Com as medidas de distanciamento social adotadas para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19), 2,8 bilhões de pessoas no mundo vivem atualmente com algum tipo de restrição de circulação, segundo a agência France Presse (AFP).
Isso significa mais de um terço da população mundial migrando suas vidas para dentro de casa e usando a internet para trabalhar, assistir a filmes e séries, se encontrar com amigos e família, aprender….
A pergunta que fica é: será que a internet vai dar conta da alta demanda com tantas pessoas em casa?
Entenda, abaixo, como funciona a internet e por que não é hora de se preocupar.
O boom no consumo de internet durante o Covid-19
No dia 23 de março, a infraestrutura brasileira de internet registrou um fluxo de tráfego de 11 terabits por segundo (Tb/s), de acordo com o IX.Br (Brasil Internet Exchange, a divisão de infraestrutura do Comitê Gestor da Internet no Brasil) – um valor alto, considerando a média de 4,69 Tb/s em 2019.
Em comunicado oficial, o IX.Br afirma que esse pico acontece "num momento em que, devido à pandemia do Covid-19, mais pessoas passaram a acessar a Internet para fins como trabalho remoto, estudo a distância, além da busca por entretenimento, como streaming de vídeos e jogos".
Mas não é só por aqui que o consumo de internet aumentou. No Reino Unido, o uso de dados cresceu 30%, segundo a companhia de telecomunicações Vodafone – e deve crescer ainda mais, à medida que as restrições de circulação aumentam.
Nos Estados Unidos, o crescimento foi de aproximadamente 20%, de acordo com a empresa de internet Cloudflare. Na Itália, o aumento foi de 20 a 40% no tráfego diário, ainda segundo a Cloudflare.
Ou seja, o consumo de internet está aumentando em diversos países. Para entender se a estrutura vai aguentar, entretanto, é importante saber como funciona a internet.
Afinal, como funciona a internet?
Internet é o apelido que usamos para a rede global de computadores, que estão espalhados pelo mundo e conectados uns aos outros por cabo, fibra ou conexão sem fio (também chamada de wireless).
Basicamente, a internet funciona como uma troca de dados entre um aparelho (computador, celular, tablet) e servidores (computadores que armazenam os conteúdos disponíveis online).
Quando você entra em um site, por exemplo, um pedido de acesso é enviado aos servidores que armazenam o conteúdo daquela página – que podem estar perto de você ou até do outro lado do mundo.
Esses pedidos podem ser enviados via cabos de fibra ótica localizados no fundo do oceano ou por satélite.
Quando o servidor do site recebe o pedido, ele analisa e retorna uma resposta – que pode ser negativa (o conteúdo não está disponível, por exemplo) ou positiva.
Caso a resposta seja positiva, os servidores enviam ao aparelho um "pacote" com as informações daquela página e de como elas devem ser organizadas ao chegar no destino final.
Todo esse caminho entre enviar um pedido ao servidor e receber o conteúdo leva poucos segundos para acontecer – e constitui o famoso tráfego de dados na internet.
O caminho dos dados
É importante entender que essa comunicação não é feita em linha reta. Os dados podem tomar diversos caminhos antes de chegar ao destino final.
Pense nesse tráfego de dados como uma rodovia. Existe um caminho principal, mais curto, e outros alternativos, mais longos.
Quando está livre, o caminho principal é a melhor opção para o dado trafegar uma distância menor em menos tempo. Mas, caso ele esteja congestionado, os dados podem usar desvios para chegar ao destino final.
Quando isso acontece, a experiência de navegação acaba ficando mais lenta (afinal, os desvios são mais longos do que o caminho principal), mas garante que o tráfego de dados continue fluindo.
E como fica a internet com milhões de pessoas em casa?
Com a mudança do regime de trabalho presencial para o remoto, muitas empresas passaram a usar aplicativos de videoconferência para se comunicar. A demanda foi tão grande que uma das ferramentas viu seu valor de mercado aumentar 22% em um dia.
Além disso, mais pessoas em casa significa mais pessoas maratonando séries e filmes, consumindo vídeos, navegando em sites e redes sociais, jogando jogos virtuais….
Nos Estados Unidos, diversos serviços de streaming viram um boom no número de pessoas consumindo conteúdo neste período de distanciamento social. Um deles anunciou um aumento de 70% no consumo de filmes.
Vídeos são os tipos de arquivo que mais geram tráfego nas redes. Por isso, diversas empresas anunciaram algumas medidas para evitar o congestionamento de seus servidores.
O Facebook, por exemplo, diminuiu no mundo inteiro a qualidade dos vídeos transmitidos na rede social, no Instagram e no WhatsApp. Essa medida, segundo a companhia, reduzirá o tráfego, mas dificilmente será notada pelos usuários.
A Netflix também reduziu 25% o volume de dados ao diminuir a qualidade dos vídeos em diversos países, inclusive no Brasil. De acordo com a empresa, os usuários não devem notar a diferença.
Mesmo com medidas do tipo, o maior número de pessoas usando a internet pode congestionar as vias e causar lentidão. Um aplicativo de videochamadas, por exemplo, apresentou instabilidades recentemente pelo grande número de usuários.
A pergunta que fica é: a internet vai dar conta?
Apesar da internet brasileira ter atingido um fluxo de tráfego de 11 Tb/s em março, está tudo sob controle. Segundo o IX.Br, ainda estamos longe de atingir a capacidade máxima instalada no Brasil – da ordem de 25 Tb/s.
Para garantir a manutenção da rede, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), junto das principais empresas provedoras de internet no país, publicou um compromisso público de manter o Brasil conectado durante a pandemia do novo coronavírus.
Segundo o documento, a Anatel vai monitorar o tráfego e, em parceria com as empresas, tomar as ações necessárias para mitigar problemas que podem surgir com a alta demanda.
Ainda assim, alguns sites e aplicativos podem não estar preparados para aguentar o grande fluxo de usuários. Isso acontece porque os servidores de cada um estão configurados para receber um número específico de pedidos ao mesmo tempo.
Se tiver mais pedidos do que o site ou aplicativo suporta, ele pode sair do ar por um tempo ou ficar muito mais lento.
Por isso, caso você tenha dificuldade para acessar um conteúdo, é mais provável que o problema esteja com a plataforma do que com a internet.
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