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A importância da liderança LGBTQIA+ nas empresas

Rafael Mury, Líder de Comunicação Interna no Nubank, fala sobre o papel da liderança na construção de organizações mais diversas e inclusivas

Foto de um homem de camisa listrada numa palestra

Sou formado em Jornalismo, mas deixei a carreira na redação para embarcar no mundo da comunicação corporativa há mais de 10 anos.

Ao longo da minha trajetória, passei pelos mercados de seguros e de TV por assinatura antes de entrar para o Nubank, um ano e meio atrás.

Hoje, sou responsável pelo time de Comunicação Interna e lidero seis pessoas diretamente, em uma equipe que não para de crescer.

No Nubank, encontrei um ambiente completamente diferente dos lugares pelos quais passei, por isso acho que vale dividir um pouco da minha experiência. 

LGBTQIA+ no mercado de trabalho 

Falar sobre minha sexualidade não era um problema... Até conseguir um emprego no mundo corporativo. Eu tinha 20 anos e queria aprender, me desenvolver, fazer um bom trabalho e crescer profissionalmente, mas sentia que não existia espaço para isso sendo abertamente gay.

Eu procurava referências LGBTQIA+ nas quais eu pudesse me espelhar e não encontrava. Por que, então, justo eu levantaria essa bandeira? 

No fundo, não queria correr o risco de perder o emprego ou uma promoção simplesmente por ser gay, por isso não falava sobre o assunto. Achava que ser mais discreto sobre esse aspecto não mudaria nada na minha vida. Afinal, eu não tinha problemas com a minha sexualidade: só deixava isso de fora do trabalho.

Para se ter uma ideia, o Brasil recebe o triste título de campeão mundial em homofobia no trabalho, segundo um estudo da ONG americana Out Now.

Cerca de 68% de empregados LGBTQIA+ ouviram comentários preconceituosos nas organizações – muitas vezes disfarçados de piadas (eu já ouvi muitos, inclusive). Para piorar, 33% das empresas brasileiras afirmaram que não contratariam pessoas LGBTQIA+ para posições de liderança.

Num cenário como esse, empresas que possuem a coragem de levantar a bandeira do respeito e trabalhar intencionalmente por um ambiente diverso estão transformando o mercado corporativo – e abrindo espaço para lideranças de todos os tipos.

Construindo times fortes e diversos

Um dos pilares do Nubank é construir times fortes e diversos. Estamos criando produtos para todos os brasileiros e, por isso, é essencial termos pontos de vista diferentes que sejam um reflexo da complexidade e da riqueza cultural de um país como o nosso.

Aqui dentro, cultivamos um ambiente onde as pessoas podem ser quem elas são. Inteiras. São elas que nos ajudam a transformar objetivos em realidade todos os dias – e o que elas trazem é o que importa. Por isso a comunidade LGBTQIA+ é parte essencial da equipe do Nubank.

Pode parecer bobagem, mas isso faz toda a diferença. De acordo com a pesquisa da Out Now, 75% dos LGBTQIA+ declarados acreditam que são produtivos no trabalho – enquanto esse número cai para 46% entre os que não falam sobre a questão.

Eu mesmo vivi isso na prática. Sempre me achei produtivo, mas percebi que poderia ser muito mais ao focar minha energia nos resultados que realmente importam em vez de tentar esconder quem realmente sou.

A importância da representatividade

Quando passei a ocupar o papel de líder no Nubank, percebi que outras pessoas LGBTQIA+ começaram a olhar para mim como um exemplo. Um reflexo no qual elas podiam se enxergar. 

Muitas me procuravam na própria empresa (ou pelas redes sociais) para falar que admiravam a forma como eu me posicionava, a segurança com que eu falava sobre qualquer assunto e como eu, de fato, deixava aparente que ser gay não me atrapalhava em nada – apenas acrescentava.

Segundo o estudo da Out Now, um em cada três gestores LGBTQIA+ do Brasil já não sente medo de se esconder para seus líderes e pares. É um avanço, mas ainda temos muito o que evoluir.

Precisamos de cada vez mais pessoas diversas ocupando posições de liderança nas empresas, tomando decisões, questionando o status quo e abrindo espaço para outras virem em seguida.

Em minha carreira, ficou claro como a falta de lideranças com as quais eu me identificasse fez com que eu questionasse meu papel, minhas aspirações e minhas possibilidades de crescimento.

Hoje, estou numa posição em que consigo trazer o meu olhar para as várias etapas de construção de um time, garantindo que essa diversidade exista e se faça presente em resultados.

Não existe fórmula pronta para garantir esse processo, só existe o exercício constante de ouvir, aprender, testar, ouvir de novo, reaprender e crescer com isso.

Aos poucos, estamos vivenciando mudanças significativas nas empresas, que têm valorizado cada vez mais o diferente. E, mais do que isso, respeitado as pessoas pelo o que elas verdadeiramente são.

Eu achava que falar sobre minha sexualidade no trabalho não mudaria nada na minha vida. Felizmente eu estava errado.

Espero que, daqui para frente, mais pessoas e organizações também percebam isso. No fim, todo mundo sai ganhando!

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