Guia do Intercâmbio: como planejar a viagem dos sonhos? 

Um intercâmbio consegue combinar educação focada em crescimento profissional com novas experiências pessoais. E para quem busca essa oportunidade, o planejamento é parte fundamental do processo.

Para quem sonha em fazer uma viagem internacional para aprender um novo idioma ou aprofundar os conhecimentos em um tema, e ainda explorar uma nova cultura, o intercâmbio pode ser a chance perfeita de viver essa experiência. 

O mercado de intercâmbios movimentou R$ 3,7 bilhões no Brasil em 2023 e quem busca esse tipo de viagem quer experiências que ajudem no crescimento profissional, além de novas vivências.

Está pensando em fazer um intercâmbio ou em investir nessa oportunidade para o seu filho, mas não sabe por onde começar? Abaixo, confira como fazer um intercâmbio.

O que é intercâmbio? 

Intercâmbio é uma forma de viagem em que pessoas, sobretudo estudantes, vão para outro país para estudar, trabalhar ou até mesmo viver por um período para aprimorar idiomas na conversação do dia a dia. Pela definição da palavra, o intercâmbio também é a troca de experiências entre a pessoa que sai do seu país de origem com aquela que a recebe. Esse relacionamento pode ser comercial, cultural ou educacional. 

Quais são os tipos de intercâmbio?

De maneira geral, as categorias mais populares de intercâmbio são:

  • High School: intercâmbio destinado aos estudantes de 14 a 19 anos, que querem cursar um semestre ou um ano do seu ensino médio no exterior; 
  • Curso de Idiomas: categoria mais ampla de programas de intercâmbio. Ela é voltada para a experiência de aprender uma língua estrangeira, em períodos variados, de curta ou longa duração; 
  • Acadêmicos: esse programa de intercâmbio é indicado para o estudo de algum curso profissionalizante, de graduação ou pós-graduação. É possível cursar apenas um período dos estudos em outra Universidade, também conhecido como "intercâmbio sanduíche"; 
  • Profissionais – intercâmbios direcionados a uma experiência profissional no exterior, que podem ou não ser combinados com estudos específicos de idioma ou outra disciplina. 

Também é possível encontrar outras modalidades de intercâmbio, de acordo com a Belta. Entre as opções disponíveis estão programas de voluntariado, preparatórios para exames de proficiência ou projetos específicos para pessoas com mais de 50 anos. 

Quem pode fazer um intercâmbio?

Esse tipo de programa é indicado para pessoas que querem viver uma experiência internacional e buscam unir a oportunidade de estudar ou trabalhar em um outro país com a vivência em uma nova cultura. 

Vale ressaltar que os pré-requisitos para fazer um intercâmbio variam conforme o tipo de programa escolhido pelo viajante. Por exemplo, só é possível fazer um intercâmbio de especialização profissional se você cumprir com as condições impostas para o curso ou, se for o caso, for aprovado no processo seletivo dele. 

O mais importante é que a pessoa seja aberta a conhecer novas culturas, fazer amizades e experimentar a vida de uma maneira diferente do habitual.

Com quantos anos uma pessoa pode fazer intercâmbio? 

Existem programas de intercâmbio para pessoas com idade a partir dos 13 anos, como aqueles de curta duração, destinados às férias de adolescentes no exterior. Nestes casos, geralmente, há o acompanhamento de um representante da agência de intercâmbios para auxiliar os jovens durante a viagem. 

Já para programas de intercâmbio com maior duração, é recomendado que o jovem tenha, pelo menos, 16 anos de idade e esteja cursando o ensino médio, para o caso de intercâmbios de High School.

Na outra ponta existem, também, programas de intercâmbio para idosos que, depois da aposentadoria, querem aprender um novo idioma ou ter a vivência em outro país. 

Como fazer um intercâmbio? 

Escolher um destino e um programa que se encaixe nos seus objetivos é o primeiro passo para fazer um intercâmbio. O processo de planejamento desse tipo de viagem vai muito além da compra das passagens e reserva de hospedagem. Ele inclui a organização de uma série de fatores, que devem ir ao encontro dos seus interesses pessoais, profissionais e até do seu orçamento. 

A product owner Isabela Ariolli, de 29 anos, tem dois intercâmbios em seu currículo. Ambas as experiências começaram da mesma forma: escolhendo o tipo de programa adequado para o seu momento de vida. 

