Rotativo do cartão de crédito: saiba como evitar e o que fazer quando não dá para pagar toda a fatura

O cartão de crédito é o principal meio de endividamento dos brasileiros, que acabam caindo no rotativo – quando há o pagamento do valor mínimo da fatura. Entenda o que fazer para não se enrolar ainda mais.

Quando o orçamento aperta, falta dinheiro ou algo inesperado acontece, pagar o valor mínimo da fatura do cartão de crédito parece ser o único caminho encontrado por muitos brasileiros para segurar as pontas do orçamento.

E não importa a renda: as dívidas no cartão têm um peso maior no orçamento dos brasileiros de baixa renda, mas elas também são a principal dor de cabeça daqueles que recebem mais de 10 salários mínimos, segundo a pesquisa. 

"Alívio" pode virar um problema

Pagar o mínimo da fatura pode até parecer que alivia o orçamento em determinado mês. O problema, porém, chega depois. Ao pagar o valor mínimo da fatura, são aplicados juros no valor que você deixou de pagar, começando pelo crédito rotativo.

Abaixo, entenda melhor esse tipo de dívida e como se livrar dela assim que possível.

O que é o rotativo do cartão de crédito?

O rotativo é uma linha de crédito pré-aprovada. É uma linha de financiamento do cartão de crédito.

O limite do seu cartão já é um crédito pré-aprovado disponível para você usar sem complicações por, em média, 30 dias (um ciclo de fatura). É um empréstimo mesmo, por mais que não pareça. Se você pagar a fatura total no vencimento, certinho, não paga juros por usar esse empréstimo. Mas, se pagar apenas uma parte do valor da fatura, a partir do valor mínimo, entrará no rotativo. 

Funciona assim: sua fatura sempre apresenta o valor mínimo daquele mês. Se você pagar um valor menor que o mínimo, o saldo que ainda faltou pagar é considerado "em atraso". Na prática, sobre esse saldo serão aplicados juros e multa que serão cobrados na próxima fatura.

Caso você pague o mínimo ou qualquer valor acima dele, mas que não seja o valor total da fatura, você entra automaticamente no rotativo. É como se você contratasse um novo empréstimo. Sobre o valor que ficou faltando pagar, serão cobrados os juros do rotativo.

Por exemplo: se em janeiro você deixou de pagar R$ 1 mil da sua fatura, saiba como fica o valor total da sua fatura de fevereiro: 

  • R$ 1 mil, acrescidos de juros;
  • Mais o valor das suas compras que já viria na sua fatura de fevereiro. 

Até abril de 2017, bancos e instituições financeiras podiam oferecer crédito rotativo ilimitado aos clientes. Ou seja, você podia pagar o valor mínimo da fatura um mês após o outro. O resultado era uma bola de neve de dívidas difícil de resolver. Com isso, o país ganhava uma multidão de superendividados.

Por isso, o Banco Central mudou as regras. Desde 2017, os clientes podem usar o crédito rotativo no máximo por 30 dias. Na prática, você precisa pagar o saldo devedor (o valor que você não pagou na fatura anterior) totalmente até o vencimento da próxima fatura. 

No Nubank, é possível simular os valores do parcelamento após o fechamento e antes do vencimento da sua fatura, e escolher a parcela que cabe no seu bolso. Confira aqui todas as formas de pagar a fatura do cartão de crédito do Nu.

Como não cair no rotativo do cartão de crédito? 

Parte dessa resposta está nos motivos que levam as pessoas a entrarem no rotativo. Em um país como o Brasil, onde a taxa de desemprego, de juros e de inflação estão altas, é difícil apontar apenas um motivo. Em um mês em que o orçamento está apertado e a renda está menor, as contas básicas acabam sendo priorizadas – isso quando é possível pagá-las. 

Mas também há uma parte da população que cai no rotativo por falta de planejamento financeiro e por encarar o limite do cartão como parte da renda e não como uma linha de crédito pré-aprovada. 

Em vez de olhar para os benefícios que um cartão oferece para quem usa e paga em dia, em geral, as pessoas olham para o valor do limite, e tendem a querer aumentá-lo, mesmo sem ter renda para bancar essa conta.

Limite não é salário

Por isso, o primeiro passo para não cair no rotativo do cartão é entender que o limite desse meio de pagamento não é parte do seu salário, não é uma renda extra e nem uma reserva de emergência. Ele é apenas um meio de pagamento que facilita a sua organização financeira e te garante benefícios, se bem usado.

Quando você concentra seus gastos em um único cartão, consegue entender melhor seu custo de vida, sabe para onde está indo o seu dinheiro, enxerga em quais categorias você gasta mais ou menos e, com isso, consegue fazer ajustes quando necessário. Além disso, essa concentração te permite aproveitar melhor os benefícios do seu cartão de crédito, sejam pontos, cashback ou outros benefícios. 

