Conheça Adriana Barborsa, a terceira convidada do Chamaê

Saiba mais sobre a fundadora do maior evento de cultura afro da América Latina, eleita em 2017 como uma das pessoas mais influentes do mundo.

Nas favelas brasileiras, 76% dos moradores sonha em empreender: é o que mostram dados do Data Favela, em pesquisa feita em parceria com o Instituto Locomotiva. Por outro lado, ao pensar nas figuras empreendedoras brasileiras mais conhecidas e admiradas, que são inspiração para quem sonha em abrir um negócio, poucas delas são negras. Adriana Barbosa é uma das exceções e que luta todos os dias para mudar esse cenário potencializando outros negócios.

Uma das maiores referências em empreendedorismo no Brasil, Adriana é fundadora do maior evento de cultura afro da América Latina, a Feira Preta, da PretaHub, do Afrolab e da Casa Pretahub. Em 2020, foi eleita uma das Mulheres Mais Poderosas do Brasil pela revista Forbes; antes disso, em 2017, entrou para a lista MIPAD das pessoas negras mais influentes em cultura e mídia do mundo

Conheça, a seguir, os passos que a empreendedora percorreu até se tornar a inspiração de tantas pessoas.

Se preferir, dê o play no episódio completo logo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=nE52no19UMI

Da infância ao empreendedorismo

A jornada de Adriana foi longa. Nascida 1978 em um lar humilde, e criada apenas pelas gerações de mulheres que vieram antes dela, Adriana aprendeu cedo o que costuma chamar de "sevirologia": empreender com o que for necessário para sobreviver. 

Apesar da origem pobre, sua família era uma das únicas famílias negras do bairro Saúde em São Paulo, uma região de classe média. O imóvel foi comprado pela sua avó com a ajuda dos patrões da casa onde ela trabalhou como doméstica por 70 anos.

Sua história profissional começou como comunicadora. Adriana trabalhou em rádios conhecidas da capital paulista, como Gazeta, Jovem Pan e Trama,. O processo de entender-se como uma mulher negra, no início dos anos 2000, a levou a começar a frequentar festas black para aprender mais sobre sua cultura.

E foi nessas festas que ela percebeu um problema: "A música era preta, as pessoas que trabalhavam eram pretas, tudo era preto, mas o dinheiro não. Não passava na nossa mão", diz.

https://youtu.be/l_sxmaspZNk

Isso foi a faísca que fez com que a chama para potencializar as pessoas negras surgisse dentro dela. Em 2002, nasceu a Feira Preta. 

Uma feira, muitos sonhos

A Feira Preta é um evento de promoção do empreendedorismo negro. A primeira edição, realizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo, foi gratuita e teve só um patrocínio. O evento reuniu 40 expositores e mais de 5 mil pessoas com divulgação só por panfletos e boca a boca.

De lá para cá, o evento foi crescendo em tamanho e importância. Até 2020, a Feira Preta recebeu mais de 200 mil participantes, mais de 1700 expositores e R$ 6 milhões circulados entre empreendedores negros. O evento aumentou em duração, expandiu para outras cidades e cresceu em número de participantes subiu para dezenas de milhares. 

Mas nem tudo foram flores. Adriana já faliu e se reergueu mais de uma vez por acreditar no propósito do que fazia. "A gente não é super heroína. Só começou a virar quando falei que fracassei pras pessoas", conta quando ilustra uma história de falência.

A Feira Preta foi só o primeiro negócio e dela surgiu uma rede de outros empreendimentos criados por Adriana. Conheça alguns deles:

2016: Afrolab 

O Afrolab é uma metodologia com foco no autoconhecimento, aprendizagem e gestão, aplicada em formato imersivo à empreendedores negros, indígenas e LGBTQIA+. Basicamente, o Afrolab potencializa a criação e produção de empreendedores por meio da troca e aprendizagem, dando continuidade a ação realizada na Feira Preta.

2019: PretaHub 

A PretaHub é um hub de criatividade, inventividade e tendências pretas que aborda a relação entre cultura, economia e empreendedorismo negro.

O hub oferece capacitação técnica e criativa, incuba negócios negros do Brasil e trabalha em prol da criação de um ecossistema empreendedor mais justo em oportunidades e resultados financeiros. 

2020: Casa Pretahub

A Casa Pretahub é um espaço de economia colaborativa com cunho econômico e cultural, de difusão e preservação artística da cultura negra. 

O espaço tem diversas áreas, como um estúdio de gastronomia, auditório, coworking, estúdio de fotografia, estúdio de som e espaço para abrigar empreendedores que não tenham espaço físico para fazer exposições, bazar, desfiles e lançamento de coleções. 

Hoje, a Casa Pretahub tem espaços nas cidades de São Paulo e Cachoeira, na Bahia.

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