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BDR: entenda como funciona e como investir

Os Brazilian Depositary Receipts são uma opção para investidores brasileiros que querem investir em empresas listadas no exterior. Entenda.
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Para alguns investidores brasileiros, investir em grandes empresas listadas no exterior pode parecer um sonho distante. Mas desde o início , quando o BDR se tornou um investimento acessível para qualquer investidor – independentemente da quantidade de dinheiro aplicado –, isso pode facilmente se tornar realidade. 

Muito se fala sobre as vantagens desse tipo de aplicação e sobre a diversificação que os ativos internacionais proporcionam. Mas investir no mercado internacional também envolve burocracias e custos. 

Quer entender o que é BDR, como funciona esse tipo de investimento e como investir? Confira abaixo!

O que é BDR?

BDR é a sigla para Brazilian Depositary Receipt, um certificado de depósito emitido e negociado no Brasil que representa ações de empresas listadas em Bolsas de outros países – como na NASDAQ e a NYSE, dos Estados Unidos.

Em outras palavras, esses ativos financeiros BDRs são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na Bolsa aqui do Brasil.

Ou seja: é uma forma mais simples de brasileiros investirem em companhias negociadas em Bolsas internacionais, sem a necessidade de abrir conta em corretora estrangeira nem de enfrentar a complexidade de investimentos internacionais.

Esse ativo não é novo no mercado financeiro. Antes, ele era restrito a investidores qualificados, ou seja, que tinham mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras. Porém, novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiram que investidores do tipo pessoa física possam investir em algumas categorias dos BDRs.

Assim, os brasileiros agora têm acesso às ações das maiores empresas do mundo, como Facebook, Google, Apple e Netflix, por exemplo. Atualmente existem cerca de 600 BDRs na B3, a Bolsa de Valores brasileira, e esse número vai ser ampliado.

Mas atenção: os BDRs não são investimentos no exterior. Eles apenas acompanham a variação das empresas estrangeiras. É por isso que, ao investir em um BDR, você não vai se tornar sócio da empresa estrangeira, como acontece quando compra uma ação aqui no Brasil. Isso acontece porque os BDRs representam ações de empresas, mas não são as empresas em si.

No entanto, as ações realmente existem lá fora e precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira que atua como custodiante. Para explicar melhor, ela faz a guarda das ações. Vamos explicar mais sobre isso adiante.

Mas como funcionam os BDRs?

Em termos mais técnicos, os BDRs são títulos (também chamados de valores mobiliários) emitidos no Brasil com lastro em ativos emitidos fora do país – geralmente ações. Quem investe em BDRs, portanto, não compra ações diretamente, mas títulos que representam esses papéis.

Esses títulos são emitidos pelas chamadas instituições depositárias: instituições financeiras responsáveis por comprar as ações no exterior e garantir que os BDRs estejam, de fato, lastreados nesses títulos.

Para isso, elas devem depositar e bloquear as ações em uma instituição financeira fora do país que faz a guarda desses títulos – formalmente chamada de custodiante.

Ou seja: o papel da instituição depositária é emitir os Brazilian Depositary Receipts e garantir que não haja um descasamento entre o saldo das ações no exterior com os BDRs emitidos no Brasil.

Também é sua responsabilidade divulgar, por aqui, as informações corporativas e financeiras da empresa cujas ações estão sendo "negociadas" – na prática, usadas como lastro para os BDRs.

Quem emite o BDR?

O processo de emissão das BDRs envolve sempre duas instituições. A primeira é a Instituição Custodiante. Ela fica lá no país de origem da ação, por exemplo os Estados Unidos, e a sua função é comprar as ações na Bolsa desse país para que elas sirvam de garantia dos BDRs aqui no Brasil. 

A outra parte desse processo é a Instituição Depositária, ou seja, a companhia emissora. Essa fica aqui no Brasil. Ela é a responsável por fazer a emissão e o cancelamento desses investimentos junto à B3.

Quais são os tipos de BDR disponíveis?

Existem dois tipos de BDRs: os não patrocinados e os patrocinados. Essa classificação varia de acordo com a forma como esses títulos são trazidos para serem negociados no Brasil.

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BRDs Não Patrocinados Nível I

Os BDRs Não Patrocinados Nível I (BDR NP) são chamados assim porque a emissão dos títulos acontece sem a participação direta da empresa emissora das ações – a própria instituição depositária é a responsável pelo lançamento dos certificados. A maioria dos BDRs disponíveis hoje na B3 são Não Patrocinados.