“A primeira vez que fiz um intercâmbio eu tinha 16 anos e as minhas possibilidades eram limitadas, por isso acabei optando pelo programa de High School nos Estados Unidos. Já para a segunda experiência, eu tinha certeza de que queria estudar espanhol durante um mês, então precisei selecionar entre os destinos disponíveis para esse formato, e acabei optando por uma escola de idiomas em Barcelona, na Espanha”, conta. 

Por onde começar o planejamento de um intercâmbio?

Isabela lembra que, depois de fazer as primeiras escolhas do destino e programa de estudos, ela precisou decidir qual agência de intercâmbio poderia ajudar no planejamento e na organização das documentações. Nas duas viagens, esse processo começou com quase um ano antes do embarque. 

A consultoria especializada em educação internacional Student Travel Bureau (STB) explica que o tempo ideal de planejamento da experiência pode variar de acordo com o programa de intercâmbio pretendido, o destino e a necessidade de visto ou não. Por isso, é recomendável que os estudantes iniciem as pesquisas com o maior tempo de antecedência possível antes do embarque.

“No caso do High School, recomendamos que o estudante e seus pais nos procurem um ano antes do embarque pretendido para o programa. Dessa forma, temos tempo para preparar a documentação e mais chances de conseguir uma vaga para o aluno, visto que alguns destinos e instituições podem ser bem concorridas”, orienta a consultoria.

Pensando nos demais programas de intercâmbio, a organização vai depender dos seguintes aspectos:

  • Destino: se há necessidade de visto ou não;
  • Tipo de intercâmbio: se haverá processo seletivo, por exemplo; 
  • Duração do programa;  
  • Orçamento disponível. 

5 dicas para planejar o intercâmbio dos sonhos

Ainda tem dúvidas sobre como começar esse planejamento? Essas cinco dicas práticas podem te ajudar a tirar os planos do papel. 

1. Pesquise quais destinos combinam com seu objetivo 

Quer melhorar seu currículo com um curso profissionalizante, aprender um novo idioma ou vivenciar uma experiência de trabalho no exterior? Então pesquise qual país é mais adequado para o tipo de intercâmbio que você pretende fazer. 

Confira algumas informações que vale a pena pesquisar antes.

  • Necessidade de visto; 
  • Em quanto tempo você deve fazer a solicitação;
  • Como costuma ser a recepção de intercambistas naquela região;
  • Quais instituições de ensino oferecem o curso que você quer e as diferenças entre elas;
  • O custo médio de moradia, alimentação e transporte na região;
  • Se há a possibilidade de trabalhar durante o programa; e 
  • Tudo mais que possa te ajudar a tomar uma decisão.

Para se ter uma ideia, a pesquisa da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) mostrou que os destinos mais procurados pelos brasileiros são o Canadá – líder há 22 anos –, Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda e Austrália, respectivamente. Ou seja, esses países podem ser um ponto de partida para suas buscas, caso ainda não saiba para onde ir. 

2. Escolha uma agência de intercâmbios confiável

Você pode até tentar planejar um intercâmbio sozinho, mas há grandes chances desse sonho se tornar um pesadelo. Isso porque as agências especializadas em intercâmbio já possuem experiência no assunto e podem ajudar nesse trabalho. Elas têm contatos no exterior que facilitam a troca de informações e sabem indicar quais caminhos devem ser seguidos para que o intercambista realize a viagem com tranquilidade. 

Para essa escolha não há regras, apenas procure entender se as agências mais próximas de você oferecem os tipos de programa ou destinos que você busca, e se elas são confiáveis. Peça indicações a amigos ou conhecidos que já passaram por esses processos e verifique se a empresa possui o selo Belta, que é uma maneira de garantir a excelência dos serviços. 

Também é importante pedir um orçamento detalhado de todos os serviços oferecidos para o programa e destino que você escolheu. Com os orçamentos formais fica mais fácil decidir. Mas lembre-se de não considerar apenas o valor cobrado pela agência e, sim, a qualidade e eficiência do serviço e o suporte que você terá no exterior. 

Entenda aqui como não cair no golpe da falsa agência de intercâmbio. 

3. Organize as finanças  

Depois de decidir qual agência tocará o seu processo, você deve entender todos os custos envolvidos para essa viagem. E eles variam de acordo com o destino, programa, tempo da viagem e agência. Dependendo da agência que você escolheu, todo o custo pré-viagem pode estar contemplado no orçamento, como passagens, hospedagem, custos com burocracias e custos com o serviço de orientação. Caso não esteja, peça para a sua agência levantar tudo o que você vai precisar para a viagem de fato, o que está contemplado em contrato e o que não está.  

