Se você não está preocupado com as perspectivas para o mercado de trabalho brasileiro, certamente conhece alguém que está. Apesar da economia brasileira estar nos primeiros sinais de recuperação pós-pandemia, a inflação continua alta, assim como a taxa de desemprego.
Diante desse cenário, um sentimento de incerteza pode tomar conta de quem está em busca de uma nova oportunidade. Com isso, pode ser que você se questione sobre a existência de perspectivas de melhora ou piora para os próximos anos.
Por isso, entenda o que é o mercado de trabalho e o que você pode esperar baseado em um panorama atual.
O que é mercado de trabalho?
O mercado de trabalho é um conceito de trocas entre pessoas que buscam emprego e as empresas que oferecem vínculo empregatício. Ou seja, quem quer trabalhar oferece a sua força de trabalho equem precisa de mão-de-obra oferece uma remuneração em troca desta especialidade.
Do ponto de vista das ciências sociais, a dinâmica do mercado de trabalho está relacionada à lei da oferta e da procura. Se há mais demanda de vagas do que de profissionais, a tendência é que as pessoas consigam emprego com mais facilidade.
Por outro lado, se há mais oferta de pessoas do que vagas disponíveis, a concorrência profissional ganha força e será mais difícil encontrar um emprego. Outros fatores como a economia e o piso salarial influenciam na dinâmica dessas trocas.
Por isso, para além dos conceitos, é importante entender a relevância e como o mercado de trabalho atua na prática, veja:
Qual é a importância do mercado de trabalho?
A importância do mercado de trabalho está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico de um país. Assim, quanto mais pessoas com alguma ocupação, maior é o consumo. E, como consequência, quanto maior o consumo, mais a atividade econômica cresce.
Isso significa que uma alta demanda de empregos com uma boa remuneração faz com que tenhamos profissionais alocados que, consequentemente, irão gerar uma nova demanda de trabalho em outros setores, devido ao aumento do seu poder de compra.
Isso pode parecer um pouco complexo, mas o poder de compra e o consumo são os principais motores do nosso Produto Interno Bruto, o PIB.
Por exemplo, no primeiro trimestre de 2022, o consumo das famílias respondeu por cerca de 60% do PIB de R$ 2,249 trilhões, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o último trimestre de 2021, temos um apontamento de que a economia brasileira cresceu 1%.
Quais são os tipos de mercado de trabalho?
O mercado de trabalho é dividido em dois tipos: formal e informal. A principal diferença entre eles é a presença ou a ausência de relações trabalhistas.
Flexibilidade de horário e oferta de benefícios também são fatores de diferenciação entre as modalidades. Acompanhe os detalhes dos tipos de mercado de trabalho:
Mercado de trabalho formal
A principal característica do mercado de trabalho formal é o contrato firmado entre a pessoa contratada e a pessoa empregadora, além do cumprimento das regras previstas na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
O trabalhador tem salário fixo, horário determinado e tem garantido por lei os seguintes benefícios:
- Auxílio-doença;
- Salário maternidade;
- FGTS;
- Férias;
- 13º salário;
- Aposentadoria;
- Seguro-desemprego.
Muitas empresas também oferecem aos empregados de carteira assinada benefícios como vale-alimentação e transporte, plano de saúde e plano odontológico.
Mercado de trabalho informal
O mercado de trabalho informal não oferece registro na carteira, nem as garantias da CLT. Trabalhadores que exercem atividade remunerada de forma autônoma, sem carteira assinada, fazem parte do mercado de trabalho informal.
Das 98,3 milhões de pessoas ocupadas no Brasil, 40% estavam em vagas de trabalho informal no final de junho de 2022. Esses números fazem parte da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Como é o mercado de trabalho hoje em dia?
O mercado de trabalho no Brasil contava com 98,7 milhões de pessoas ocupadas em junho de 2022, mantendo o ritmo de recuperação pós-pandemia, iniciado no segundo semestre de 2021 Paralelamente, 10,1 milhões de pessoas estavam desempregadas, ainda de acordo com a PNAD, realizada pelo IBGE.
Segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, entre janeiro e junho de 2022 a economia brasileira criou 1,33 milhão de empregos com carteira assinada. No mesmo período de 2021, foram criadas 1,48 milhões de vagas.
