Por muito tempo, falei sobre segurança aqui no blog Fala, Nubank. Também participei da editoria de vídeos SOS Nu, ajudando clientes da marca a reconhecer sinais de fraude e evitar golpes financeiros. Inclusive, eu apareço neste vídeo aqui:
Pois é. Eu realmente achava que estava atenta e que dificilmente cairia em um golpe – ainda mais no golpe da maquininha, um dos mais populares do Brasil.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2024, o golpe da maquininha gerou um prejuízo de R$ 4,8 bilhões, com mais de 2 milhões de casos registrados, uma média de quatro vítimas por minuto.
Só que, como já contamos por aqui na história do pesquisador Stephen Greenspan, especialista em credulidade que caiu em um dos maiores esquemas de pirâmide da história, não existe essa de “comigo não acontece". Eu mesma descobri isso na prática. E só me salvei porque pude contar com a eficiência das ferramentas de proteção do próprio Nubank.
Golpe da maquininha: como tudo começou
A minha história com o golpe da maquininha começa com um prestador de serviço que contratei em uma plataforma online, dessas que conectam clientes a profissionais de diferentes áreas. Fechamos um horário e parecia tudo certo.
Mas antes de vir até a minha casa, ele me ligou e disse que estava atrasado. Como ele precisava de uma peça específica para o conserto, me perguntou se poderia enviar um motoboy de uma loja parceira dele para entregar e adiantar o serviço.
O primeiro erro começou aqui: falei com ele por telefone e saímos do ambiente seguro da plataforma, algo que você nunca deve fazer.
O pagamento poderia ser feito no momento da entrega, diretamente ao motoboy. Até aí, nada pareceu estranho. O prestador de serviço me colocou em contato com essa suposta loja, a conversa fluiu normalmente e tudo passava a sensação de que estava dentro do esperado. A peça custava R$ 60, o que também me pareceu dentro da normalidade.
Quando o motoboy chega, as coisas começam a ficar estranhas. A primeira tentativa foi por aproximação, com a carteira digital do meu celular. Não deu certo, então veio a justificativa: “essa função está quebrada, só funciona com o cartão físico”.
Foi aqui que cometi o segundo erro: acreditar na história da maquininha quebrada. A bandeira vermelha de que algo estava errado era enorme, mas nem me toquei. Confiei na calma e na tranquilidade do motoboy na minha frente e saquei o cartão de crédito físico do bolso.
Sem desconfiar, inseri o cartão e digitei a senha. A tela mostrou uma mensagem de erro e o motoboy disse que estava sem sinal e que voltaria mais tarde com outra maquininha. O que eu não sabia é que, naquele momento, ele já tinha capturado meus dados e minha senha.
Minutos depois, olhando as notificações do app do Nubank, descobri que ele tentou fazer uma compra de R$ 10 mil. No visor da maquininha, no entanto, aparecia apenas R$ 60, exatamente o valor que ele havia me informado para a peça.
O motoboy ainda foi calculista e pediu para que eu “confirmasse o valor” antes da transação, o que me fez olhar para o visor e achar que estava tudo certo. Essa é uma das técnicas usadas nesse tipo de golpe: mostrar um valor baixo na tela, mas processar um valor muito mais alto por trás.
A sorte de ter camadas de segurança
Por sorte, meu cartão do Nubank bloqueou automaticamente a tentativa de compra. Eu só não percebi de imediato porque deixo todas as notificações do celular desligadas, o que pode até ser um “terceiro erro” nessa história.
Digo isso, pois os alertas enviados pelo app existem justamente para avisar quando algo suspeito acontece. Por isso, a partir de agora vou deixar tudo ativado, como é o recomendado, e confiar apenas nas notificações que chegam direto pelo aplicativo. Também é importante ignorar orientações recebidas por SMS ou ligações, para não repetir o meu primeiro erro, ok?
Depois do bloqueio preventivo, entrei em contato com o Nubank pelo chat do app e já segui com as orientações do atendimento para receber uma nova via do cartão físico em casa. Importante dizer que nenhum outro dado meu foi vazado e tudo ficou bem.
Culpa e vergonha
Mesmo após resolver tudo sem nenhum prejuízo financeiro, a sensação de culpa que eu senti foi avassaladora. Entrei num buraco mesmo. Me senti ingênua por não ter percebido os sinais e ainda invalidei minha competência profissional. Como eu poderia admitir para quem me lê que eu mesma tinha sido vítima de um golpe?
Foi nessa hora que ouvi um conselho da planejadora e colega Cris Horst que mudou minha perspectiva. Ao desabafar com ela, ela me disse
Não tem nada de burrice. Do mesmo jeito que a gente estuda para sermos as melhores na nossa profissão, eles também estudam para serem os mais assertivos na aplicação de golpes. Não foi um Zé qualquer, foi um profissional do crime que provavelmente faz isso inúmeras vezes ao dia. Que bom que você conseguiu sair a tempo.
Essa frase me fez perceber que, mais do que vergonha, o que a gente precisa sentir é disposição para falar sobre o que aconteceu, porque é assim que outras pessoas podem se proteger também. No meu caso, o limão virou limonada: este texto nasceu para, quem sabe, confortar quem já passou por isso e alertar quem nunca caiu.
O golpe da maquininha em outras abordagens
O golpe da maquininha não é novidade, mas tem ganhado novas versões para enganar ainda mais pessoas.
Além da que fui vítima, uma delas envolve criminosos que se passam por taxistas: após o final da corrida, eles simulam problemas na função de aproximação e forçam o uso do cartão físico, do mesmo jeito que aconteceu comigo. O que o cliente não sabe é que o visor da maquininha foi manipulado para exibir um valor menor, mas processar um valor muito mais alto por trás.
O objetivo é sempre o mesmo: criar um cenário de confiança para que a vítima insira a senha sem suspeitar. No meu caso, o “personagem” era um prestador de serviço; em outros, pode ser um motorista de aplicativo, um vendedor de rua, um falso entregador… Os métodos mudam, mas a intenção é a mesma: te enganar.
Como não cair no golpe da maquininha
Não existe fórmula infalível contra golpes, mas conhecer as estratégias usadas pelos criminosos já é metade da proteção. No caso do golpe da maquininha, alguns cuidados que eu não tomei podem fazer toda a diferença:
- Desconfie sempre que te disserem que a maquininha está quebrada, seja na função de pagamento por aproximação ou inserindo o cartão físico;
- Prefira pagamentos via Pix ou transferência quando não conhecer o estabelecimento ou o prestador. Caso esteja com o cartão, priorize o pagamento por aproximação. Além de seguro, ele te livra de digitar a senha em uma maquininha que você não conhece;
- Mantenha as notificações do banco ativadas no celular e siga apenas alertas enviados pelo aplicativo;
- Caso entre em contato com algum prestador de serviço, evite sair do ambiente seguro das plataformas de contratação. O mesmo vale para corridas de aplicativo – não faça pagamentos fora do ambiente seguro do app;
- Nunca siga orientações recebidas por SMS ou ligações.
Compartilhar histórias como a minha é uma forma de espalhar informação e reduzir o número de vítimas. Quanto mais gente souber como esses golpes funcionam, mais difícil será para os criminosos aplicarem a mesma estratégia.
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