Mas, além do investimento pré-viagem, existem os gastos durante a experiência. Eles variam muito e dependem do destino, estilo de vida que você quer ter por lá, seu perfil de consumo e de passeios. 

Por isso, mesmo durante o planejamento da sua viagem junto à agência, tenha uma lista com todas as possíveis despesas que podem aparecer, uma média de valor de cada uma delas, de acordo com a duração da viagem, e calcule o preço na moeda local. Isso facilita a sua organização financeira, caso você já tenha uma reserva para o intercâmbio ou precise poupar antes do embarque. 

Quanto dinheiro você deve levar?

Tudo pode variar proporcionalmente ao programa de intercâmbio, destino, duração e perfil de cada pessoa. De acordo com a consultoria Student Travel Bureau (STB), a média desse investimento deve ser baseada no estilo de vida de cada um, se a pessoa deseja conhecer atrações turísticas da região, comer em restaurantes, fazer compras e passeios, por exemplo. 

Considerando esses fatores, a consultoria de intercâmbio sugere que o intercambista separe, no mínimo, 250 unidades da moeda local por semana, pensando em custos como transporte e alimentação no destino. 

4. Prepare-se para a documentação e/ou processos seletivos 

Coordenar as burocracias para passar uma temporada em outro país pode ser desafiador. Afinal, esse processo pode envolver solicitar um visto de permanência no local ou participar de um processo seletivo de trabalho ou estudo. Aí é que entra o trabalho da agência de intercâmbios e mais pesquisas. 

Você deve contar com todo o suporte da empresa que contratou para te ajudar a planejar o intercâmbio. Entretanto, à medida em que etapas que só você pode realizar começam a aparecer, como reunir documentos, fazer provas e entrevistas, estar preparado é fundamental. Por isso, tente garantir tudo o que você vai precisar para cada uma das fases. 

Esse pode ser um período mais difícil, especialmente para os intercambistas de primeira viagem. Nessa hora, o papel da agência é te orientar orientar e te ajudar na preparação.        

5. Faça um check list para a viagem 

O clima do país é mais quente ou frio? Sua passagem de avião inclui quantas malas para serem despachadas? Você precisa levar algum material específico para as aulas ou o trabalho? Essas são algumas das perguntas que podem guiar o seu check list final para a viagem de intercâmbio. 

Pense em tudo o que você costuma organizar para embarque em uma longa viagem de férias. A partir daí adicione roupas para mais tempo, se for o caso, e qualquer item para alguma necessidade que seja particular.

Na dúvida, lembre-se de que a agência pode te ajudar nesse check list.

Quanto custa fazer um intercâmbio? 

A resposta simplificada é: depende. Afinal, todas as variáveis que influenciam na organização do intercâmbio impactam nesse valor. 

Sendo assim, de maneira geral, leve em conta os seguintes custos:

  • Os valores que serão pagos à agência de intercâmbio, referente ao programa escolhido, que podem incluir o curso e a acomodação;
  • A despesa com o visto e outras documentações que possam aparecer; 
  • O seguro-viagem; 
  • As passagens aéreas; 
  • O dinheiro para cobrir os custos no país.  

Exemplo: intercâmbio de High School nos Estados Unidos 

Para se ter um exemplo desse cálculo, considere um programa de seis meses de High School nos Estados Unidos. O valor de um semestre acadêmico com o STB pode custar a partir de US$ 8.710 – aproximadamente R$ 49 mil (considerando o dólar a R$ 5,70), incluindo o curso e a acomodação. 

Adicione, pelo menos, US$ 240 com documentação (aprox. R$ 1367), mais R$ 4 mil de passagem aérea e R$ 3 mil de seguro-viagem. Então, considere os US$ 250 por semana de curso, ou seja, US$ 6.000, que dão pouco mais de R$ 34 mil, com o dólar a R$ 5,70. 

Ao todo, o preço para fazer um curso de seis meses nos EUA fica, em média, R$ 81 mil. Mas você não pagará os valores para o intercâmbio de uma só vez. Cada etapa será quitada em momentos diferentes, considerando o planejamento antecipado, e as despesas no local serão cobertas ao longo da viagem.

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