idade vão precisar de serviços de apoio por um longo período. 

A estimativa nos Estados Unidos é que essas pessoas devem gastar, em média, cerca de US$ 130 mil com cuidados especializados até o fim da vida. Descontado o que seguros podem devolver, isso significa mais ou menos 86 mil dólares que saem do próprio bolso. E ainda tem despesas com medicamentos, transporte...a conta pode crescer bastante.

Quando a gente pensa na saúde financeira da chamada quarta idade, com mais de 80 anos, um alerta se acende: como pagar por estas despesas?

Existe alguma solução?

Teremos cada vez mais centenários, e não estamos preparados para isso. Desde 2019, segundo a ONU, o mundo já conta com mais avós do que netos, por exemplo. Existem mais pessoas com mais de 65 anos de idade do que crianças com 5 anos ou menos. Isso representa um pouco da mudança demográfica que estamos todos enfrentando.

Esse é um desafio de todos nós. São questões que precisam ser debatidas e enfrentadas como sociedade, cobrando e propondo soluções para garantir qualidade de vida a uma população envelhecida sem que a renda dela fique comprometida para bancar as soluções individualmente.

Em um artigo de 2018, Jo Ann Jenkins, CEO da fundação americana AARP, que combate a pobreza na terceira idade, traz vários exemplos de como países asiáticos estão liderando os esforços para lidar com esses desafios.

Um programa na China, por exemplo, aproveita o conhecimento e a experiência de pessoas mais velhas para melhorar regiões menos desenvolvidas do país, onde geralmente os trabalhadores jovens não se interessam em ir quando estão no auge das suas carreiras.

Singapura, por outro lado, tem um grande programa comunitário com apoio de ONGs e empresas para oferecer vários serviços aos idosos, seja de saúde ou atividades de lazer e bem estar. 

Ela cita ainda Taiwan, que tem a iniciativa de se tornar um dos países mais amigáveis para pessoas mais velhas, e está elaborando um sistema de saúde que considere tratamentos especializados em idosos da quarta idade. O Japão também tem ótimas práticas de inclusão, assim como a Coreia do Sul.

A longevidade é uma conquista da ciência, da medicina, do bem estar, e deve ser comemorada. Já pensou comprar cem velinhas de aniversário para celebrar?

Se você quiser saber mais sobre organização financeira, o blog do Nubank tem um monte de conteúdo legal que vai te ajudar a pensar sobre isso. Clique aqui para entender melhor o tema.

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