Neste caso, a instituição depositária também é responsável por divulgar no Brasil as informações corporativas e financeiras da empresa emissora das ações. Afinal, é a instituição depositária que tem interesse em oferecer essas ações no país. Por isso, ela vai lá fora, abre uma conta em uma instituição custodiante para comprar as ações e oferece aqui no mercado brasileiro em forma de BDR.

Na bolsa, o código de negociação dos BRDs NP termina sempre com 34 ou 35. São quatro letras maiúsculas que representam o nome da empresa mais um desses números no final. 

Lembrando que essas ações ficam depositadas e bloqueadas na instituição custodiante e servem de garantia pros BDRs.

BRDs Patrocinados (Níveis I, II e III)

Já os BDRs Patrocinados recebem esse nome porque a empresa emissora das ações no exterior participa diretamente do lançamento dos títulos, contratando uma instituição depositária no Brasil para emitir os BDRs.

Isso acontece quando a empresa tem interesse em participar do mercado brasileiro e estar disponível aos investidores do país. Assim, essa empresa estrangeira deve contratar no Brasil uma instituição depositária que ficará responsável por emitir e negociar os BDRs. Assim sendo, as instituições depositárias podem emitir ou cancelar os BDRs Patrocinados conforme a demanda dos investidores locais.

Os BDRs Patrocinados são subdivididos em três níveis: I, II e III. Essa repartição acontece de acordo com o tipo de distribuição permitido para cada um. Outro motivo é o volume de informações que devem ser oferecidas aos investidores sobre as empresas emissoras.

Nível I

Os BDRs Patrocinados Nível I não exigem registro da empresa emissora das ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disso, só podem ser negociados em mercados de balcão não organizado ou em outros segmentos da bolsa criados especificamente para isso.

Caso esses títulos sejam distribuídos em oferta pública, é obrigatório que seja por "esforços restritos": no máximo 50 investidores podem comprar os papéis.

Outra característica importante dos BDRs Patrocinados Nível I é que a instituição depositária precisa replicar, no Brasil, todas as informações que a empresa emissora das ações for obrigada a divulgar em seu país de origem – mas as demonstrações financeiras não precisam ser convertidas para reais nem seguir as regras contábeis brasileiras.

Nível II e III

Os BDRs Patrocinados Nível II e III tem características parecidas:

  • A empresa emissora das ações no exterior precisa ter registro na CVM;
  • Os títulos podem ser negociados no pregão da bolsa ou em balcão organizado;
  • As empresas emissoras são obrigadas a seguir as mesmas regras de transparência e governança que as empresas brasileiras registradas na CVM como "Categoria A" – da qual fazem parte as empresas mais conhecidas, por exemplo.

A grande diferença entre os dois níveis é que os BDRs Patrocinados Nível II só podem ser distribuídos por oferta pública com esforços restritos. Os de Nível III, por outro lado, podem participar de oferta pública ampla.

Código de negociação dos BDRs Patrocinados

Os BDRs Patrocinados são identificados pelos seguintes códigos de negociação:

  • Nível I: YY (4 letras maiúsculas que representam a empresa + YY no final)
  • Nível II: 32 (4 letras maiúsculas que representam a empresa + 32 no final)
  • Nível III: 33 (4 letras maiúsculas que representam a empresa + 33 no final)

 BDRs de ETFs

Além das ações, a chegada dos BDRs abre a possibilidade de investir em ETFs. Essa é a sigla para Exchange Traded Fund. Em outras palavras, eles são fundos que acompanham índices de bolsas, como o norte-americano S&P 500. Esse índice reúne as 500 ações mais negociadas nas Bolsas de Nova York, bem como a de Nasdaq.

Com os BDRs, será possível acessar os ETFs negociados nas bolsas de outros países. Nesse caso, os BDRs serão como um espelho do desempenho dos ETFs que eles representam. Da mesma forma, os BDRs também podem ser lastreados em títulos de dívida negociados lá fora.

Como investir em BDR: vantagens e desvantagens 

De acordo com a B3, algumas vantagens de investir em BDR são:

  • Acesso mais fácil aos títulos de empresas listadas no exterior sem ter de pagar os custos relacionados a investimentos internacionais;
  • Possibilidade de investir em títulos listados no exterior, mas com operações realizadas no Brasil e liquidação feita em reais;
  • Novas opções de investimentos para diversificar a carteira.

Por outro lado, os BDRs são um tipo de investimento de renda variável e, por isso, apresentam maior risco ao investidor. É necessário estar preparado para lidar com essa volatilidade.  Portanto, eles também podem sofrer alterações de preços em função de várias condições do mercado. E ainda existe a variação cambial. 

Isso quer dizer que, se o preço do dólar cair e o real aumentar, o rendimento do BDR também cairá junto ao dólar. Mas se o dólar aumentar e o real cair, a rentabilidade do seu investimento sobe.