Olhando de 2021 até 2022, de acordo com a Agência IBGE, portal de notícias oficial do IBGE, a taxa de desemprego brasileira caiu para 9,3% no segundo trimestre de 2022, encerrado em junho. No trimestre anterior, que terminou em maio, ela estava em 9,8%. No segundo trimestre de 2021, a taxa de desemprego estava em 14,2%.
Quais profissões estão em alta no mercado de trabalho?
As profissões que estão em alta no mercado de trabalho hoje estão relacionadas às áreas de tecnologia, finanças e marketing Mas, para além das profissões, existem valores que estão sendo cobrados também.
O fortalecimento das áreas de diversidade e sustentabilidade dentro das empresas também deve aumentar a demanda por oportunidades de trabalho nesses segmentos. Profissionais que já detenham conhecimentos sobre essas áreas também podem saltar aos olhos dos recrutadores.
Veja, a seguir, as principais profissões em alta de acordo com suas respectivas áreas:
Profissões em alta na tecnologia
Áreas de Tecnologia da Informação (TI) sofrem com uma carência de profissionais qualificados. Ao mesmo tempo, a demanda por contratações está aquecida e é possível encontrar uma grande variedade de oportunidades com salários acima da média do mercado. Confira algumas funções que se destacam nesse setor:
- Analista de Tecnologia da Informação;
- Analista de BI;
- Cientista de dados.
Profissões em alta nos recursos humanos
Buscar novos profissionais no mercado e criar políticas para retenção de talentos são demandas crescentes dentro das empresas. A área de RH tem atuado de forma estratégica para lidar com as novas tendências do mercado de trabalho, que vão desde a ampliação dos benefícios para funcionários até a promoção de políticas de diversidade e a criação de novos modelos de trabalho, além do presencial.
Abaixo, veja algumas vagas com alta demanda nessa área:
- Gerente de recursos humanos;
- Analista de payroll (administração financeira);
- Gerente de recrutamento e seleção.
Profissões em alta para vendas e marketing
Com o reaquecimento da economia após a pandemia de Covid-19, as empresas voltaram a priorizar estratégias comerciais para atrair novos clientes e a ampliar o faturamento.
Profissionais nas áreas de vendas e marketing têm papel importante nesse processo, como:
- Executivo de contas;
- Analista de vendas;
- Head de growth;
- Analista de marketing digital.
Profissões em alta na área de finanças
O controle dos gastos e dos investimentos das empresas foi mais importante do que nunca durante o período difícil da pandemia. Agora, o planejamento e a organização financeira são fundamentais para a retomada do crescimento das receitas.
A demanda está aquecida para vagas de:
- Diretor financeiro;
- Analista contábil;
- Gerente de planejamento financeiro;
- Analista de fusões e aquisições;
Profissões em alta com foco na diversidade
A cobrança da sociedade pela responsabilidade social das empresas aumenta cada vez mais. Por isso, as organizações têm buscado colocar temas relacionados à diversidade no centro da tomada de decisões de negócio. A demanda por iniciativas ESG (ambientais, sociais e governança) tem tomado conta da opinião pública.
Uma profissão que está se fortalecendo e deve ganhar cada vez mais espaço na área de diversidade é:
- Analista de diversidade e inclusão.
Mas, para além das profissões em alta, a faixa etária pode ser um fator de dúvida tanto entre recrutadores quanto para quem está buscando uma vaga no mercado. Veja como está o mercado para cada idade:
Mercado de trabalho para os jovens:
O mercado de trabalho para os jovens ainda não absorve todos os profissionais em início de carreira que estão em busca de uma oportunidade. De acordo com o Ministério da Economia, com base nos dados oferecidos pelo IBGE sobre desemprego, pelo menos duas em cada dez pessoas de 18 a 24 anos procuraram, mas não encontraram uma vaga de emprego nos últimos seis anos.
Das 1,33 milhão de vagas formais criadas no primeiro semestre de 2022, 51% (682.291 vagas) foram preenchidas por pessoas de 18 a 24 anos e 11,5% (153.018) por menores de 17 anos.
Dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho
A dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho acontece pela baixa qualificação técnica dos profissionais em início de carreira. Se por um lado o acesso a cursos técnicos é ilimitado, seja pela baixa oferta, seja por questões financeiras, por outro a disponibilidade das empresas para desenvolver os jovens profissionais é limitada.
Vale destacar que a pandemia do coronavírus também afetou a experiência do jovem no mercado de trabalho.