Passo a passo para não cair no rotativo

Se você tem cartão de crédito, tem suas despesas básicas cobertas e percebeu que está próximo de cair no rotativo por desorganização e falta de planejamento, saiba o que fazer: 

  • Não esqueça da data de pagamento da sua fatura: coloque um alerta no calendário ou celular e, se for possível, deixe o pagamento no débito automático
  • Seu limite do cartão não é sua renda: por isso, seus gastos no cartão não devem ultrapassar o seu salário. Planejadores financeiros indicam que o valor total de crédito utilizado no mês deve ser de, no máximo, 30% da renda. Isso já inclui eventuais dívidas, como financiamento ou parcela de empréstimo.
  • O cartão de crédito não é sua reserva de emergência: se for possível, tenha uma reserva de emergência para bancar os custos de algo inesperado. Claro que, se você não puder ter acesso imediato ao dinheiro da sua reserva, o cartão de crédito pode ser usado, desde que você retire o dinheiro da reserva depois para pagar esse extra que vai vir na sua fatura. 
  • Cheque o valor total da compra e não apenas a parcela: um erro comum é olhar apenas a parcela que cabe no orçamento da próxima fatura, ao invés de olhar o valor total da compra e o peso das demais parcelas nas faturas futuras. Em um mês, você faz compras parceladas, sem olhar o valor total. No mês seguinte, você faz novamente, mas esquece que já tem parcelas a vencer de compras anteriores. De parcela em parcela, a fatura começa a somar um valor que pode ultrapassar a sua renda e as chances de você cair no rotativo aumentam.   
  • Acompanhe de perto a fatura do seu cartão: a cada compra parcelada, verifique no aplicativo do seu cartão o tamanho da sua fatura atual e também das futuras. Mesmo que essa parcela não aumente tanto o valor da sua fatura atual, ela pode ser a diferença entre você conseguir pagar ou não a próxima conta. Fique de olho nos boletos futuros para não se enrolar. 

Não consigo pagar o valor total da fatura, e agora? 

Se você já sabe que não vai conseguir bancar o valor total da sua fatura, a dica é não esperar a data de vencimento chegar e pensar em alternativas para não ter de pagar o valor mínimo de última hora.

  • Parcelamento de cartão: entrar em contato com a instituição antes da fatura fechar e negociar o parcelamento pode ajudar a conseguir uma taxa de juros mais vantajosa. Aqui, o cuidado é checar se o valor da parcela realmente cabe no seu bolso e lembrar que, se você tiver compras futuras no cartão, vão chegar duas contas na sua fatura do cartão para você pagar: o valor do parcelamento e o valor da fatura atual. Por isso, atenção aos valores. 

Por exemplo: se você fizer o parcelamento de uma fatura do mês de janeiro em quatro vezes, cada parcela entrará no valor das faturas dos meses de fevereiro, março, abril e maio. A dica é evitar usar o cartão de crédito enquanto paga esse parcelamento ou, se não for possível fazer isso, redobrar os cuidados ao usar esse meio de pagamento.

No Nubank, você pode parcelar compras específicas feitas no cartão de crédito, reduzindo o valor total da sua fatura, ganhando mais tempo para pagar suas compras. Entenda como fazer. 

O que acontece se eu não pagar a fatura do cartão de crédito? 

Se você não escolher nenhuma alternativa e deixar de pagar a sua fatura, a situação fica um pouco mais complicada. Em primeiro lugar, essa dívida continua crescendo, tornando esse débito cada vez mais difícil de ser pago. 

Além disso, o seu nome pode ficar negativado. Em outras palavras, a instituição financeira tem autorização para incluir o seu CPF na lista de inadimplentes. 

Na prática, com seu nome nessas listas, dificilmente você consegue contratar empréstimos, financiamentos ou ter algum cartão de crédito novamente. Tudo isso sem contar no impacto dessa dívida no seu score de crédito. Mesmo depois de pagar essa dívida, seu score fica prejudicado por um tempo. 

Score é um indicador do seu perfil financeiro e pode ser consultado por empresas e bancos. Ele é uma pontuação entre 0 e 1 mil que indica a probabilidade de alguém atrasar ou não o pagamento de uma conta. Essa pontuação é considerada por instituições financeiras e empresas antes de concederem crédito – seja ele através de um cartão, empréstimo ou financiamento.

Quanto mais próxima a pontuação estiver de 1 mil, melhor é o perfil financeiro da pessoa e, portanto, maiores as chances de ter um pedido de crédito aprovado. Por outro lado, quanto menor a pontuação, maiores as chances de ela atrasar uma conta – e, portanto, de ter um pedido de crédito negado.

Resumindo: o seu cartão de crédito é uma ferramenta que pode te trazer benefícios se bem usado, mas pode complicar a sua vida financeira se usá-lo sem planejamento. 

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