Imagem mostra fundo de desenho roxo com uma mão segurando uma moeda brasileira.

Outro ponto importante é que esse tipo de investimento exige um bom conhecimento sobre a empresa – tanto para investir quanto para saber a hora de vender –, mas muitos materiais oficiais podem estar no inglês. Vale ter isso em mente antes de investir. 

Por isso, na hora de escolher um BDR vale as mesmas regras das ações. Faça uma análise das empresas, verifique o histórico dessas companhias, a liquidez, os custos das operações. Existe um índice de BDR Não Patrocinado, chamado BDR X, que ajuda o investidor a acompanhar o desempenho médio destes ativos na Bolsa.

Liquidez no mercado de BDR

A liquidez dos BDRs é menor hoje em dia. Mas com a liberação desses ativos para o público em geral, o mercado deve se ajustar. Além disso, todos os BDRs contam com Formadores de Mercado. Eles são instituições financeiras cadastradas na B3 que mantêm as ofertas de compra e venda de forma regular durante as negociações.

Como é a tributação dos BDRs? E os custos?

A tributação dos BDRs pelo Imposto de Renda é de 15% sobre o ganho nas negociações – e a cobrança se aplica mesmo em transações menores de R$ 20 mil. Em caso de Day Trade, a tributação é de 20% para os ganhos em suas operações.

Caso exista a distribuição de proventos entre os acionistas, o valor será repassado ao investidor brasileiro de acordo com as regras de tributação do país de origem da empresa.

Quanto aos custos dessa operação, o investidor poderá arcar com a taxa de corretagem – que varia de acordo com a corretora –, a taxa de custódia e os emolumentos devidos à B3. 

Isso vai variar muito, mas os preços começam em cerca de R$ 50. Recentemente, a B3 anunciou que reduziu a quantidade mínima dos lotes padrões que o investidor poderá comprar em BDRs e ETFs (fundos de índices) de renda variável. A mudança ocorreu em 28 de setembro de 2020.

Com isso, a quantidade mínima negociada de BDRs Não Patrocinados Nível I, ETFs de renda variável e as Opções sobre ETFs de renda variável passarão de 10 para 1 unidade. Além disso, os BDRs Patrocinados Nível II ou III passarão de 100 unidades para 1 unidade.

O diretor de Relacionamentos com Clientes da B3, Felipe Paiva, afirmou que essa mudança já era uma demanda do mercado financeiro. Ele também disse que reduzir o lote “cria melhores condições de acesso aos investidores pessoas físicas a ações internacionais e, consequentemente, dos investidores institucionais”.

Como investir em BDRs?

Se você quer investir em BDRs, é necessário ter conta em uma corretora de investimentos que fará a intermediação com a B3. Além disso, é importante estudar bem os BDRs disponíveis e entender qual faz mais sentido para sua carteira de investimentos.

BDR paga dividendos?

Os BDRs são um espelho das ações lá de fora. Por isso, caso os ativos correspondentes paguem dividendos, o investidor aqui no Brasil também receberá esse rendimento, já convertido para o real. Depois que o dinheiro é pago aos investidores no exterior, a instituição depositária tem um prazo para efetuar o crédito em conta para o investidor de BDR no Brasil. Esse prazo pode chegar a até 5 dias corridos. 

A instituição depositária recebe um percentual dos dividendos distribuídos. Recentemente a CVM reduziu essa taxa de 4% para 3% sobre o valor líquido. Além disso, o recebimento de dividendos é tributado de acordo com a tabela progressiva do Imposto de Renda (0% até 27,5%), sendo o investidor o responsável pelo recolhimento até o último dia útil do mês subsequente através do Carnê Leão.

Investir em BDR vale a pena?

A princípio, o BDR é uma forma de você diversificar os seus investimentos aplicando no mercado internacional, só que de um jeito bem mais simples. Esses ativos permitem que o investidor tenha acesso a ações de setores que eventualmente não têm representantes brasileiros listados na B3.

Outra vantagem é a redução da burocracia. Quando você abre conta em uma corretora estrangeira, muitas vezes é preciso lidar com as dificuldades no envio de dinheiro para fora, que também implica em variações de câmbio,  bem como os riscos de um mercado pouco conhecido.

Além disso, não vai precisar ler vários documentos em outro idioma. Todas as operações de BDRs são realizadas aqui no Brasil e em reais. Isso também vai deixar a operação mais barata. Você não vai precisar pagar os custos do câmbio, ou seja, o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) e, por exemplo, tarifas que são cobradas na conversão da moeda, e que costumam ser mais altas para pequenos valores.

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