A chamada “geração lockdown” sentiu os efeitos da interrupção ou do abandono dos estudos, além de uma maior dificuldade de encontrar ou manter um trabalho em decorrência da crise.
Programa Jovem Aprendiz
Uma das alternativas para acelerar a inserção de jovens no mercado de trabalho é por meio de programas como o Jovem Aprendiz. No final de 2021, o Brasil contava com 461,5 mil jovens aprendizes, de acordo com dados do Ministério da Economia.
A Lei de Aprendizagem, sancionada em 2000, determina que empresas médias e grandes reservem de 5% a 15% das vagas a pessoas de 14 a 24 anos. Os aprendizes precisam ter registro na carteira de trabalho e manter a frequência na escola.
Mercado de trabalho para os idosos:
O mercado de trabalho para os idosos se fechou na última década. O mercado de trabalho para os idosos se vê cada vez menos requisitado. Por outro lado, com o aumento da expectativa de vida, essas pessoas desejam trabalhar por mais tempo.
Olhando para esses pontos, o IBGE estima que, em 2060, pessoas com 65 anos ou mais vão representar 25% da população brasileira, totalizando 60 milhões de indivíduos.
Aos poucos, é possível que o mercado de trabalho para idosos se abra, com novas vagas para a recolocação das pessoas com mais de 50 anos, trazendo uma nova oportunidade para elas e para suas experiências.
Por que os idosos são excluídos do mercado de trabalho?
Os idosos são excluídos do mercado de trabalho muitas vezes, por uma crença de que eles possuem alguma dificuldade de adaptação às novas tecnologias e também por etarismo, o nome dado para o preconceito contra pessoas mais velhas.
Se por um lado as pessoas idosas esbanjam experiência profissional e de vida, por outro muitas delas podem sofrer com essa percepção um tanto quanto “passada” sobre estes profissionais.
Enquanto as gerações Y e Z, formadas por pessoas nascidas entre os anos 1980 e 2000, nasceram imersas no contexto digital, as gerações anteriores viveram a maior parte da vida em um mundo totalmente analógico. Esse convívio profissional de profissionais com referências de mundo tão diferentes é um verdadeiro desafio de cultura dentro das empresas.
Para que essas gerações consigam trabalhar juntas, é necessário mais paciência e disponibilidade dos mais jovens e também uma maior abertura e interesse dos mais velhos em aprender a trabalhar nesse novo contexto.
Inclusão no mercado de trabalho: panorama geral
O mercado de trabalho para pessoas com deficiência (PCD) conta com um cenário ainda um pouco complexo. Segundo o IBGE, dos cerca de 45 milhões de brasileiros PCDs, apenas 1% deles têm emprego com carteira assinada.
Entre os fatores que explicam essa dificuldade de acesso está o capacitismo, como é chamado o preconceito contra pessoas com deficiência. Esse tipo de discriminação aparece em várias camadas, mais ou menos aparentes, por meio de pensamentos enraizados em nossa sociedade que subestimam a capacidade da pessoa com deficiência.
O acesso ao mercado de trabalho é um direito das pessoas com deficiência garantido pela Lei 8.213/1991, que obriga as empresas a reservarem entre 2% e 5% das suas vagas para funcionários PCDs.
Além disso, é fundamental que as empresas ofereçam não apenas um ambiente aberto e receptivo, mas também instalações acessíveis e adaptadas para as pessoas com deficiência.
Como contribuir para a inclusão no mercado de trabalho?
Para contribuir com a inclusão no mercado de trabalho, são necessárias ações e políticas coordenadas entre o setor público e o privado para que todas as pessoas tenham acesso a oportunidades, independente de gênero, idade, etnia, religião, deficiência, classe social ou nível de educação formal.
Mas as ações de inclusão vão muito além da responsabilidade social. Elas podem ser uma ação estratégica com potencial de impactar positivamente os resultados das organizações.
A consultoria McKinsey realizou o estudo “Diversity matters” (do inglês, diversidade importa), que mostrou que equipes mais diversas contam com funcionários mais engajados. Além disso, empresas mais diversas tendem a apresentar melhor performance financeira e menor turnover (índice de rotatividade de funcionários de uma organização).
Por fim, agora que você já sabe como está o mercado de trabalho, entenda porquê tem tanta gente pedindo demissão e como funciona a transição de carreiras no geral:
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