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O mundo pós-pandemia: 5 mudanças sociais que prometem ser duradouras

Trabalho de casa, compras online, educação à distância, desemprego… Saiba o que ainda deve fazer parte da realidade dos brasileiros mesmo depois de superarmos a Covid-19.

o mundo pós pandemia: cidade de são paulo, vista aérea. Imagem em tons de cinza e branco

Já faz quase um ano que o Brasil passou a viver a nova realidade imposta pelo Covid-19. Apesar do tempo significativo, o sentimento de incerteza sobre como será o mundo pós-pandemia (e o Brasil nesse cenário) continua.

É difícil cravar quais  comportamentos do “novo normal” continuarão – mas estudiosos e analistas vêm se debruçando sobre os dados para tentar prever quais transformações provocadas pela pandemia no Brasil podem ser duradouras. 

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, certamente não seremos mais os mesmos. “Não arrisco dizer o que é definitivo ou não, mas, sem dúvida, estamos construindo algo novo e que será muito diferente do que nos trouxe até aqui”.

Veja o que Meirelles e outros especialistas têm a dizer sobre o futuro pós-Covid. 

1. Trabalho em casa (para alguns)

Para muitos trabalhadores brasileiros, o teletrabalho, que começou como uma estratégia para evitar a contaminação pelo vírus em ambientes fechados, se transformou em uma alternativa viável também para o futuro.

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA – USP) em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA) mostra que 70% dos profissionais entrevistados gostariam de continuar trabalhando de casa, mesmo após o fim da pandemia. 

A satisfação com esse novo modelo de trabalho – novo mesmo, porque até então, apenas 8% dos profissionais entrevistados pela pesquisa trabalham remotamente – pode dar pistas de que a flexibilidade permaneça. Nesta entrevista, André Miceli (coordenador do MBA de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas) estima um crescimento de 30% de adoção do home office para o futuro.

De acordo com Renato Meirelles, do Locomotiva, o trabalho remoto colocou em xeque o aparato corporativo, mas também precisa ser observado mais de perto, pois não é uma possibilidade para todos.

“Será que precisamos de tantos escritórios, de horários rígidos, de entrar e sair na mesma hora, enfrentar congestionamentos, de viver em grandes cidades? Esses questionamentos podem suscitar transformações interessantíssimas no mercado”, defende ele. “Porém, isso vale para uma parcela dos trabalhadores: os mais privilegiados”.

Na base, diz Meirelles, o que se vê é o contrário: “Há uma precarização das condições, sem falar na massa crescente daqueles sem nenhuma ocupação. Por isso, torço por uma transformação urgente e abrangente do mercado de trabalho”.

Em resumo: sim, a pandemia mostrou que é possível flexibilizar antigos modelos de trabalho – mas é importante lembrar que apenas uma parcela pequena da população tem, hoje, o privilégio de manter a renda trabalhando de casa. 

2. Desemprego e precarização do trabalho

O Brasil tem hoje 14,1 milhões de desempregados e o ano de 2020 fechou com uma taxa de desemprego de 14,6%: a maior desde o início da série histórica do IBGE, em 2012.

Segundo um estudo da Fipe, desde 2012, está também é a primeira vez no Brasil que o número de não ocupados (pessoas em idade para trabalhar que não exercem atividade remunerada) é maior que o de ocupados.

O cenário para este ano também não é otimista. Uma reportagem da BBC mostra que a taxa de desemprego pode crescer ainda mais em 2021 com mais pessoas procurando emprego efetivamente.

Ou seja: há indícios de que o desemprego deve afligir a economia do país por algum tempo ainda.

3. Educação à distância

A educação à distância (EaD) ainda divide opiniões. Alguns especialistas defendem que o modelo atual de educação à distância pode ser problemático para os alunos, especialmente na educação básica. No entanto, o EaD virou norma durante a pandemia e modelos híbridos que misturam EaD e presencial são estudados para o futuro.

Vale notar que a educação à distância avançou muito, em particular no último ano, com o desenvolvimento e inserção de novas tecnologias em tão pouco tempo. Isso leva a pensar se o estudo regular voltará a ser 100% presencial no mundo pós-pandemia.

“A pandemia, mais do que uma força transformadora, tem funcionado como um acelerador de tendências. A alfabetização digital da população, por exemplo, foi um desses fenômenos e aconteceu a fórceps”, comenta Meirelles.

Por outro lado, ainda faltam recursos para que a  EaD seja de fato acessível à grande parte da população. 

Uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) mostra que entre os mais ricos, 96,5% das casas têm sinal de internet, enquanto entre os mais pobres 59% não conseguem navegar na rede. E o acesso à internet é apenas um dos exemplos. 

Ou seja, para que o modelo vire uma tendência, será necessário proporcionar condições equivalentes para todos os estudantes. 

4. Bancarização da sociedade

Em 2019, um em cada três brasileiros com mais de 16 anos de idade não possuía conta bancária, mesmo movimentando mais de R$800 milhões à época por meio de dinheiro vivo e/ou transacionado via amigos e familiares.

Na pandemia, contudo, houve uma aceleração no número de bancarizados. “Assistimos à ampliação das carteiras digitais e o processo de bancarização ganhou musculatura”, diz Meirelles.

O Instituto de Pesquisa Locomotiva tem estudado o assunto e calcula que, até março de 2020, havia 40 milhões de desbancarizados e sub-bancarizados no Brasil. Segundo Meirelles, no entanto, de março a novembro do ano passado, 11,8 milhões de pessoas iniciaram um relacionamento bancário.

5. Compras online em alta e novo consumidor

Se antes as compras online faziam parte de um universo restrito de pessoas no Brasil, com a pandemia, essa se tornou uma das principais formas de comprar. 

No caso das compras com o cartão Nubank, a pandemia acelerou em três anos os gastos no cartão de crédito com compras online. A expectativa era de que, em abril de 2020, esses gastos representassem cerca de 34% do total, mas eles representavam, contudo, 45% – um percentual que era esperado apenas para 2023, se não fosse pela COVID-19.

Meirelles aponta, ainda, que além de comprar mais online, o consumidor transformado pela pandemia é mais aberto à experimentação de novas marcas e valoriza, sobretudo, a qualidade e a relação custo/benefício.

“Ele conhece os seus direitos e os faz valer. Em resumo, é alguém mais exigente e desconfiado, escaldado pelas diversas crises que já enfrentou”, finaliza.

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