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Barra ou ovo de chocolate: afinal, por que o preço varia tanto?

“A barra é mais barata!”, “o ovo é mais especial!”: entenda a polêmica dos preços do chocolate na época da Páscoa.
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Entra ano, sai ano e o calendário de tretas brasileiras continua com pelo menos uma constante: a briga pelos preços dos ovos de chocolate, consideravelmente mais caros que as barras de mesmo peso e qualidade.

Em março de 2020, um levantamento mostrou que um ovo chegava a custar até 270% a mais que o seu “equivalente” no formato de tablete. E aí as redes sociais se enchem de comentários sobre qual é o valor real de comprar o ovo, quando ele é tão mais caro.

Nessa polêmica, que rende tanto quanto a da uva passa no arroz de fim de ano, resta a questão: por que, afinal de contas, o ovo de chocolate é mais caro que a barra?

O que está por trás do preço do ovo de chocolate?

O primeiro ponto a ser entendido é que a barra e o ovo de chocolate não são o mesmo produto – por mais que pareçam ser.

“Ah, mas é tudo chocolate”. Sim, é verdade. Um tablete de 150 gramas e um ovo de mesmo peso e marca têm, a princípio, o mesmo sabor. Mas há uma série de custos a mais envolvidos na produção do ovo e logística, como:

  • Máquinas adicionais: a demanda na época do feriado de Páscoa faz com que a produção precise aumentar. Para isso, a indústria embute nos preços o custo de máquinas que são usadas apenas nessa época do ano.
  • Contratações temporárias: o mesmo aumento de produção exige mais pessoas contratadas para este período. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), cerca de 12 mil funcionários temporários devem ter sido contratados neste ano.
  • Parte do processo manual: enquanto as barras têm produção automatizada o ano inteiro, os ovos passam por um processo diferente – e algumas etapas são manuais, encarecendo a produção.
  • Pagamento de royalties: certos ovos, principalmente os infantis, têm embalagens, brindes ou brinquedos de personagens famosos. Nestes casos, a empresa também paga royalties.
  • Armazenamento e transporte: os ovos de chocolate são mais delicados e precisam ser armazenados em temperaturas controlados para não derreter. O transporte também precisa ser mais cuidadoso – como os ovos têm mais risco de quebra, menos unidades podem ser transportadas de uma só vez.

Existem, ainda, dois fatores menos “concretos” que colaboram para o encarecimento do ovo.

O primeiro é a percepção de valor dos ovos – ou seja, o valor que os consumidores atribuem a eles, que não necessariamente tem a ver com o seu custo de produção. Existe uma tradição cultural que impulsiona a demanda por ovos de chocolate. A emoção que uma pessoa sente ao receber um ovo, por exemplo, é diferente de quando ela recebe uma barra.

Ou seja, a percepção de valor de um ovo de chocolate é maior do que a de seu equivalente em barra, permitindo que o mercado regule os preços para cima.

O segundo fator é a possibilidade de desperdício: por ser um produto sazonal, o ovo de chocolate tem um período útil em que pode ser vendido – até o feriado de Páscoa e por algumas poucas semanas após a data, com preços promocionais. Depois disso, o que não for vendido entra como prejuízo dos fabricantes.

Vale dizer que essas comparações entre ovo e barra estão sendo feitas com base em produtos industrializados ou semi-industrializados. Quando se fala de pequenos produtores ou ovos artesanais há ainda outros fatores. Por exemplo, a escala menor de produção, que não permite comprar com desconto grandes quantidades de ingredientes e embalagens.

Ovo ou barra: quem vale mais a pena?

Depende. Valer a pena ou não tem mais a ver com o quanto receber um ovo é importante para cada pessoa. As barras de chocolate são, sim, mais vantajosas financeiramente, mas há outros fatores envolvidos na decisão da compra.

Vale lembrar que, no último ano, o desemprego no Brasil subiu para cima dos 14% e há pessoas que sequer têm essa opção para escolher.

Para quem tem a possibilidade, o Procon-SP orienta fazer uma boa pesquisa em sites e estabelecimentos. Em 2020, o preço entre ovos da mesma marca chegou a variar 354%.

Veja mais dicas do Procon, inclusive para a compra de ovos artesanais – uma alternativa importante para ajudar microempreendedores nesse período do ano.

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